A entidade reconheceu um aumento nas pressões inflacionárias, mas para a maioria do Comitê a tendência de alta nos preços será revertida.
A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou que o corte dos juros ocorrido na semana passada encerrou o ciclo de redução na taxa Selic, e mostra que o Banco Central (BC) acredita numa reversão das atuais pressões inflacionárias.
Na última semana, o Comitê reduziu a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 7,25% ao ano, no décimo corte consecutivo na taxa.
A decisão foi dividida, sendo que, dois oito membros do Copom, três votaram em manter a taxa no patamar anterior. Para a maioria dos membros, entretanto, incertezas a respeito da economia motivaram um último corte.
"A maioria dos membros do Copom argumentou, em especial, que restavam incertezas quanto à velocidade de recuperação da atividade, em grande parte, decorrência das perspectivas de que o período de fragilidade da economia global seja mais prolongado do que se antecipava, com repercussões desinflacionárias sobre a economia doméstica", afirma o documento.
A entidade reconheceu um aumento nas pressões inflacionárias, mas para os cinco membros que votaram na redução dos juros, as recentes pressões de preços decorrem de choques de oferta, que tendem a reverter no médio prazo.
Para os membros que votaram contra a redução, os estímulos já concedidos deverão surtir efeito, e pressões de demanda e custos poderão ter impacto na inflação.
Em setembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,57% ante o mês anterior, acima da taxa de 0,41% registrada em agosto. Já as expectativas para o indicador estão em alta para este ano, e o mercado prevê um IPCA de 5,43% em 2012, segundo o boletim Focus, do BC.
A ata reafirmou o discurso de reuniões anteriores, de que a inflação tende a deslocar para o centro da meta, "ainda que de forma não linear".
O documento mostra maior otimismo com o crescimento da economia de agora em diante, considerando que a fase de desaceleração já passou.
"O Copom pondera que são favoráveis as perspectivas para a atividade econômica neste e nos próximos semestres, com alguma assimetria entre os diversos setores." Para o comitê, a atividade será favorecida pelas transferências públicas e pelo vigor do mercado de trabalho.
O Copom ainda afirmou que os juros devem se manter em patamar reduzido por um período "prolongado".
"O Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta."
Projeções
Segundo o documento, a projeção para inflação manteve-se estável para este ano, em relação ao considerado na reunião anterior, mas está acima do centro da meta, de 4,5%. Já para 2013, a projeção de inflação no cenário de referência do BC foi reduzida, mas também se encontra acima do valor central da meta.
O BC manteve projeção de reajuste nulo no preço da gasolina e do gás de bujão.
A projeção de reajuste da tarifa de telefonia fixa, para o acumulado em 2012, reduziu-se para -1,3% ante -1,0% considerado na reunião do Copom de agosto, e a de eletricidade manteve-se em 1,4%, valor idêntico ao da reunião de agosto.
Para os preços administrados, a projeção de alta foi mantida em 3,6% para 2012, e reduzida de 4,5% para 2,4% em 2013.
Fonte: Brasil Econômico
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