Egito tenta consolidar sua democracia, enquanto persistem as ameaças de guerra entre Israel e Irã. Na Síria, a queda de Assad é iminente, avalia especialista.
Após um ano marcado por uma onda de violência no Oriente Médio e com a volta do Egito ao centro das atenções na região, 2013 não deve ser um ano muito diferente.
Nos últimos dias de 2012, Mohamed Mursi, presidente do Egito, conseguiu com que a nova Constituição fosse aprovada em referendo popular.
De acordo com Guilherme Casarões, professor de relações internacionais das Faculdades Rio Branco, em termos de liderança, há uma maior estabilidade no país. "Esta nova Constituição é a primeira grande mudança desde a queda de Hosni Mubarak. A administração deve seguir na mesma direção".
Distante dos conflitos tempestivos por muito tempo, a Primavera Árabe fez com o país mudasse seu papel no panorama internacional.
"O comando de Mursi indica que o país terá uma postura cada vez mais ativa e que será protagonista na região", avalia Casarões, que acredita que o país pode ser fundamental para que as negociações entre Israel e Palestina tenham um desfecho mais pacífico.
Apagado durante muito tempo, o Egito voltou a centralidade com o ativismo de Mursi, que buscou aumentar seu poder. Por outro lado, o líder realizou um referendo para a aprovação da nova Constituição, que foi marcado por denúncias de fraude e baixa participação popular.
Assim, o especialista considera que a democracia no país ainda está na sua infância.
"O referendo revela um aspecto democrático pouco visto no Egito durante a gestão de Mubarak. Porém, será difícil conciliar duas demandas: manter o vinculo com a religião e considerar a democracia. Sou bastante cético em relação à pacificação, as circunstâncias políticas envolvem outros países", acredita Casarões, que enfatiza a postura controversa do novo líder egípcio.
O especialista aponta que o líder de Israel, Benjamin Netanyahu, também desempenhará papel relevante em 2013. A reeleição do presidente israelense é praticamente certa. "Há dois grandes problemas em sua gestão. A relação com a Palestina vai de mal a pior, tendo novamente conflitos bélicos com o território vizinho.
Além disso, Israel nutre problemas com o Irã, fazendo com que muitos rumores surgissem em 2012 sobre uma possível guerra", explica Casarões.
Netanyahu está no epicentro dos conflitos, pertencendo a um partido político de direita, hostil em relação aos vizinhos muçulmanos. O discurso beligerante do presidente pode colocar a estabilidade da região em risco.
"Questões entre Palestina e Israel avançam e retrocedem constantemente, mas no caso do Irã, a problemática tem mais singularidade. O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad é bastante enfático com a imposição dos preceitos islâmicos. Além disso, simboliza a tentativa permanente de desenvolver os projetos nucleares no país."
Com isso, a relação entre Irã e Israel segue conturbada, e a eclosão de uma guerra entre israelenses e iranianos é uma possibilidade.
Na Síria, os conflitos caminham para um desfecho. Em franco declínio, o presidente Bashar al-Asad poderá abandonar a liderança do país em breve, deixando um saldo de mais de 40 mil mortos.
"Quando ele sair, a primavera árabe será concluída. Asad já está numa situação complicadíssima. O que acontece na Síria lembra muito o que aconteceu na Líbia, em função da insatisfação popular com atitudes extremistas do ditador. Porém, a pouca ação dos atores internacionais faz com que o país ficasse travado", alerta Casarões.
Fonte: Brasil Econômico
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