Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Bernanke ainda deixa opções sobre estímulo em aberto

Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, o banco central americano, ressaltou que o cronograma da instituição para desativar gradualmente seu programa de compra de US$ 85 bilhões mensais em títulos de dívida não segue um "curso estabelecido" e pode ser adiado se a economia enfraquecer.

Bernanke iniciou ontem dois dias de depoimentos ao Congresso dos Estados Unidos sobre a economia e a política monetária observando que os riscos para o crescimento, a inflação e os mercados financeiros podem alterar o plano do Fed de começar a reduzir o programa de compra de títulos, conhecido como afrouxamento quantitativo, no fim do ano e encerrá-lo em meados de 2014.
"Precisamos de uma política monetária maleável no futuro previsível", disse ele mais de uma vez durante o depoimento perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, possivelmente sua última aparição diante do Congresso como líder do Fed. Seu mandato termina em janeiro. "Como nossas compras de ativos dependem da evolução da economia e das finanças, elas não estão, de modo algum, numa rota pré-definida."

Os mercados acionários nos EUA e na Europa tiveram altas modestas com as palavras tranquilizadoras de Bernanke. Os títulos de dez anos do Tesouro americano subiram de preço, derrubando seus juros para menos de 2,5% pela primeira vez desde o início do mês. (Os juros caem quando os preços dos títulos sobem e vice-versa.)

As autoridades do Fed ficaram abaladas, quatro semanas atrás, pela forte reação do mercado ao cronograma provisório do banco para encerrar gradualmente o programa de compra de títulos. As ações inicialmente caíram, embora tenham se recuperado, e as taxas de juros dispararam. Desde então, os dirigentes do Fed vêm tentando acalmar os investidores quanto às perspectivas do programa, destinado a baixar os juros de longo prazo e elevar os preços das ações, imóveis e outros ativos como forma de estimular a economia.
Bernanke disse que é cedo para dizer se os recentes aumentos nas taxas de juros têm prejudicado a recuperação do mercado imobiliário, mas deixou claro que o Fed não tem intenção de deixar este setor desaquecer.

"O importante é que o setor de imóveis continue a crescer" para poder gerar mais empregos na construção e áreas afins, disse Bernanke.

Embora tentasse dar uma visão equilibrada das ameaças ao cenário econômico projetado pelo Fed, Bernanke pareceu enfatizar que as dificuldades da economia e a inflação baixa poderiam fazer a política de afrouxamento monetário continuar por mais tempo do que o Fed indicou no mês passado.

Os riscos para a economia diminuíram desde o final do ano passado, mas a política fiscal do governo americano pode restringir o crescimento nos próximos trimestres mais do que as autoridades do Fed estão prevendo, disse Bernanke. Ele também alertou que os iminentes debates parlamentares sobre questões orçamentárias, incluindo a necessidade de que o Congresso aumente o limite de endividamento do governo nos próximos meses, também podem prejudicar a recuperação.

Bernanke também falou sobre a inflação, que tem estado abaixo da meta do Fed de 2% ao ano. "A inflação baixa reflete, em parte, alguns fatores que provavelmente serão transitórios", disse ele, e as expectativas para a inflação a longo prazo são, "de modo geral, estáveis". Mas os dirigentes do Fed estão "certamente conscientes de que uma inflação muito baixa apresenta riscos para o desempenho econômico — por exemplo, elevando o custo real do investimento de capital — e aumenta o risco de uma deflação", disse Bernanke, prometendo ficar atento ao comportamento dos preços.

O Fed "vai agir conforme o necessário" para garantir que a inflação, agora em cerca de 1%, segundo a medida preferida do Fed, volte à sua meta de 2%, disse Bernanke.

No seu depoimento de ontem, Bernanke deu ao Fed uma ampla latitude para a decisão de prosseguir com o programa, dizendo que "o ritmo atual das compras pode ser mantido por mais tempo" se as perspectivas para o emprego, a inflação e as condições financeiras ficarem menos favoráveis.

Na verdade, se necessário, o Fed "estaria preparado para empregar todas suas ferramentas, inclusive um aumento no ritmo de compras por algum tempo, para promover um retorno ao nível máximo de emprego num contexto de estabilidade de preços".

O presidente do Fed também deixou espaço ao banco central para alterar seus planos de elevar os juros de curto prazo. O Fed já declarou que, mesmo depois que encerrar o programa de compra de títulos, destinado a manter baixas as taxas de longo prazo, pretende manter os juros de curto prazo próximos a zero durante um bom tempo.

Mas Bernanke levantou dúvidas sobre a utilidade da taxa de desemprego como indicador da saúde do mercado de trabalho. Devido a essas dúvidas, o limite de 6,5% de desemprego pode não ser um bom indicador do que o Fed vai realmente fazer, disse ele. Em algumas circunstâncias, disse ele, os juros podem permanecer baixos mesmo que o desemprego caia substancialmente.

A pouca confiança do Fed na taxa de desemprego vem da natureza peculiar dessa medida, que pode cair por motivos diferentes. Ela pode cair se as empresas contratarem mais — sinal de uma economia mais forte, como o Fed deseja. Mas também pode cair se as pessoas abandonarem o mercado de trabalho, sinal de uma economia mais fraca, o que o Fed não quer. Bernanke enfatizou o papel importante dessa distinção no raciocínio do BC.

Fonte: The Wall Street Journal

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