Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Mercado de dívida dos emergentes está sob pressão

Os títulos de dívida dos mercados emergentes sofreram sua maior queda em quase cinco anos.

Alguns investidores disseram que a venda generalizada pode não ter terminado. E quando a poeira baixar, os gerentes dos fundos de investimento terão que ser mais cuidadosos ao discernir que países oferecem as melhores perspectivas.
Os preços dos títulos de dívida nas economias emergentes perderam 9,5% do seu valor de face depois de terem atingido um pico recorde em maio, segundo o índice de mercados emergentes do banco J .P. Morgan. No seu ponto mais baixo, na semana passada, eles caíram 12% abaixo daquele pico. O ritmo das vendas faz lembrar o fim de 2008, durante a crise financeira, quando os títulos dos mercados emergentes despencaram quase 30% em menos de dois meses. O preço se move na direção oposta aos juros dos títulos, ou seja, quando o preço cai, os juros sobem e vice-versa.

Esse declínio mais recente foi deflagrado pelas expectativas de que o Federal Reserve (o banco central americano) está se preparando para reverter suas compras de títulos de dívida, uma medida de estímulo que vem injetando US$ 85 bilhões por mês no sistema financeiro dos Estados Unidos e empurrando para baixo os juros de títulos de todos os tipos. Em meados de junho, o presidente do Fed, Ben Bernanke, esboçou um cronograma preliminar para o Fed encerrar seu programa de compra de títulos.

A mensagem do Fed chega num momento em que as economias dos mercados emergentes dão sinais de desaceleração. Nos últimos anos, juros baixos e políticas de afrouxamento monetário no mundo desenvolvido e crescimento rápido nos mercados emergentes fizeram investidores procurarem ativos mais rentáveis nesses mercados. Agora, a combinação de menos estímulo do Fed e crescimento menor nos mercados emergentes está revertendo a avalanche de dinheiro que fluiu para os investimentos em renda fixa desses países.

"Não estamos caminhando ainda para uma crise de crédito nos mercados emergentes, mas a maré está se movendo devagar, mas com certeza na direção contrária", disse Sergio Trigo Paz, diretor de renda fixa de mercados emergentes do Portfolio Management Group, da BlackRock Inc. BLK +0.74%

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Essa visão tem origem nos dados recentes. Na semana encerrada em 26 de junho, US$ 5,57 bilhões deixaram os fundos de títulos de dívida dos mercados emergentes, o maior êxodo semanal já registrado e a quinta semana consecutiva de saída líquida de capital, depois de quase um ano contínuo de entradas, segundo a EPFR Global, que acompanha esses fundos.

Muitos investidores dizem que, mesmo depois que a debandada diminuir, é improvável que haja um retorno em massa no mesmo ritmo para economias em desenvolvimento.

"No começo deste ano, os mercados estavam se movendo em conjunto, disse Trigo Paz, que ajuda a administrar uma carteira de US$ 4 bilhões em títulos de mercados emergentes. "Agora, eles estão competindo pelo fluxo dos portfólios."

Colm McDonagh, diretor de renda fixa de mercados emergentes na Insight Investment, que gerencia US$ 755 milhões de dívida desses mercados, disse que os investidores estão se tornando mais exigentes sobre em que mercados emergentes apostar.

"Quando os mercados atraem novos atores e parte desse dinheiro é empregada de forma bastante indiscriminada, as distinções qualitativas podem perder a nitidez", disse McDonagh. Mas quando os mercados se estabilizarem, alguns vão começar a se destacar mais do que outros, acrescentou.

McDonagh disse que a emissão de dívida por países com fortes políticas fiscais, como México e Filipinas, que não foram poupados da debandada, está começando a se tornar atraente. Os juros dos títulos de dívida emitidos por outros países, como a África do Sul, podem continuar a subir, disse ele, porque os governos fizeram pouco progresso em diminuir o déficit fiscal.

Trigo Paz, por sua vez, está se voltando para o Brasil, que vem tentando atrair investidores ao remover alguns impostos sobre transações financeiras. A dívida do Brasil parece atraente comparada com títulos da Índia com juros semelhantes, dados os fundamentos econômicos mais fortes e a maior liquidez dos mercados brasileiros, disse ele.

Alguns otimistas em relação aos mercados emergentes argumentam que as vendas dos títulos já foram muito longe. Os operadores estão exageradamente pessimistas sobre a rapidez com que o Fed vai reverter seu programa de estímulo, disse Tim Dingemans, gerente de carteira que administra US$ 80 milhões em dívida de mercados emergentes na Adelante Asset Management.

Ele acha que investidores procurando pechinchas terão que ficar mais seletivos. "Achamos que os preços estão mais atraentes agora", disse ele. "Mas exportadores de commodities como a China e a Indonésia vão continuar sob pressão. Também estamos preocupados com a Turquia por causa da instabilidade política."

Fonte: The Wall Street Journal

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