Depois de investir alto na expansão da capacidade para produção de celulose, empresas brasileiras podem demorar mais que o previsto para recuperar o capital.
Cerca de R$ 12 bilhões estão sendo destinados aos dois maiores projetos do setor no mundo até aqui: a fábrica da Eldorado em Três Lagoas (MS), inaugurada em dezembro, e a da Suzano em Imperatriz (MA), que começa a operar no fim deste ano.
Com capacidade para produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose em cada unidade, o Brasil responderá por cerca de 70% da oferta adicional da commodity no mundo entre 2013 e 2014.
O crescimento não para por aí. Em dezembro, a Celulose Riograndense confirmou a expansão de sua fábrica em Guaíba (RS), que consumirá R$ 4,9 bilhões em recursos.
A capacidade passará das atuais 450 mil toneladas por ano para 1,75 milhão de toneladas ao ano em 2015.
O apetite das indústrias, no entanto, pode provocar sobra de celulose em 2013 e 2014, reduzindo os seus preços.
"O mercado corre o risco de excesso de oferta", afirma Wemerson França, economista da LCA.
Enquanto a demanda mundial por celulose deve crescer aproximadamente 1 milhão de toneladas por ano entre 2013 e 2014, a quantidade de produto disponível aumentará 2 milhões de toneladas a cada ano, estima Juan Tavarez, analista do Citi.
A crise na Europa, principal destino das exportações brasileiras de celulose, com 45% do total, e a desaceleração econômica na China, responsável por outros 26%, atrapalham o crescimento do consumo mundial.
Com a oferta maior do que a demanda, a queda das cotações será inevitável. "Os preços devem cair 2% em 2013 e 9% em 2014", diz Tavarez.
ESPERANÇA CHINESA
Para absorver a produção, as empresas apostam no processo de urbanização chinês e no maior consumo de papel que ele deve provocar.
"O potencial de crescimento na China é enorme", afirma Alexandre Yambanis, diretor da Suzano.
Segundo ele, o consumo per capita de papel para fins sanitários é de 2,5 quilos por ano na China, enquanto a média dos países ocidentais está entre 20 quilos e 25 quilos por pessoa ao ano.
Como a celulose de eucalipto, produzida no Brasil, é a mais indicada para a fabricação desse tipo de papel, as empresas acreditam no aumento da participação do Brasil no mercado mundial.
A Eldorado trabalha com uma estimativa de crescimento anual entre 2% e 2,5% na demanda mundial por celulose nos próximos anos.
"Isso significa uma demanda adicional entre 1 milhão e 1,5 milhão de toneladas por ano. É como se a cada ano uma fábrica do porte da Eldorado tivesse de ser construída", diz o presidente da empresa, José Carlos Grubisich.
Fonte: Folha de S. Paulo
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