O resultado do PIB americano no segundo trimestre e a revisão dos dados econômicos dos EUA desde 1929 mostraram uma economia com crescimento mais forte que o esperado, mas ainda insuficiente e com um enorme desafio para o governo de Barack Obama: acelerar o ritmo quando for extinta pelo Fed (banco central americano) a "era do dinheiro barato".
O resultado divulgado nesta quarta (31) mostrou que a maior economia mundial cresceu 1,7% de abril a junho em relação aos três meses anteriores na taxa anualizada. O resultado foi maior que o esperado por analistas (estimavam algo em torno de 1%), mas é preciso levar em conta que o avanço dos primeiros três meses deste ano foi menor do que apontavam os cálculos anteriores do governo: de 1,8% ficou em 1,1%.
Ou seja, na média do semestre ficou tudo na mesma.
Mesmo considerando que o crescimento de 2012 foi revisado para cima (de 2,2% para 2,8%), a média do avanço dos últimos quatro trimestres é modesta: 1,4%.
A expectativa de analistas é que o segundo semestre seja mais positivo, já que alguns setores da economia, como o imobiliário, vêm demonstrando melhoras significativas.
A grande questão é se a economia vai realmente acelerar seu ritmo de maneira mais consistente quando o Fed retirar seus estímulos.
TÍTULOS
O BC americano já sinalizou que vai começar a desmontar o programa de compra mensal de US$ 85 bilhões de títulos do Tesouro quando a economia crescer de modo mais forte. Esse programa visa reduzir os juros da economia e estimular os gastos dos consumidores e o investimento.
Nas vezes anteriores em que o Fed acabou com um programa de estímulo (a atual é a terceira rodada desde 2008), teve de voltar atrás porque a economia logo retornou para um ritmo morno.
Neste momento, a economia mostra os melhores sinais desde o fim da crise, em 2009, o que aumenta as chances de o programa começar a ser desmontado ainda neste ano.
EXPORTAÇÕES
Porém, o cenário externo está muito mais nebuloso, o que vai dificultar a vida do setor exportador americano (além da valorização do dólar, que está em pleno curto e tira a competitividade no cenário externo).
A economia chinesa (segundo maior destino das exportações americanas e principal fornecedor de produtos baratos) vem perdendo fôlego, assim como grande parte dos emergentes, o Brasil inclusive, e tudo indica que a era de crescimento acima de 10% chegou ao fim --o número agora parece mais perto de 7%.
A Europa mostra sinais apenas tímidos de recuperação, e o Japão tenta voltar a ser um competidor no mercado externo, com a desvalorização da moeda local, o iene.
Resta saber se o consumo interno americano vai ser suficiente para compensar a perda no front externo e se esse é o modelo ideal de crescimento, já que Obama prometeu mais de uma vez que iria reduzir a dependência que o PIB americano tem do gastos dos seus consumidores (algo em torno de dois terços da economia).
Fonte: Folha de S. Paulo
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