A importação da inflação gerada pelo modelo econômico do governo o fará elevar a Selic até 9% ao ano em 2013, estima Jankiel Santos, do Espírito Santo Investment Bank.
O novo modelo de câmbio flutuante adotado pelo governo brasileiro, no qual o dólar ainda pode flutuar, mas apenas quando acima de R$ 2,00 e/ou abaixo de R$ 2,10, se por um lado ajuda os exportadores a venderem seus produtos com mais competitividade no exterior, por outro também prejudica os importadores, que pagam mais caro para trazer suas mercadorias, e acabam repassando os preços aos consumidores.
Em função disso, o economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, Jankiel Santos, entende que o governo deve atuar de outra maneira para incentivar o setor exportador, que não de uma forma que sacrifique o poder de compra da população.
Para o especialista, o governo terá de afrouxar o controle no preço da moeda americana para aliviar a pressão nos preços em 2013.
"A guerra cambial virou um tiro no pé", pondera Jankiel.
O atual quadro do mercado de trabalho doméstico não dá sinais de que o consumo irá arrefecer no ano que vem, e o cenário internacional, que poderia auxiliar o governo a cumprir sua meta de inflação, não deve mais trazer essa ajuda desinflacionaria após as políticas expansionistas adotadas pelos bancos centrais.
"Dizer que a inflação vai convergir de forma não linear é uma bela forma de dizer divergência da inflação", nota o economista.
Em seus últimos comunicados, o Banco Central (BC) tem afirmado que a inflação irá convergir para o centro da meta, mas de maneira não linear.
Pelo último boletim Focus, os economistas preveem que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) irá encerrar o ano em 5,42%, ante os 4,5% estabelecidos como o centro da meta.
Para 2013, a expectativa dos especialistas é que a inflação termine o período em torno de 5,44%.
De acordo com as projeções do Espírito Santo Investment Bank, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC terá de iniciar um aperto monetário em meados do ano que vem para ancorar as pressões inflacionárias.
A casa estima que a Selic será levada dos atuais 7,5% ao ano - o banco não espera por uma redução adicional de 0,25 ponto percentual no encontro do colegiado que termina nesta quarta-feira - para 9% até dezembro de 2013.
Para o câmbio, a projeção do Espírito Santo aponta para uma cotação do dólar em R$ 1,95 ao final deste ano, e de R$ 1,90 até o fim do ano seguinte.
O anúncio de redução nas tarifas de energia elétrica, que tenderia a aliviar parcialmente os preços, pode não ter a contribuição esperada, uma vez que as companhias ventilam a possibilidade de não renovar as concessões sob as condições pouco atraentes impostas pelo governo, observa Jankiel.
Uma saída possível seria a desoneração tributária para o setor exportador, que não traria uma contrapartida negativa para os que trazem suas mercadorias de fora.
"Nossa visão não é de um cenário pessimista, mas de um cenário com ajustes necessários", diz o economista.
Embora não veja um abandono do governo por seu tripé econômico apoiado em superávit primário, meta de inflação e câmbio flutuante, Jankiel ressalta que o último item foi o "instrumento mais deturpado" pelo governo.
Para o economista do Espírito Santo, a administração do governo Dilma, de perfil mais tecnocrata que das gestões anteriores, também denota certo grau de impaciência, já que são tomadas medidas atrás de medidas, sem que haja tempo para avaliar quais efeitos todas essas intervenções terão de fato no nível da atividade doméstica.
Fonte: Brasil Econômico
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