Na avaliação da companhia, o problema de excesso de oferta por conta das novas fábricas de celulose afetarão o mercado negativamente apenas a partir de 2014.
A perspectiva para as empresas brasileiras que atuam no mercado de celulose parece ser bastante positiva para o ano de 2013.
Ao menos essa é a impressão passada pelos executivos da Fibria, durante a teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre e do ano de 2012 realizada nesta quinta-feira (31/1).
"Estamos preparando a empresa para crescer com disciplina. A intenção é diminuir ainda mais a alavancagem", afirmou Marcelo Castelli, presidente da Fibria.
O nível de endividamento da companhia, medido pela relação dívida/ebitda, passou para 3,4 vezes em dezembro passado, contra 4,5 vezes em setembro, e 4,8 vezes no mesmo mês de 2011.
"Começamos a falar em oportunidades de crescimento, sejam elas em celulose, ou desenvolvendo novos negócios ao longo da cadeia", pontuou o executivo.
Entre as ramificações, Castelli lembrou da questão florestal, onde a Fibria pode explorar o mercado de biocombustíveis, que "não demanda muito caixa complementar".
Em outubro do ano passado a Fibria adquiriu 6% de participação na americana Ensyn Corporation, que atua nesse nicho.
De acordo com o presidente da Fibria, o cenário para 2013 é visto como positivo, até melhor do que as expectativas iniciais.
Já em 2014, o executivo admite risco de excesso na oferta, em função da entrada em operação da fábrica da Suzano, no Maranhão, e da parceria Arauco-Stora Enso, no Uruguai, que terá efeitos adversos para as empresas do setor.
"Não quer dizer necessariamente que o impacto será tão terrível como o mercado espera", pontuou Henri Philippe Van Keer, diretor comercial da Fibria.
Para 2013, Keer disse que o mercado espera pelos reflexos da entrada em operação da fábrica de celulose da Eldorado Brasil, que tem capacidade de 1,5 milhão de toneladas anuais.
Segundo o diretor comercial da Fibria, esse impacto da celulose da Eldorado deve começar a ser sentido pelos agentes de mercado no segundo trimestre de 2013.
"Mas isso dentro de um contexto bastante positivo. Não podemos esquecer que Jari saiu do mercado, o que a gente sente claramente hoje em dia", disse Keer, que destacou também a crescente demanda vinda da China.
A Jari Celulose, Papel e Embalagens, que ficava entre o Amapá e o Pará, anunciou o fim de suas atividades em novembro do ano passado. A fábrica da empresa tinha capacidade para processar 410 mil toneladas de celulose por ano.
O presidente da Fibria falou que espera obter crescimento orgânico, mas que o foco principal será em fusões e aquisições. "Essa é a nossa preferência, e a recomendação do Conselho."
Uma atuação mais agressiva no plano de expansão da companhia, no entanto, tende a ganhar força quando a relação dívida/ebitda estiver em níveis mais brandos, ao redor de 2,5 vezes.
"Pretendemos continuar desalavancando a companhia, principalmente com fonte própria de geração de caixa", disse Guilherme Cavalcanti, diretor de finanças e de relações com investidores da Fibria.
Cavalcanti explicou que cerca de 80% do ebitda da Fibria está atrelado às variações do câmbio e do preço da celulose, o que dificulta previsões sobre o desempenho futuro do indicador dívida/ebitda.
"Tendo um ano favorável, podemos chegar ao final do ano com a relação dívida/ebitda abaixo de três vezes", afirmou o diretor.
"É um cenário possível, mas vai depender dessas variáveis. Obviamente vai depender também se conseguiremos fazer alguma monetização de ativos para acelerar isso", emendou o executivo.
Câmbio travado
Para se proteger de variações bruscas na cotação do dólar, a Fibria opta por uma estratégia de hedge chamada "zero cost collar", que busca minimizar os impactos negativos no caixa caso ocorra uma elevada depreciação do real.
Os ativos da companhia que estão sob essa proteção cambial somam cerca de US$ 410 milhões.
Com tal instrumento financeiro, a Fibria tem garantido como piso para o real o patamar de R$ 1,97. "Ou seja, se o real se valorizar abaixo de R$ 1,97, estou protegido", explica o diretor financeiro.
Na outra ponta do negócio, a empresa deixa de expandir seus lucros com o câmbio quando a cotação do dólar ultrapassar a marca dos R$ 2,61.
Cavalcanti explicou que um intervalo espaçoso como esse só foi possível porque a volatilidade na taxa da moeda americana ficou engessada por vários meses do ano passado no mercado brasileiro, o que barateou o preço do seguro.
Normalmente as operações desse tipo feitas pela Fibria variavam entre um piso de R$ 2,00 e um teto de R$ 2,30.
Fonte: Brasil Econômico
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