Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Dividido, BC reduz Selic para 7,25% e indica fim de ciclo


O Banco Central reduziu nesta quarta-feira a taxa básica de juros para 7,25 por cento ao ano e indicou que o ciclo de redução da Selic, iniciado há pouco mais de um ano, chegou ao fim e a taxa deve permanecer neste patamar por um período prolongado.

A decisão de cortar a taxa em 0,25 ponto percentual, para um novo patamar recorde de baixa, não foi unânime, com três dos oito membros do Comitê de Política Monetária (Copom) votando pela manutenção dos juros em 7,5 por cento.

"Considerando o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear", informou o Copom por meio de nota.

O comunicado, segundo a visão de especialistas do mercado, indica que a taxa de juros vai permanecer em 7,25 por cento pelo menos até meados de 2013.

"O Banco Central deve interromper agora os cortes da Selic e a taxa deve continuar em 7,25 por cento por um bom tempo... No nosso cenário, o BC só voltaria a subir a Selic no segundo semestre de 2013, em agosto ou outubro", afirmou o gestor de investimentos da Lecca Investimentos, Georges Catalão.

Pesquisa da Reuters mostrou na semana passada que 28 de 45 analistas consultados previam manutenção da taxa básica de juros, sendo que o restante esperava um corte de 0,25 ponto percentual.

Votaram pela manutenção da taxa de juros os diretores de Política Econômica, Carlos Hamilton Vasconcelos, de Fiscalização, Anthero Meirelles, e de Organização do Sistema Financeiro, Sidnei Corrêa Marques. A última divergência no Copom ocorreu na reunião de 7 de março de 2012.

Este foi o décimo corte seguido na taxa de juros, totalizando uma queda de 5,25 pontos percentuais desde agosto de 2011, numa ação do BC para ajudar na recuperação da economia brasileira, afetada pela crise internacional.

Diante da persistente pressão inflacionária, boa parte do mercado acreditava que o BC manteria a taxa, mas as impressões começaram a mudar com mais força nos últimos dias, após o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Luiz Awazu Pereira, afirmar que a recuperação econômica global está mais lenta do que o esperado.

A partir daí, o mercado de juros futuros passou a precificar o corte de 0,25 ponto percentual.

"A falta de consenso, que há muito tempo não acontecia, sugere que esses 0,25 (pontos percentuais) adicionais foram vistos como irrelevante do ponto de vista econômico e financeiro em relação à inflação", disse o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.

Para o economista da consultoria Tendências, Juan Jensen, o cenário de crescimento econômico em recuperação gradual, e inflação ainda sob controle --mesmo que sem convergir para o centro da meta, de 4,5 por cento pelo IPCA, neste ano-- pavimentam o caminho para a manutenção da Selic por mais tempo.

"Há um sinal muito claro de foi uma última redução até o fim do ano que vem, a depender da conjuntura internacional mudar radicalmente para pior e do quadro doméstico em termos de inflação", afirmou ele.

O processo de afrouxamento da política monetária, que provavelmente foi encerrado nesta quarta-feira, contou com amplo apoio do governo, cujo objetivo sempre foi o de levar a Selic para patamares menores, compatíveis com outras economias no mundo. O cenário externo conturbado, e desinflacionário, abriu essa janela de oportunidade.

A decisão do BC de mudar o patamar da Selic foi amparada pela mudança nas regras de remuneração da caderneta de poupança, a mais popular forma de aplicação financeira do país.

Fonte: Reuters Brasil

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