A solução da crise na zona do euro passa pela reestruturação da dívida dos países que estão com problema de solvência, como Grécia, Irlanda e Portugal. E o Brasil tem lições para dar aos líderes do continente para que isso seja feito sem quebrar a União Europeia, na visão do ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto.
Falando a empresários nesta quarta-feira, durante seminário sobre as perspectivas das relações econômicas entre o Brasil e os países árabes, promovido pelo Valor e pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Delfim Netto lembrou que a reestruturação da dívida brasileira no início da década passada, capitaneada pela União, que assumiu as dívidas dos Estados e passou a ser credora deles, é a saída para uma união fiscal da zona do euro. Opinião similar foi expressa pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo no mesmo evento.
“O euro é uma construção política. O Brasil, com a lei de responsabilidade fiscal, é o exemplo típico do que a Europa tem que fazer. Os alemães têm muita dúvida sobre isso. Mas ninguém tem dúvida de que é necessária união fiscal e bancária” afirmou. Delfim, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP) apontou que outra via de solução passa pela retomada da capacidade de fomentar o investimento e o consumo.
“Não adianta dizer que o grego comeu demais. É por isso que é necessário um poder maior, que vai comprar a dívida dos países e fazer o grego pagar o que ele comeu em 30 anos. O custo da destruição do euro é uma perspectiva de uma guerra em 20 ou 30 anos. É muito mais barato manter o euro do que se desfazer dele”, disse o economista.
Nesse contexto, Delfim Netto considera que o Brasil está conseguindo sair bem do reajuste na região, assim como da desaceleração chinesa e do baixo crescimento dos Estados Unidos. “Mesmo com todas essas dificuldades vamos sobreviver.”
Fonte: Corecon-PR / Valor Econômico
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