Na semana que vem as grandes instituições financeiras do país começam a divulgar seus desempenhos operacionais referentes ao terceiro trimestre de 2012.
O Bradesco dá início aos trabalhos e divulga seus números de julho a setembro na segunda-feira (22/10), seguido pelo Itaú Unibanco, que informa seu desempenho no dia 23. O Santander publica seu resultado no dia 25, e o Banco do Brasil, no dia 31.
O ritmo lento de recuperação do Produto Interno Bruto (PIB), que influenciou negativamente a evolução do crédito no país, deve ter sido o principal fator a penalizar a performance das grandes instituições financeiras brasileiras no trimestre passado, segundo avaliação de Victor Galliano e Mariel Santiago, analistas do HSBC.
As provisões para crédito de liquidação duvidosa, por sua vez, devem indicar tendência de queda na margem, junto a uma melhora dos índices de inadimplência.
"Existe um amplo consenso entre as equipes de administração do setor de que setembro é o melhor mês do terceiro trimestre, melhorando em relação a agosto que, por sua vez, foi melhor que julho", pontuam os especialistas.
Por conta disso, os analistas do HSBC entendem que os dados "instantâneos", como o de inadimplência, devem ser o destaque positivo dos balanços, em contraponto aos dados em "fluxo", como receita e lucro, que acumulam o impacto negativo dos meses mais fracos de julho e agosto.
"O Itaú Unibanco é o melhor exemplo dos dados em 'fluxo' desfavoráveis de receita no terceiro trimestre de 2012, ofuscando os dados 'instantâneos' mais animadores sobre a qualidade do crédito que, a nosso ver, implicam resultados melhores para o final do ano".
Bradesco
Entre os grandes bancos privados do país, o HSBC estima que o Bradesco terá reportado o maior crescimento da carteira de crédito, com um incremento de 5,5% na margem, e de 12,6% na comparação anual, para R$ 251,3 bilhões. Esse movimento deve ter sido impulsionado pelo crédito corporativo.
Para o lucro líquido do Bradesco no terceiro trimestre do ano, o HSBC projeta R$ 2,949 bilhões, alta de 2,9% ante o período imediatamente anterior, e de 3% na comparação com o mesmo período de 2011.
As provisões para perdas com crédito deve ter somado R$ 3,281 bilhões, queda de 3,7% na margem, mas crescimento de 18% em bases anuais, enquanto o índice de inadimplência deve ter atingido 4,1%, contra 4,2% em junho, e 3,8% em setembro de 2011.
Itaú Unibanco
Para o Itaú Unibanco, o HSBC prevê lucro líquido de R$ 3,40 bilhões, queda de 5,2% contra o segundo trimestre, e de 13,7% frente a igual período de 2011.
O desempenho está atrelado a um crescimento mais lento do crédito, além de margens fracas e níveis de provisão ainda elevados.
A carteira de crédito do conglomerado deve ter avançado apenas 1,4% na margem, e 7,7% em bases anuais, para R$ 334,3 bilhões, refletindo uma demanda mais lenta que o esperado do consumidor.
As provisões do Itaú Unibanco para perdas com crédito de liquidação duvidosa devem ter alcançado R$ 5,977 bilhões ao final do mês passado, queda de 0,2% contra o segundo trimestre, mas alta de 20,2% ante o mesmo período de 2011.
Já o índice de inadimplência deve ter ficado em 5,2%, mesmo patamar verificado em junho passado. Em setembro do ano passado, o índice estava em 4,5%.
Para a corretora Ágora, que não faz projeção para o desempenho do Bradesco por ser sua controlada, o Itaú Unibanco deve anunciar um lucro líquido recorrente (ajustado) de R$ 3,439 bilhões, retração de 4,1% na margem, e de 12,7% no ano.
Para a carteira de crédito, a Ágora também prevê um aumento de 1,4% na comparação trimestral, e de 7,9% na anual.
Santander
O lucro líquido do Santander, pelas contas do HSBC, terá atingido R$ 1,275 bilhão, alta de 3% na margem, e declínio de 11,9% na relação anual.
A alta na comparação trimestral está relacionada com a queda de 13,3% nas despesas de provisão, após o segundo trimestre ter o impacto de provisões não recorrentes relacionadas ao segmento corporativo.
As provisões do Santander devem ter somado R$ 3,779 bilhões, alta de 26,8% frente ao terceiro trimestre do ano anterior.
Já a carteira do banco, ainda segundo o HSBC, atingiu R$ 195,7 bilhões, alta de 2% na margem, e de 10,6% no ano.
O índice de inadimplência da instituição com sede na Espanha deve ter ficado em 5%, contra 4,85% em junho, e 4,29% em setembro de 2011.
A Ágora, por sua vez, prevê um lucro líquido recorrente (ajustado) de R$ 1,534 bilhão para o Santander, aumento de 4,8% frente o segundo trimestre, e queda de 6,5% ante o terceiro trimestre do ano precedente.
Para a carteira de crédito do espanhol, a Ágora estima avanço de 1,7% na margem, e de 11% na comparação anual.
Banco do Brasil
Para o lucro líquido do Banco do Brasil (BB), o HSBC prevê uma queda de 3% contra o segundo trimestre, e alta de 0,1% frente ao terceiro trimestre do ano passado, para R$ 2,92 bilhões.
Esse fraco desempenho está atrelado a uma redução nas margens do banco, que refletem a pressão do governo pela queda nas taxas das instituições, principalmente das públicas.
Já a carteira de crédito do banco deve ter registrado uma expansão de 5,5% frente a junho, e de 20,8% ante setembro do ano anterior, para R$ 463,6 bilhões, em função dos bancos estatais estarem liderando o crescimento do crédito no sistema.
Para as provisões do BB, o HSBC projeta queda de 1,8% na margem, e alta de 10,8% no ano, para R$ 3,612 bilhões.
O índice de inadimplência do banco público deve ter avançado para 2,2%, contra 2,1% em junho passado e setembro de 2011.
A Ágora estima que o lucro do BB terá somado R$ 2,859 bilhões, recuo de 4,3% ante o segundo trimestre de 2012, e alta de 11,1% frente ao mesmo período de 2011.
Para a carteira de crédito, a Ágora prevê incremento de 5,2% na margem e de 20,2% na relação anual.
Fonte: Brasil Econômico
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