Estudo da Austing Rating mostra que moeda brasileira liderou ranking dentre as que mais desvalorizaram frente dólar.
A preocupação do Banco Central em atuar no câmbio e alterar regras para tentar atrair capital para o país para tentar fazer com que o real não caia tão fortemente não é à toa. A moeda brasileira foi a que mais se desvalorizou no mundo desde que o presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, aventou a possibilidade de reduzir os estímulos monetários americanos e por consequência o fim do dólar fácil no mundo, ainda no dia 22 de maio, em audiência no Congresso dos Estados Unidos.
Estudo realizado pela Austin Rating, a pedido do Brasil Econômico, comparou o comportamento de 146 moedas desde a primeira fala de Bernanke e, entre todas, o real liderou o ranking com uma queda de 9,8% frente ao dólar, enquanto o peso do Uruguai caiu 8,9%, a rúpia da Turquia 5,1%. As moedas de parceiros do Brasil nos Brics também caíram menos: a rúpia da Índia 7,7%, o rublo da Rússia 5,8% e o rande da África do Sul 4,8%. Neste grupo, o renmimbi/iuan, da China, foi o único a se valorizar ante o dólar, com leve alta de 0,1%.
Estudo anterior da Austin Rating,mostrava que o real havia desvalorizado 6,7% no período de 1º de maio a 14 de junho, ficando em 10º lugar no ranking, atrás de desvalorizações do rande sul-africano (11,1%), do dólar australiano (7,6%) e da rúpia indiana (6,9%). No novo estudo, o Brasil passou a liderar as desvalorizações, com 8,1 pontos percentuais acima da mediana de 1,7% das 77 moedas desvalorizadas entre as 146 levantadas.
Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o dólar está se valorizando sobre as moedas de todos os países emergentes por questões globais de realocação de capitais, mas também por fatores internos dos países.Na sua opinião, a alta do dólar está refletindo cada vez mais o fator risco/retorno de investimentos estrangeiros.
"A desvalorização das moedas é um fenômeno global mas a liderança do Brasil neste ranking está mostrando que o país está pagando um preço por não ter tomado medidas preventivas nos anos em que os investimentos estrangeiros estavam fartos. O modelo econômico foi de estímulo ao consumo e não focou os investimentos, agora a conta chegou com ágio", disse Agostini.
Segundo o professor de economia do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Juan Jensen, a desvalorização crescente do real também é agravada pela conjuntura desfavorável dos países exportadores de commodities, que estão sendo impactados pela retração da economia da China. "Por isso entre as maiores desvalorizações estão países como Brasil, Austrália, África do Sul e Nova Zelândia", diz ele.
De um mês para cá, o BC brasileiro tomou várias providências para segurar o câmbio desde a redução de IOF até atuações no mercado, com venda de swaps cambiais, para segurar a oscilação diária da moeda.
O cenário previsto pelo estrategista-chefe do banco WestLB, Luciano Rostagno, é de que o dólar se acomode na faixa de R$ 2,30, e a crescente desvalorização do real evidencia que os fatores domésticos estão influenciando. Já a projeção do Itaú Unibanco, assinado pelo economista-chefe da instituição, o ex-diretor do Banco Central, Ilan Goldfajn, é de que fique em R$ 2,18.
Fonte: Brasil Econômico
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