Colegiado sinalizou que não há espaço para reduções adicionais na taxa básica de juros (Selic).
O recado dado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) no comunicado divulgado junto à decisão de manter a taxa básica de juros (Selic) em 7,25%, no qual externou sua preocupação com as pressões inflacionárias, gera um movimento de abertura na curva de juros futuros da BM&FBovespa nesta quinta-feira (17/1).
Mais negociado, com giro de R$ 11,364 bilhões, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2015 subia de 7,76% para 7,78%, enquanto o para janeiro de 2016 avançava de 8,24% para 8,27%, com volume de R$ 1,080 bilhão.
"O statement veio como um recado para as outras instituições do governo, de que o BC não pode fazer mais nada para ajudar no crescimento", diz Paulo Nepomuceno, estrategista de renda fixa da Coinvalores.
A aposta por reduções adicionais na taxa Selic nos próximos doze meses, que ainda era defendida por uma ala do mercado antes do primeiro encontro do colegiado em 2013, deve ser enterrada a partir de agora, na avaliação do especialista.
"O mercado não imaginava que iam introduzir essa preocupação com a inflação corrente de curto prazo", afirma Nepomuceno.
"Considerando o balanço de riscos para a inflação, que apresentou piora no curto prazo, a recuperação da atividade doméstica, menos intensa do que o esperado, e a complexidade que ainda envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta", diz o comunicado da autoridade divulgado na noite desta quarta-feira.
Uma preocupação que começa a aparecer no mercado, fala Nepomuceno, gira em torno do rendimento da poupança, que deve ficar abaixo da inflação acumulada em 12 meses neste ano.
"Imagina que alguns investidores saquem o dinheiro para dar um destino diferente. Se for para o consumo, é uma paulada na inflação", pondera o especialista.
Como contraponto a tudo isso teremos a redução na tarifa de energia elétrica. No entanto, ainda não é possível saber qual será o real impacto da medida no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
"Vai ser desinflacionário o impacto, mas não dá para afirmar qual vai ser a magnitude", fala o estrategista. "Precisa ver se o consumidor vai economizar. Se baixar a conta em 20%, será que não vai aumentar o consumo?".
A significativa desaceleração do Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) para 0,42% em janeiro, após a alta de 0,63% em dezembro, e a estimativa do mercado por uma taxa de 0,58%, não foi suficiente para contrabalançar a força de abertura da curva.
Fonte: Brasil Econômico
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