Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

"Brasil não será um grande Japão", diz Octavio de Barros


A economia do Japão está estagnada há mais de 20 anos, com crescimento abaixo de 1% desde 2000.

Apesar de a crise financeira internacional mostrar fortes sinais negativos, o mundo e o Brasil não vão virar um grande Japão, que possui a economia estagnada há mais de 20 anos, afirmou Octavio de Barros, diretor do Departamento Econômico do Bradesco, no Seminário Internacional Acrefi, realizado nesta quarta-feira (17/10).

"Depois que o Japão valorizou sua moeda, nunca mais se recuperou", completa. Ele lembrou que o país teve seu auge nos anos 50, mas viu seu crescimento ficar abaixo de 1% desde 2000.

Segundo ele, "o momento atual é de recessão no mundo, com alguns países crescendo mediocremente, mas sem aversão ao risco, o que é muito bom, pois não trava o desenvolvimento e investimentos das empresas", destaca.

Em relação ao Brasil, Barros afirma que a tese "estagnacionista" sugere que o país irá crescer pouco durante muito tempo. No entanto, "os indicadores já mostram sinais de recuperação". Para ele, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deverá ser de 4% nos próximos anos.

De acordo com o diretor, precisamos nos acostumar com o "novo normal", que é a economia mundial vivenciando um avanço moderado do crédito, a China em constante desaceleração e um crescimento baseado na produtividade e não no consumo. "A Belle Époque não irá mais voltar", diz Barros, em alusão ao "antigo normal", quando os países tinham forte expansão do crédito, crescimento baseado no consumo e a China como uma locomotiva.

Com os dados econômicos fracos do gigante asiático, o diretor aponta isso como o grande fator de risco para o Brasil por causa da China ser o maior comprador e investidor direto no nosso país. A última previsão do JPMorgan mostra que Hong Kong irá crescer neste ano, apenas 0,9%.

Durante o evento, ele afirmou ainda que o Brasil irá crescer em 2012 e nos próximos anos o que o mundo lhe permitirá avançar, dizendo que o país acompanha a desaceleração externa.

No entanto, para 2013, a situação deverá melhorar, uma vez que fatores que pesaram fortemente no PIB deste ano, vão melhorar. Entre os exemplos, estão a seca no primeiro semestre, o prejuízo da Petrobras e as barreiras impostas pela a Argentina nas exportações brasileiras. Esses fatores irão influenciar no PIB de 2012 entre 0,8 e 1 ponto percentual.

"As desonerações e a queda nos juros que já estão acontecendo são essenciais. O modelo de crescimento ainda não se esgotou, mas precisamos de novos drivers, como reformas na produtividade", reiterou o diretor.

Diante disso, ele lembrou que a indústria automotiva possui atualmente 28 milhões de unidades ociosas. E a indústria de manufaturados está com alto estoque.

Em relação aos Estados Unidos, ele ressaltou que o país é o que melhor recebe a política de estímulos e que, expandir 2% neste ano, está "de bom tamanho", em meio a um cenário internacional degradante. "Os Estados Unidos estão voltando a ser uma locomotiva. Parece que não, mas eles são responsáveis por 11% de nossas exportações neste ano".

Já no lado europeu, Barros elogia os esforços de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), principalmente nos acordos com a Alemanha, o que têm levado o país a ficar mais flexível. Para ele, assim que a Espanha pedir um pacote de ajuda, os mercados vão se fortalecer, podendo até ter um rali de alta.

Fonte: Brasil Econômico

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