Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sábado, 20 de outubro de 2012

Fraca expansão do PIB refletirá nos balanços dos bancos


Na semana que vem as grandes instituições financeiras do país começam a divulgar seus desempenhos operacionais referentes ao terceiro trimestre de 2012.

O Bradesco dá início aos trabalhos e divulga seus números de julho a setembro na segunda-feira (22/10), seguido pelo Itaú Unibanco, que informa seu desempenho no dia 23. O Santander publica seu resultado no dia 25, e o Banco do Brasil, no dia 31.

O ritmo lento de recuperação do Produto Interno Bruto (PIB), que influenciou negativamente a evolução do crédito no país, deve ter sido o principal fator a penalizar a performance das grandes instituições financeiras brasileiras no trimestre passado, segundo avaliação de Victor Galliano e Mariel Santiago, analistas do HSBC.

As provisões para crédito de liquidação duvidosa, por sua vez, devem indicar tendência de queda na margem, junto a uma melhora dos índices de inadimplência.

"Existe um amplo consenso entre as equipes de administração do setor de que setembro é o melhor mês do terceiro trimestre, melhorando em relação a agosto que, por sua vez, foi melhor que julho", pontuam os especialistas.

Por conta disso, os analistas do HSBC entendem que os dados "instantâneos", como o de inadimplência, devem ser o destaque positivo dos balanços, em contraponto aos dados em "fluxo", como receita e lucro, que acumulam o impacto negativo dos meses mais fracos de julho e agosto.

"O Itaú Unibanco é o melhor exemplo dos dados em 'fluxo' desfavoráveis de receita no terceiro trimestre de 2012, ofuscando os dados 'instantâneos' mais animadores sobre a qualidade do crédito que, a nosso ver, implicam resultados melhores para o final do ano".

Bradesco

Entre os grandes bancos privados do país, o HSBC estima que o Bradesco terá reportado o maior crescimento da carteira de crédito, com um incremento de 5,5% na margem, e de 12,6% na comparação anual, para R$ 251,3 bilhões. Esse movimento deve ter sido impulsionado pelo crédito corporativo.

Para o lucro líquido do Bradesco no terceiro trimestre do ano, o HSBC projeta R$ 2,949 bilhões, alta de 2,9% ante o período imediatamente anterior, e de 3% na comparação com o mesmo período de 2011.

As provisões para perdas com crédito deve ter somado R$ 3,281 bilhões, queda de 3,7% na margem, mas crescimento de 18% em bases anuais, enquanto o índice de inadimplência deve ter atingido 4,1%, contra 4,2% em junho, e 3,8% em setembro de 2011.

Itaú Unibanco

Para o Itaú Unibanco, o HSBC prevê lucro líquido de R$ 3,40 bilhões, queda de 5,2% contra o segundo trimestre, e de 13,7% frente a igual período de 2011.

O desempenho está atrelado a um crescimento mais lento do crédito, além de margens fracas e níveis de provisão ainda elevados.

A carteira de crédito do conglomerado deve ter avançado apenas 1,4% na margem, e 7,7% em bases anuais, para R$ 334,3 bilhões, refletindo uma demanda mais lenta que o esperado do consumidor.

As provisões do Itaú Unibanco para perdas com crédito de liquidação duvidosa devem ter alcançado R$ 5,977 bilhões ao final do mês passado, queda de 0,2% contra o segundo trimestre, mas alta de 20,2% ante o mesmo período de 2011.

Já o índice de inadimplência deve ter ficado em 5,2%, mesmo patamar verificado em junho passado. Em setembro do ano passado, o índice estava em 4,5%.

Para a corretora Ágora, que não faz projeção para o desempenho do Bradesco por ser sua controlada, o Itaú Unibanco deve anunciar um lucro líquido recorrente (ajustado) de R$ 3,439 bilhões, retração de 4,1% na margem, e de 12,7% no ano.

Para a carteira de crédito, a Ágora também prevê um aumento de 1,4% na comparação trimestral, e de 7,9% na anual.

Santander

O lucro líquido do Santander, pelas contas do HSBC, terá atingido R$ 1,275 bilhão, alta de 3% na margem, e declínio de 11,9% na relação anual.

A alta na comparação trimestral está relacionada com a queda de 13,3% nas despesas de provisão, após o segundo trimestre ter o impacto de provisões não recorrentes relacionadas ao segmento corporativo.

As provisões do Santander devem ter somado R$ 3,779 bilhões, alta de 26,8% frente ao terceiro trimestre do ano anterior.

Já a carteira do banco, ainda segundo o HSBC, atingiu R$ 195,7 bilhões, alta de 2% na margem, e de 10,6% no ano.

O índice de inadimplência da instituição com sede na Espanha deve ter ficado em 5%, contra 4,85% em junho, e 4,29% em setembro de 2011.

A Ágora, por sua vez, prevê um lucro líquido recorrente (ajustado) de R$ 1,534 bilhão para o Santander, aumento de 4,8% frente o segundo trimestre, e queda de 6,5% ante o terceiro trimestre do ano precedente.

Para a carteira de crédito do espanhol, a Ágora estima avanço de 1,7% na margem, e de 11% na comparação anual.

Banco do Brasil

Para o lucro líquido do Banco do Brasil (BB), o HSBC prevê uma queda de 3% contra o segundo trimestre, e alta de 0,1% frente ao terceiro trimestre do ano passado, para R$ 2,92 bilhões.

Esse fraco desempenho está atrelado a uma redução nas margens do banco, que refletem a pressão do governo pela queda nas taxas das instituições, principalmente das públicas.

Já a carteira de crédito do banco deve ter registrado uma expansão de 5,5% frente a junho, e de 20,8% ante setembro do ano anterior, para R$ 463,6 bilhões, em função dos bancos estatais estarem liderando o crescimento do crédito no sistema.

Para as provisões do BB, o HSBC projeta queda de 1,8% na margem, e alta de 10,8% no ano, para R$ 3,612 bilhões.

O índice de inadimplência do banco público deve ter avançado para 2,2%, contra 2,1% em junho passado e setembro de 2011.

A Ágora estima que o lucro do BB terá somado R$ 2,859 bilhões, recuo de 4,3% ante o segundo trimestre de 2012, e alta de 11,1% frente ao mesmo período de 2011.

Para a carteira de crédito, a Ágora prevê incremento de 5,2% na margem e de 20,2% na relação anual.

Fonte: Brasil Econômico

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