Medidas anunciadas nesta terça-feira (22/1) pela autoridade monetária do Japão para estimular economia do país foram avaliadas como insuficientes pelo mercado.
"A decisão do Banco do Japão (BoJ) pode parecer impressionante, mas é bastante decepcionante", diz a equipe do Lloyds Bank, em relatório.
O Danske Bank, em linhas similares, entende que as medidas vieram "abaixo das expectativas".
A nova meta de inflação, que foi de 1% para 2%, gerou desconfiança, principalmente pelo fato de a própria autoridade japonesa ter indicado que a inflação ainda deverá estar em 0,9% daqui dois anos.
No entanto, caso a meta inflacionária fosse mais agressiva, os riscos de o efeito ser o contrário do desejado não seriam desprezíveis.
"A expectativa de que os preços vão subir estimula o consumo, já que se o produto vai estar mais caro amanhã, o consumidor vai comprar hoje. Mas se você cria a expectativa de que os preços vão subir muito, a insegurança da população gera uma retração do consumo", afirma Alexandre Ratsuo Uehara, diretor acadêmico das Faculdades Rio Branco, especialista em países asiáticos.
Além disso, a replicação de medidas similares de outros bancos centrais ao redor do globo no arquipélago não necessariamente terá os mesmos efeitos positivos.
Durante a crise de 2008, recorda Uehara, o governo japonês decidiu devolver parte dos impostos pagos pela população, para que essa estimulasse o consumo, mas não contava com o fato de o capital liberado ir parar nas cadernetas de poupança.
Com o déficit público beirando os 250% do Produto Interno Bruto (PIB), o debate agora é pela elevação dos impostos de valor agregado, incidentes nas mercadorias vendidas no comércio japonês, que subiria de 3% para 5%.
"Isso acabaria inibindo o consumo novamente", pondera o diretor da Rio Branco.
Uma medida impopular como aumento de impostos tende a ser postergada, dada a proximidade das eleições que ocorrerão na Câmara Alta (correspondente ao Senado brasileiro) em julho próximo.
Como o Partido Liberal Democrático (PLD), do primeiro-ministro Shinzo Abe, conseguiu a maioria na Câmara Baixa (Câmara dos Deputados) neste início de ano, é importante que eles renovem a maioria nas duas casas para tocarem suas políticas com mais rapidez e agilidade.
"Outro problema da economia japonesa é a política parlamentarista. Se não vem resultado rápido, tem o voto de desconfiança, e tem de trocar o governo", nota Uehara. "Até que as medidas tenham algum resultado, o primeiro-ministro já caiu".
Caso os componentes da Câmara Baixa entendam que as políticas do primeiro-ministro são insuficientes, eles propõe o voto de desconfiança, que leva a formação de um novo governo.
"O Abe venceu as eleições de forma arrasadora, mas o nível de prestígio do governo junto aos eleitores está baixo. Isso significa basicamente que não votaram a favor dele, mas contra o governo anterior", ressalta Paulo Yokota, economista e ex-diretor do Banco Central (BC).
"Essas medidas são uma tentativa de publicidade", emenda.
Fonte: Brasil Econômico
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