Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Alta de combustível elevará o frete rodoviário em 2,5%


Na avaliação de especialistas, aumento de 5% no preço do diesel, se confirmado, será 100% repassado.

Transporte coletivo, logística, enfim, toda a atividade econômica tende a sofrer impactos inflacionários com a alta no preço dos combustíveis - estimada em 7% para gasolina e 5% para o diesel.

Na avaliação feita por João Chierighini, gerente de logística da Bioagência, o impacto maior deve ser sentido no setor de logística, já que o escoamento de produção se dá em grande parte pelas rodovias.

"O valor do frete pode subir cerca de 2,5%, já que o diesel é responsável cerca de 35% a 40% de composição do preço (cobrado pelo setor). Seu efeito é amplo, se estendendo a todas as atividades de bens e serviços, mas é difícil calcular ao certo", diz.

Diante de um cenário de alta demanda por combustíveis, Chierighini acredita que as empresas repassarão 100% do reajuste aos produtos.

Já Rafael Costa Lima, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), apesar de acreditar também neste cenário, observa que o repasse aos produtos deve acontecer ao longo do ano e sem muito efeito para o consumidor. Segundo ele, a inflação será mais sentida no segmento de transporte de passageiros e nas tarifas de táxi.

"As negociações em torno da definição dos valores das passagens de ônibus, tanto para transporte coletivo quanto rodoviário, devem ser bem pressionadas pelos agentes do setor", afirma, lembrando que o consumidor com até 10 salários mínimos destina cerca de 3,1% de seu orçamento para custear transporte público; 0,41% transporte rodoviário e 0,13% com uso de táxi.

O fato de o governo ter mostrado durante o ano de 2012 preocupação com o fraco desempenho da economia sem dar muita vazão à inflação faz com que esteja agora em uma sinuca de bico, segundo o coordenador. "Ele (governo) não sabe como combater a inflação sem desestimular o crescimento", diz.

Para o segundo semestre, visando um impacto menor no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), Lima argumenta que há a expectativa de que a pressão de preços sobre os alimentos caia, sendo essa uma fórmula encontrada para compensar o aumento dos outros itens.

Lima lembra ainda que o Brasil vive neste momento uma fase muito parecida com o início do ano de 2011, em que a inflação bateu o teto de 6,5%.

"O diferencial daquele ano com este é que lá a economia estava acelerada, o que significava pressão sobre a inflação. Agora, só corremos este risco se o país sofrer com o choque das commodities", explica.

O professor de finanças do Ibmec, Gilberto Braga, destaca que a inflação tem um efeito cascata em vários setores da economia a partir do momento em que os novos preços entram em ação.

Mas para que esse impacto seja suavizado, Braga aposta em novas medidas do governo, como a redução da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que foi zerada em junho de 2012.

Para Adriano Pires, presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), essa problemática acontece pela falta de políticas públicas claras voltadas para o setor de combustíveis.

"O governo precisa fazer políticas nesse sentido ao invés de ficar pedindo favor para os municípios", disse ao lembrar da ação tomada esta semana pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele pediu às prefeituras de São Paulo e Rio que adiassem o reajuste das passagens de ônibus do transporte coletivo.

Fonte: Brasil Econômico

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