Longe de ter uma linha de produção de última geração, o que se vê são maquinários antigos operados por trabalhadores sem qualquer equipamento de segurança individual.
Quarta maior economia da China, a cidade de Shenzhen - pouco maior que São Paulo, com 1,99 mil quilômetros quadrados - é o centro da alta tecnologia e da fabricação, além da ligação direta com Hong Kong.
Todo poderio financeiro da região, no entanto, se esconde por trás de extensas avenidas povoadas por prédios sequenciais de fábricas e seus respectivos dormitórios. Costume na China, morar literalmente ao lado do trabalho ganha ares de utilidade quando se tem longas jornadas de serviço.
Mas esses dormitórios estão longe do que se pode chamar de lar. As grades nas janelas avançam os contornos dos edifícios e quase provocam uma intersecção com o prédio vizinho. Uma medida de segurança contra suicídios, em um país de regime político severo e de reclusão social.
A Shenzhen também é um pólo na produção de brinquedos, abrigando cerca de 5 mil fábricas do setor e, dessa forma, dá sua contribuição para que a China mantenha a liderança isolada nessa atividade. O país responde por 70% da fabricação mundial de brinquedos.
A realidade encoberta atrás do famoso "made in China" é precária. Longe de ter uma linha de produção de última geração, o que se vê são maquinários antigos operados por trabalhadores sem qualquer equipamento de segurança individual.
"Uma fábrica nessas condições estaria fechada no Brasil e o dono preso", afirma Synésio Batista da Costa, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq).
A resignação dos chineses com o trabalho reluz aos olhos de quem caminha entre uma mesa e outra de montagem de peças. Mas um progresso tem que ser notado: a erradicação do trabalho infantil nas fábricas de brinquedos chinesas, certificada pela International Council of Toy Industries (ICTI).
São essas condições - baixo investimento em infraestrutura industrial e trabalhista - que asseguram a competitividade do produto chinês. As mudanças estão em progresso, ainda que lentamente e em um padrão distante do brasileiro, com a sindicalização e profissionalização dos funcionários.
O aumento de salários e a concessão de benefícios sociais, porém, têm levado a ajustes nos preços finais e preocupado o empresário chinês.
O Brasil, por exemplo, pretende reduzir a participação de brinquedos importados da China para 50% neste ano, contra 60% em 2012. Em cinco anos, esse número deve ser limitado a 30%.
Considerado um mercado importante, os chineses também estão alertas ao câmbio brasileiro. "A taxa de câmbio está matando os negócios", resume George Chang, gerente geral da Team Creation. Chang atua como um intermediário. Ele é responsável por fazer a ponte entre empresas internacionais e fabricantes chineses.
O executivo chinês destaca que em 2012 os contratos foram fechados com o dólar a R$ 1,65 e, agora, a taxa está a R$ 2,03.
A solução imposta por essa nova configuração de aumento do custo da mão de obra chinesa aliada a um momento econômico mundial mais frágil é a busca por novos centros de fabricação, dentre os quais despontam o Vietnã e o Camboja.
Fonte: Brasil Econômico
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