Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Mercado imobiliário melhora e ajuda empresas nos EUA


O início da recuperação do setor imobiliário dos Estados Unidos está começando a aparecer nos resultados das empresas.

Uma acentuada queda nos preços de imóveis residenciais no país a partir de 2007 deflagrou uma crise financeira mundial e levou os EUA a uma desaceleração econômica da qual o país ainda não se recuperou. Por isso, qualquer sinal de vida no mercado imobiliário desperta otimismo de retomada do crescimento americano.

Alguns desses sinais já parecem surgir nos negócios de empresas ligadas direta ou indiretamente ao setor.

Companhias que vendem ferramentas elétricas, ar-condicionado, carpete, móveis e betoneiras estão apresentando fortes vendas para o quarto trimestre, fornecendo evidências adicionais de que a virada no mercado imobiliário está ocorrendo.


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Os resultados, somados aos dados referentes à construção de casas e aos preços, indicam que o o longo declínio do setor pode ter chegado ao fim. Embora as informações continuem a variar, evidências de que os americanos estão gastando mais em construção e reforma de casas estão elevando a confiança dos executivos de que o setor imobiliário continuará a melhorar e ajudará a alimentar a economia em geral.
A Honeywell International Inc., que tem cerca de 10% de sua receita vinda do segmento de construção residencial, afirmou que as vendas de sistemas de aquecimento e de refrigeração subiram 6% no quarto trimestre em comparação ao mesmo período do ano anterior.

"Este é o primeiro sinal de vida que tivemos nos últimos tempos e isso é um bom sinal", disse o diretor-financeiro Dave Anderson.

A United Technologies Corp., que fabrica equipamentos de ar-condicionado e de refrigeração da marca Carrier, disse que encomendas de ar-condicionado e de aquecedores residenciais subiram 20% no quarto trimestre em comparação com um ano antes, o quarto trimestre seguido de alta.

"O setor imobiliário é o que vemos que está tirando a economia da estagnação", disse Greg Hayes, diretor-financeiro do conglomerado industrial.

Já a Oshkosh Corp. disse que as encomendas para suas betoneiras McNeilus e suas empilhadeiras JLG, ambas usadas no setor de construções residenciais, cresceram nos últimos três meses de 2012. A DuPont Co. afirmou que a demanda para a sua fibra de carpete Sorona foi mais forte durante o trimestre em parte devido à recuperação do setor imobiliário. E a Stanley Black & Decker Inc. informou que as vendas de ferramentas elétricas cresceram 5% no ano passado, um sinal de que os americanos estão investindo em reformas residenciais.

Os resultados seguem uma série de dados encorajadores sobre o mercado imobiliário no ano passado. As vendas de casas usadas nos EUA atingiram no ano passado o ponto mais alto dos últimos cinco anos e registraram o seu maior aumento anual desde 2004, de acordo com a Associação Nacional de Corretores de Imóveis. A construção de casas, enquanto isso, subiu 12% em dezembro. Para todo o ano de 2012, 780.000 novas casas começaram a ser construídas, um aumento de 28% em relação ao ano anterior. A atividade de reforma também tem mostrado melhora, de acordo com Centro Conjunto de Estudos de Habitação da Universidade Harvard.


Dito isso, o setor não chega a estar fora de perigo. O mercado ainda não digeriu o excesso de oferta de imóveis e os padrões conservadores de financiamento bancário implicam que nem sempre há financiamento disponível para os candidatos a compradores. Também é difícil dizer como o setor irá reagir quando o Federal Reserve, o banco central americano, acabar suspendendo seus agressivos esforços para manter baixas as taxas de juros para o setor imobiliário.

Novas informações divulgadas pelo Departamento de Comércio decepcionaram os mercados na sexta-feira ao mostrar queda de 7,3% nas vendas de novas casas em dezembro. Embora as vendas de novas casas acabadas tenham terminado o ano com alta de 20%, 2012 foi o terceiro pior ano para as vendas de casas novas desde 1963.

Ainda assim, é crescente o otimismo de executivos de companhias expostas ao setor. A melhora no segmento pode ajudar amplas áreas da economia com a criação de empregos, aumentando a confiança do consumidor e impulsionando a arrecadação de impostos prediais dos municípios. O setor de construção costuma ser um grande criador de empregos durante fases de crescimento, apesar de a indústria não vir contratando muito durante a recuperação atual.

"A recuperação do setor imobiliário irá ajudar a levantar empresas que por longo tempo têm estado adormecidas", disse Mark Vitner, economista sênior da Wells Fargo . "As pessoas vão arrumar as casas para colocá-las à venda — comprando novos aparelhos de ar-condicionado, pintando, consertando telhados. Conforme o novo mercado crescer, isso realmente alimenta" o produto interno bruto.

Daniel Oppenheim, analista do Credit Suisse AG em Nova York, prevê que os gastos com reformas vão crescer 7% este ano e 8% em 2014. Ele também espera que a construção de novas casas crescerá.

"À medida que os consumidores se sentem mais confiantes no valor de suas casas, eles tendem a fazer melhorias e comprar novos móveis", disse Farooq Kathwari, presidente da fabricante de móveis Ethan Allen Interiors Inc. Mas ele advertiu que a recuperação da economia ainda é "frágil", o que provavelmente vai impedir alguns consumidores de gastar demais. A Ethan Allen divulgou na semana passada que seu lucro no trimestre encerrado em 31 de dezembro subiu 22% em relação a um ano antes e atingiu US$ 9,8 milhões.

Os operadores de transporte de carga ferroviária estão se beneficiando do aumento no movimento de móveis e mercadorias. A Union Pacific Corp., que divulgou um crescimento de 7% no lucro trimestral, informou que os carregamentos de madeira cresceram 17% conforme o setor imobiliário começou a mostrar sólido crescimento na comparação ano a ano.

Mas executivos também alertam que o amplo cenário econômico continua frágil.

"Só porque as notícias parecem um pouco melhores nas últimas semanas, não achamos que seja um bom momento para declarar vitória na economia", disse o presidente da Honeywell, David Cote.

Fonte: The Wall Street Journal


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