PEQUIM, 15 Jul (Reuters) - O crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) da China desacelerou para 7,5 por cento entre abril e junho --o nono trimestre dos últimos 10 em que a expansão enfraqueceu--, colocando pressão sobre Pequim para acelerar as reformas.
Os dados mostraram que a segunda maior economia do mundo desacelerou em linha com a previsão em pesquisa da Reuters após crescimento de 7,7 por cento entre janeiro e março. As ações asiáticas subiram em meio ao alívio de que o crescimento não ficou ainda menor após uma queda inesperada nas exportações em junho.
Um porta-voz da Agência Nacional de Estatísticas afirmou que a economia ainda pode atingir a meta de crescimento no ano de 7,5 por cento, enquanto o presidente do banco central disse que o governo vai aumentar os incentivos para sustentar pequenas empresas buscando estabilizar o crescimento.
Mas analistas afirmaram que a desaceleração vai encorajar o governo a avançar com mais força nas reformas. A alternativa --injetar mais dinheiro na economia através de afrouxamento monetário-- levanta o risco de exacerbar os já aquecidos mercados imobiliário e de crédito.
"A desaceceleração forçará o governo a avançar com reformas para ajudar a acionar novos motores de crescimento", disse Xiang Songzuo, economista-chefe do Agricultural Bank of China.
O crescimento anual foi o segundo mais baixo desde a crise financeiro global, após taxa de 7,4 por cento no terceiro trimestre do ano passado.
O porta-voz da agência de estatísticas, Sheng Laiyun, afirmou que a desaceleração deve-se em parte ao resultado dos esforços de Pequim de reformar a economia, um programa cujo objetivo é reduzir sua dependência de exportações e investimentos para encorajar mais consumo doméstico.
O investimento foi o maior motor do crescimento no primeiro semestre, contribuindo com 4,1 pontos percentuais para a taxa de 7,6 por cento dos seis primeiros meses do ano, enquanto o consumo contribuiu com 3,4 pontos percentuais e as exportações chegaram a 0,1 ponto percentual, disse a agência.
Outros dados divulgados junto com os do PIB mostraram que a produção industrial cresceu 8,9 por cento em junho sobre o ano anterior, ante expectativa de 9,1 por cento em pesquisa da Reuters. As vendas no varejo em junho avançaram 13,3 por cento ante o ano anterior, contra expectativa de 12,9 por cento.
Os investimentos em ativo fixo subiram 20,1 por cento no primeiro semestre na comparação com o mesmo período do ano anterior, contra projeção de 20,2 por cento.
As ações asiáticas subiram por alívio de que os dados do PIB não foram piores após uma queda inesperada nas exportações de junho na semana passada, o que sugeriu que a economia pode enfrentar obstáculos maiores do que se imaginava.
"Não haverá grande mudança na política geral, embora o governo também vá tentar estabilizar o crescimento no curto prazo em seus esforços para reestruturar a economia", disse Haibin Zhu, economista-chefe do JPMorgan Chase.
META AINDA É POSSÍVEL?
Analistas vêm reduzindo suas estimativas para o crescimento da China neste ano à medida que os dados vêm sendo consistentemente mais fracos do que o esperado e o governo comenta sobre desaceleração do crescimento. Antes dos dados desta segunda-feira, eles projetavam em geral crescimento entre 7 e 7,5 por cento em 2013.
Após os dados, entretanto, o JP Morgam reduziu sua projeção para 7,4 por cento, ante 7,6 por cento, uma previsão que sugere que o governo não vai cumprir sua meta pela primeira vez desde 1999, quando a economia também passava por uma reforma.
Mas Sheng, da agência de estatísticas, disse que a meta ainda é possível e que as reformas vão beneficiar a economia no longo prazo.
"Algumas medidas, incluindo a campanha intensificada de aperto imobiliário, novas regras para controlar o mau uso dos fundos públicos e término das políticas de estímulo anteriores, terão inevitavelmente algum impacto sobre o crescimento no curto prazo, mas elas irão beneficiar nossa economia no longo prazo", disse ele em entrevista à imprensa.
Um aperto de crédito interbancário em junho destacou a relutância do banco central em injetar mais dinheiro na economia. Os bancos foram instruídos a usarem melhor o crédito existente através de inovações financeiras como securitização de ativos.
Analistas acreditam que Pequim irá intervir apenas se o crescimento ficar abaixo de 7 por cento em qualquer trimestre na comparação com o ano anterior. Se necessário, Pequim tem amplo espaço para expandir os gastos fiscais, acessando cerca de 3 trilhões de iuanes (488 bilhões de dólares) em economias, ou expandir seu déficit fiscal, disse Ting Lu, economista do Bank of American/Merrill Lynch, antes dos dados do PIB.
Fonte: Reuters Brasil
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