Os Estados Unidos vão nesta semana iniciar amplas negociações comerciais com a Europa e preparar a próxima etapa das conversas com os países da Parceria Transpacífica, parte das tentativas do governo de Barack Obama de encontrar novos motores para o crescimento econômico.
Especialistas em comércio e líderes empresariais dos EUA dizem esperar que os acordos também coloquem pressão sobre a única grande economia ausente nas negociações: a China.
"A China tem que decidir se segue as normas do comércio internacional ou continua de fora", disse Michael Wessel, membro da Comissão de Revisão de Segurança e Economia para a China, agência americana que monitora as relações comerciais e econômicas entre China e EUA. "Isso pressiona [os chineses] a fazerem acordos bilaterais que possam dar a eles acesso a mercados importantes."
Representantes da União Europeia viajaram a Washington para começar hoje negociações que visam a eliminar as tarifas remanescentes de importação e exportação, reconhecer os padrões industriais um do outro e facilitar o acesso de empresas aos mercados. Os EUA e a Europa são os principais parceiros comercias um do outro, tendo realizado um intercâmbio de mercadorias de cerca de US$ 650 bilhões no ano passado.
Os dois lados estão procurando fechar acordos que abririam contratos governamentais a firmas estrangeiras e permitiriam um comércio mais livre de bens e serviços. O fim desse tipo de barreira comercial costuma não ser bem-aceito por países emergentes como a China.
"A Europa e os EUA não vão ficar esperando pela China; eles vão seguir em frente", diz Myron Brilliant, vice-presidente para assuntos internacionais da Câmara de Comércio dos EUA.
Os proponentes de um tratado comercial entre EUA e UE admitem, entretanto, que as negociações podem durar anos e que tais acordos geralmente levam anos para serem implementados, indicando que qualquer impacto direto sobre a China poderia também estar longe.
"Será uma negociação difícil", diz Mickey Kantor, ex-representante comercial dos EUA que conduziu as negociações para formar a Organização Mundial do Comércio. "Pode levar mais tempo do que o esperado."
E a China poderia se beneficiar de um acordo comercial que aumentasse o crescimento — e provavelmente as importações — dos seus maiores mercados. Os EUA e a UE importaram bens no valor de US$ 808 bilhões da China em 2012.
Mas assistir aos EUA e a Europa forjarem um acordo também poderia fazer a China se esforçar mais nas suas negociações de acordos bilaterais e investimentos com os EUA, esperam as autoridades americanas.
O governo americano também se prepara nesta semana para a próxima rodada de negociações da Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês), que inclui o Japão e outros países da Ásia e da América Latina, mas não a China.
Um tratado de livre comércio entre esses países poderia ter um efeito mais direto sobre a China que o pacto entre os EUA e a UE. Yukon Huang, ex-diretor do Banco Mundial para a China e um associado da Fundação Carnegie para a Paz Internacional, disse que "é bem provável que a TPP vá na verdade desencorajar ou dificultar o intercâmbio de peças entre mercados da Ásia que estejam fora do grupo, prejudicando o papel da China como ponto final de montagem de telefones e aparelhos cujas peças vêm de outros países.
Outro ponto sensível para a China é que as negociações da TPP buscam limitar a ação de empresas estatais.
Ainda assim, dependendo de como as regras da TPP sejam estruturadas, os países no grupo podem acabar elevando o comércio de produtos parcialmente produzidos na China, diz Wessel.
Os líderes ocidentais dizem que a meta das duas rodadas de negociações não é isolar ou "conter" a China. "Nossos esforços nessas negociações não são direcionados a nenhum país, mas ao desenvolvimento de padrões elevados e novas disciplinas que fortaleçam o sistema de comércio internacional e criem um campo nivelado no qual nossos trabalhadores e empresas possam competir", diz o representante americano do comércio, Michael Froman.
Fonte: The Wall Street Journal
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