Latente preocupação da autoridade monetária com a pressão inflacionária motiva forte abertura da curva de juros futuros da BM&F Bovespa nesta sessão.
Em uma operação que pegou a maior parte dos investidores de surpresa, o Banco Central (BC) optou por fazer a rolagem dos 37 mil contratos de swap cambial tradicional (equivalente a uma venda de divisas no mercado futuro) com vencimento em fevereiro, e com isso sinaliza um novo patamar para o dólar nas próximas semanas.
Ao bater na máxima de R$ 2,035 nesta segunda-feira (28/1), em linha com o movimento que prevalece no exterior, a autoridade anunciou a intervenção, que teve efeito imediato - instantes atrás, a moeda americana recuava 0,73%, e era negociada a R$ 2,013 para venda, na mínima do dia até o momento.
"O mercado acreditava que o BC poderia usar o dólar para segurar as expectativas inflacionárias", diz Alfredo Barbutti, economista-chefe da BGC Liquidez. "O que ele fez hoje foi ratificar isso".
Um dólar mais valorizado, mais próximo do teto de R$ 2,10, traz impacto aos importadores, que, por sua vez, repassam o encarecimento de suas mercadorias ao consumidor final.
Ou seja, se o dólar estiver mais depreciado, melhor para a ingrata batalha na qual o BC se encontra de enfrentamento da inflação.
"Agora o mercado se sente mais a vontade para apostar na queda do dólar. Em tese, a atitude reforça a posição vendida dos investidores", fala Barbutti.
No boletim Focus desta semana, os economistas consultados pela autoridade monetária reduziram sua projeção para a taxa de câmbio no final deste ano, de R$ 2,08 para R$ 2,07 - estava em R$ 2,09 um mês atrás.
Juros
A forte abertura da curva de juros futuros da BM&FBovespa nesta segunda não teve um claro motivador encontrado pelos analistas que pudesse ser seguramente apontado como razão para o movimento.
Uma hipótese que começa a aparecer no mercado é que a atuação da autoridade no câmbio evidencia uma forte preocupação com a persistente alta dos preços - e quanto mais incertezas no cenário, mais prêmio na curva.
Mais negociado, com giro de R$ 27,589 bilhões, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2015 subia de 7,96% para 8,01%, enquanto o para janeiro de 2017 avançava de 8,76% para 8,85%, com volume de R$ 7,931 bilhões.
O DI para janeiro de 2014, no entanto, segue próximo da estabilidade ao passar de 7,25% para 7,26% (R$ 9,575 bilhões), e indica a resistência que ainda domina os operadores em apostar em um aperto monetário nos próximos 12 meses.
"Os números de inflação estão piorando sistematicamente há sete meses. Não dá para falar que é passageiro", comenta o economista da BGC.
Os economistas ouvidos para o Focus elevaram, pela quarta semana seguida, sua estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2013, de 5,65% para 5,67% (contra 5,47% há um mês).
Para o crescimento da economia brasileira, a projeção dos especialistas caiu, também pela quarta vez consecutiva, de 3,19% para 3,10% - estava em 3,30% quatro semanas atrás.
A falta de confiança do mercado em uma retomada minimamente razoável no nível da atividade doméstica é o que dificulta a aposta pela alta da Selic em 2013.
Fonte: Brasil Econômico
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