Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Europeus vêm à cúpula na AL de olho em oportunidades econômicas


BRUXELAS/SANTIAGO, 25 Jan (Reuters) - Líderes da União Europeia trazem no fim de semana à América Latina sua busca por novas oportunidades de crescimento econômico, após três anos de crise no bloco europeu, mas a perspectiva de um acordo de livre comércio com o Mercosul continua distante.

Brasil, Argentina e Venezuela, países com governos esquerdistas que dominam o Mercosul, são mais relutantes em derrubar barreiras comerciais. Tanto o Brasil quanto a Argentina vêm adotando medidas - vistas por críticos como protecionistas - a fim de auxiliar suas indústrias.

Já os líderes europeus sabem que precisam da América Latina num momento em que as economias da Espanha e da Itália estão em recessão, e em que a zona do euro, com 17 nações, apenas começa a dar sinais de estar se recuperando de uma crise da dívida que quase levou ao fim da união monetária. Mesmo o crescimento da Alemanha, país mais rico do bloco, deve ser de apenas 1 por cento neste ano.

"Há uma crescente tendência em partes do Mercosul de adotar medidas protecionistas, o que pode lançar certas dúvidas sobre a probabilidade de que seja possível reunir suficiente vontade política para abrir mercados", admitiu o comissário (ministro) europeu de Comércio, Karel de Gucht, em discurso na semana passada ao Parlamento Europeu.

Apesar dessas dúvidas, e da persistente polêmica em torno dos subsídios agrícolas europeus, o Brasil proporá na cúpula que as negociações comerciais abertas há 18 anos sejam retomadas, disse uma fonte governamental na quinta-feira.

O México há vários anos já selou um acordo comercial com a UE. Em dezembro parlamentares europeus aprovaram acordos semelhantes com a Colômbia, o Peru e seis países centro-americanos, em mais um capítulo no embate das forças pró e contra o livre-comércio.

O comércio entre a UE e a AL mais do que duplicou na última década, chegando no ano passado a cerca de 280 bilhões de dólares. A Europa é também a principal origem de investimentos externos na América Latina e Caribe.

Mas também há enormes disparidades econômicas entre as duas regiões. Embora ambas tenham população em torno de 500 milhões de pessoas, o PIB total da UE chega a 17,6 trilhões de dólares, o triplo da soma dos PIBs latino-americanos.

"RESERVATÓRIO DE PROBLEMAS"

Negociadores da UE e do Mercosul há anos tentam selar um acordo de livre-comércio que abranja 750 milhões de pessoas e um comércio anual de 130 bilhões de dólares.

Um acordo com o Mercosul ajudaria os exportadores europeus, especialmente de carros, máquinas e bens de luxo. Defensores dizem que ele geraria crescimento econômico também na América do Sul, onde são produzidos muitos componentes e insumos para a Europa.

Mas as relações da Europa com a Argentina, terceira maior economia da região, se deterioraram ao longo do último ano, complicando as perspectivas.

Em 2012, a presidente Cristina Kirchner assumiu o controle da empresa petrolífera YPF, originalmente argentina, mas que estava havia anos sob poder da espanhola Repsol.

As tensões foram exacerbadas também por causa de disputas acerca de restrições argentinas às importações, que foram parar na Organização Mundial do Comércio (OMC). Buenos Aires, por sua vez, queixou-se na OMC contra restrições da UE ao biodiesel argentino.

"Isso é só o começo", disse o analista de comércio Fredrik Erixon, do Centro Europeu de Economia Política Internacional, em Bruxelas. "Há todo um reservatório de problemas, indo dos alimentos aos investimentos."

Uma declaração final da cúpula deve fazer referência à necessidade de proteger os investimentos externos e o livre-comércio, mas sem abordar questões bilaterais.

Fonte: Reuters Brasil

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