Baixa no preço do minério de ferro e questões pontuais na empresa vão penalizar novamente os resultados da companhia. Melhora pode acontecer só em 2013.
O resultado do terceiro trimestre da Vale não deverá ser tão animador. O lucro líquido pode vir em linha com o balanço do segundo trimestre, quando atingiu R$ 2,6 bilhões.
Segundo o relatório elaborado pelos analistas Felipe Reis e Alex Sciacio, do Santander, o preço do minério de ferro deverá ser o principal destaque negativo.
"O resultado pode vir pressionado pelo preço do minério de ferro, que se manteve abaixo dos US$ 100 durante vários períodos. Além disso, a Vale enfrentou problemas de paralisações em Carajás", aponta João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos, sobre os motivos de um crescimento relativamente baixo no terceiro trimestre. O balanço está marcado para ser divulgado no dia 24 de outubro.
No entanto, Brugger diz que isso tudo já está precificado pelos investidores, pois tanto o cenário externo, quanto o interno estão sendo discutidos quase que diariamente.
Para ele, a situação de desaceleração da China deverá continuar a penalizar a empresa, mas, por outro lado, os resultados vão mostrar que a maior parte das exportações continuam sendo para o país asiático.
Mesmo com isso, "acreditamos que os aumentos nos volumes de vendas não serão fortes o bastante para compensar a queda dos preços", destacam os analistas do Santander.
Desempenho das ações
Neste ano, tanto os papéis VALE3 quanto os VALE5 possuem desvalorização de mais de 2%. Brugger diz que questões internacionais, como a crise na Europa e a desaceleração da China, e nacionais contribuíram para o mau comportamento.
Internamente, a troca de presidente realizada em 2011 levou incerteza aos acionistas. "A troca de Roger Agnelli por Murilo Ferreira em si não foi negativa, mas sim o modo como ocorreu essa mudança. O governo impôs isso em um momento em que a empresa estava bem", explica o analista da Leme Investimentos.
Além disso, neste ano, a empresa enfrenta disputa com o governo a respeito da cobrança dos royalties de mineração. O acordo pode estar perto de ser divulgado, e a multa pode variar entre R$ 1 bilhão e R$ 4 bilhões. No mesmo sentido, uma possível criação de um órgão regulatório no setor poderá penalizar a empresa, como aconteceu com o setor de energia em setembro.
Apesar do fraco desempenho, Brugger estima que o investimento nos papéis, principalmente a longo prazo, é viável, pois está sendo negociado a múltiplos bem baixos e a companhia tem pago bons dividendos nos últimos trimestres.
"A Vale tem preços atrativos comparados aos páreos internacionais, como a Rio Tinto e a BHP Billiton", avulta João Pedro Brugger.
Na visão de Thiago Ojea, analista da Citi Corretora, "a Vale é a única mineradora de minério de ferro na qual se pode investir na América Latina, considerando a capacidade da empresa para enfrentar qualquer cenário de preço futuro realista", pontua em relatório.
Em uma análise gráfica, o ponto de compra da ação encontra-se em R$ 37,65, que é a próxima resistência (ponto que, se superado, indica a possibilidade de continuidade de movimento de alta da ação), após ter rompido a primeira, em R$ 36,85, no pregão desta segunda-feira (15/10), mostra Leandro Klem, analista gráfico da Trader Brasil.
"Com a alta de hoje, o papel pode buscar o objetivo, que está em R$ 39,50", diz Klem.
Perspectivas
Mesmo recomendando a ação, Brugger avalia que os resultados da empresa só deverão melhorar consistentemente em 2013.
Em relação ao terceiro trimestre, "o fraco desempenho operacional atual da empresa pode levar a administração a adotar uma postura mais conservadora nos próximos meses, especialmente com relação ao plano de investimentos de 2013 [a divulgação está programada para dezembro de 2012] e aos pagamentos mínimos de dividendos no próximo ano [com anúncio esperado para janeiro de 2013]", diz o relatório do Santander.
Para Thiago Ojea, os preços do minério de ferro deverão continuar voláteis nos próximos dois anos, com variação entre US$ 80 a US$ 140 a tonelada.
"Um preço menor do que US$ 100 a tonelada poderia ser visto como oportunidade para aumentar posições no setor com ações de empresas com recomendação de compra e um preço acima de US$ 120 a tonelada deveria levar os investidores a considerar reduzir posições", diz o analista da Citi Corretora.
Fonte: Brasil Econômico
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