Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

China tropeça na meta de ser grande exportadora de carros

A ambição da China de exportar carros chineses para o mundo todo se deparou com um obstáculo, com as vendas caindo por dois meses consecutivos.

O país exportou 84.400 carros no mês passado, cerca de 20% menos que no mesmo período do ano passado, segundo informou ontem um grupo do setor automobilístico. Isso se segue a uma queda de 16% em maio — o primeiro declínio anualizado em cinco anos.
As exportações ainda modestas para mercados como Iraque, Vietnã e Turquia estão em declínio, já que o crescimento econômico global continua lento e vários países que as montadoras chinesas tinhas escolhido para se expandir enfrentam dificuldades econômicas e políticas.

A queda das exportações em junho foi divulgada no mesmo dia em que estatísticas mostraram um aumento de 11% no total de veículos vendidos no mercado interno chinês ano passado, indicando que as vendas domésticas continuam sólidas, apesar de desaceleração do crescimento econômico do país. A China é o maior mercado mundial de automóveis em vendas.

Dados da Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis, uma entidade semi-oficial, mostraram que as montadoras chinesas captaram 38% das vendas de veículos de passageiros do país em junho, ante 47% no fim do ano passado. Os números indicam que as marcas estrangeiras continuam a dominar o mercado, indicando problemas para as marcas chinesas, diante de um mercado inundado de fábricas de automóveis.

Scott Laprise, analista do setor automobilístico na agência de classificação do setor CLSA, diz que algumas montadoras chinesas tinham se voltado para a exportação, porque tinham dificuldade de vender em casa. O país tem cerca de 140 montadoras chinesas. "Esta abordagem não é sustentável", disse ele. "Essas montadoras provavelmente vão fracassar, o que pode provocar o início de uma crise" para os carros chineses, diz Laprise.
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O total de vendas na China alcançou 1,75 milhão de veículos em junho, enquanto as vendas de veículos de passageiros subiram 9,3%, para 1,4 milhão de unidades. Nos primeiros seis meses do ano, as vendas de veículos cresceram 12%, para 10,78 milhões, e as de carros de passageiros subiram 14%, para 8,67 milhões, informou a CAAM.

A queda nas exportações de automóveis ocorre num momento em que o total das exportações chinesas em junho caiu 3,1% ante o mesmo mês de 2012, segundo dados da Administração Geral das Alfândegas do país, divulgados ontem. O declínio se compara com um aumento de 1% em maio.

Analistas atribuíram a queda nas exportações de automóveis chineses a um enfraquecimento na demanda nos mercados emergentes, protestos violentos na Turquia e no Brasil, e a valorização da moeda chinesa, o yuan.

A CAAM informou que países como o Iraque, Venezuela, Irã, Vietnã e Turquia tiveram as maiores quedas na importação de carros chineses.

Os destinos de exportação dos carros chineses estão muito concentrados na América do Sul, Oriente Médio e Rússia. "A volatilidade em um só mercado-alvo pode facilmente prejudicar o desempenho total no exterior", diz Yale Zhang, analista da empresa de consultoria automotiva Automotive Foresight, em Xangai.

A grande exportadora de automóveis chineses Geely Automobile Holdings Ltd. GELYY -4.68% informou na segunda-feira que vendeu 9.337 veículos para os mercados internacionais, em junho, uma queda de 11% em relação a um ano antes. Um porta-voz da Geely citou como causas os protestos no Brasil, a valorização do yuan e uma recuperação mais fraca que o esperado nas economias emergentes.

Dong Yang, vice-presidente executivo e secretário geral da CAAM, concordou que a depreciação do iene afetou as exportações dos automóveis chineses, mas não tinha dados exatos. Os veículos chineses exportados competem com carros japoneses de segunda mão em alguns mercados, como na África.

Durante os primeiros seis meses deste ano, as exportações chinesas de automóveis caíram 0,6% em relação ao ano anterior, para 486.800 veículos. No ano passado, as vendas de carros chineses nos mercados internacionais cresceram cerca de 30%.

"Para as montadoras chinesas, a época em que podiam aumentar as exportações em 50% ou até mais chegou ao fim. A situação está mais difícil", disse Yang.

No Brasil, o governo aumentou em 30 pontos percentuais o imposto sobre os carros importados no final de 2011, e desde então vem endurecendo as normas para as montadoras que desejam qualificar-se como produtoras nacionais, obrigando-as a gastar mais em pesquisa e desenvolvimento local.

Outro obstáculo para as montadoras chinesas é local. Há a expectativa de que outros governos provinciais se unam a Xangai, Pequim e Guangzhou em obrigar certos veículos a fazer rodízio e deixar de circular para aliviar o congestionamento do país e melhorar a qualidade do ar.

Fonte: The Wall Street Journal

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