Na próxima semana, indicadores importantes nos Estados Unidos e na Europa prometem pesar no humor dos investidores. Além disso, empresas brasileiras dão início à temporada de balanços.
A queda de 1,36% do Ibovespa nesta sexta-feira (19/10) contribuiu para o índice registrar desvalorização de 0,41% nesta semana. Em meio a balanços corporativos nos Estados Unidos e no Brasil, e indicadores de peso aguardados para a semana que vem, o índice tende a oscilar bastante.
"O Ibovespa está sem direção nenhuma. Há quase um mês está entre 58.100 pontos e 60.400 pontos. Há uma congestão e a tendência só vai aparecer se romper um desses dois patamares", estima Fernando Goes, analista gráfico da Clear Corretora.
Na opinião de Nastássia Romanó, economista da Omar Camargo, o cenário externo está muito complexo. "Enquanto indicadores nos Estados Unidos mostram melhora na economia, o que pode ditar tendência positiva, a proximidade das eleições presidenciais traz instabilidade aos mercados".
Segundo ela, o maior empecilho é a questão fiscal. "Se não elevarem o teto da dívida, eles terão que ter altos cortes nos gastos públicos e aumento de impostos, o que pode levar o país a voltar em recessão", conclui a economista.
Por lá, dados do setor imobiliário são esperados com otimismo na próxima quarta-feira (24/10), uma vez que o mercado tem mostrado recuperação acima do esperado.
Além disso, neste mesmo dia, será anunciada a taxa de juros do país, que deve permanecer entre zero e 0,25% ao ano. "O importante é observar qual será o comentário que o Fed [Federal Reserve, o banco central americano] irá fazer de como a economia americana está caminhando", diz Nastássia.
Por outro lado, o resultado dos pedidos de bens duráveis, na quinta-feira (25/10), tem gerado cautela. "No mês passado houve uma queda muito grande e inesperada (-13,2%). Para este mês há a expectativa de que o indicador se recupere (+7,4%), mas ainda há dúvidas", pontua a economista.
Ainda na quinta-feira, o seguro-desemprego dos Estados Unidos pode mexer um pouco com o mercado. Antigamente, este dado não influenciava tanto, mas agora com o mercado de trabalho deteriorado, ele se tornou essencial. Com a alta na última semana, há um consenso de que o número seja reduzido, para compensar.
Europa
Por lá, a situação segue sem novidades. Porém, uma série de indicadores na Zona do Euro e na Alemanha podem influenciar negativamente o humor dos investidores.
Logo na segunda-feira (22/10), o anúncio da relação dívida/PIB na Europa pode já trazer volatilidade aos mercados. Além disso, na quarta-feira (23/10) dados do setor industrial e de serviços, tanto na Europa quanto na Alemanha, também estarão no foco dos investidores.
"Diferente dos Estados Unidos, indicadores da Europa têm mostrado que a região está demorando para se recuperar", pontua a economista.
Ela explica ainda que esse mau desempenho preocupa e afeta os leilões de títulos da Itália e da Espanha, pois, apesar das taxas terem caído com o Banco Central Europeu (BCE) garantindo que poderá comprar esses títulos, vai chegar uma hora que o mercado irá pressionar para que a Espanha peça o resgate e as taxas vão voltar a subir.
Nastássia lembra também que uma parcela importante da dívida da Grécia irá vencer em novembro e alerta que se nenhuma decisão for tomada, haverá turbulência nos mercados.
Brasil
Em meio a tantas notícias externas, o cenário interno ficará em segundo plano. Porém três importantes dados podem mexer com o Ibovespa.
Na quinta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anuncia a taxa de desemprego no Brasil. Neste mesmo dia, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) apresenta a confiança do consumidor, com os analistas projetando melhora.
"Neste caso, o mais importante é observar a confiança do empresário, pois sinaliza a volta dos investimentos. Temos visto muitas pessoas temerosas com a situação atual, mas para o futuro a situação está melhorando", destaca a economista.
E por fim, dados do setor de crédito brasileiro e a inadimplência serão conhecidos na sexta-feira (26/10), com o resultado refletindo a situação da economia do país.
Balanços
Na próxima semana, resultados corporativos importantes no Brasil devem nortear os investidores durante os pregões. Entre eles, balanços dos bancos Bradesco, Itáu Unibanco e Santander e das empresas ligadas a commodities, Vale e Petrobras, que possuem forte peso na carteira do Ibovespa.
Na opinião de um especialista, os resultados dos bancos ainda podem estar pressionados neste terceiro trimestre.
Em relação à Vale, Luiz Caetano, analista da Planner Corretora, estima queda de 68% no lucro líquida da companhia entre o terceiro trimestre deste ano e do ano passado. Maior parte da baixa está relacionada à diminuição do preço do minério de ferro.
Fonte: Brasil Econômico
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