Disciplina passou a ser obrigatória na preparação de executivos e atende à demanda do novo modelo capitalista.
O capitalismo passa por um processo de mutação desde 1960, quando começou a adquirir uma forma globalizada.
A evolução das tecnologias da informação e da comunicação nas últimas décadas veio para complementar esse advento e modificar de forma irreversível o modo de fazer negócios.
Além disso, a crise econômica que eclodiu em 2008, trouxe à tona uma séria questão: até quando o modelo capitalista será sustentável?
Diante do cenário de metamorfose, as escolas especializadas em formar executivos têm de adaptar seus métodos para atender às novas demandas.
A Tuck, escola americana de negócios mais antiga do mundo, fez duas mudanças essenciais no seu currículo. Uma delas foi a inclusão de "Ética", antes eletiva, como disciplina obrigatória em todos os cursos.
A mudança foi motivada pela crise econômica, que começou há quatro anos e se perpetua até hoje nos Estados Unidos e na Europa.
"Acredito que os executivos dos bancos de investimento como o Lehman Brothers, por exemplo - que declarou concordata em 2008 - tiveram muitos problemas técnicos. Mas não podemos ignorar que houve sérios problemas éticos", afirma o reitor da instituição, Paul Danos.
O gestor de fundos do Santander Mauro Freman, que concluiu seus estudos na Tuck em 2010, relembra com entusiasmo as aulas de ética que teve durante o último ano da sua formação.
"Foi um dos melhores cursos que fiz lá. É sempre bom relembrar os conceitos éticos que são imprescindíveis para avaliar o impacto de uma decisão", diz. Ele é a favor da obrigatoriedade da disciplina e destaca o aprendizado que teve com as aulas. "Sempre que me vejo na dúvida, penso se meus pais aprovariam minha decisão e me coloco no lugar das pessoas que serão afetadas", conta
A segunda mudança no currículo da Tuck foi a implementação do programa "Global Experience", que promove viagens para países como China, Índia e Brasil.
O objetivo é apresentar diversas culturas aos executivos e deixá-los aptos para lidar com o processo de globalização. "As grandes empresas precisam de líderes que saibam fazer negócios com pessoas de todo o mundo", afirma Danos.
Na avaliação de Freman, brasileiro que estudou a maior parte do tempo nos Estados Unidos, esse programa é extremamente válido principalmente para os americanos.
"Nos Estados Unidos as regras de negócios são bastante transparentes, o que é bem diferente do resto do mundo. Assim é imprescindível para os executivos que nunca saíram do país entender como negociar com os chineses, por exemplo."
Brasil
A Fundação Dom Cabral, mais tradicional escola de negócios brasileira, também fez adaptações no currículo para atender às novas demandas do meio corporativo. Marta Pimentel, diretora de mercado da instituição, destaca a inovação nas temáticas como uma das principais mudanças.
O tema "sustentabilidade" faz pare de todas as aulas de forma objetiva ou subjetiva. "Nossa missão é propor desenvolvimento sustentável às pessoas e às corporações", diz.
Ela avalia que repensar a questão metodológica é hoje o maior desafio de uma escola de negócios. "Existe muita informação na internet, por isso temos apostado em aperfeiçoar a metodologia para entregar melhor os conteúdos".
Um exemplo dessa prática é a sala do futuro. O executivo recebe uma pasta com informações sobre o cenário macroeconômico, social e ambiental.
Após verificar esse conteúdo, ele entra em uma sala ampla, onde são apresentados estímulos dos mais diversos contextos. Imagens, sons ou leitura sobre assuntos que não fazem parte da sua rotina, como nanotecnologia, por exemplo, são absorvidos pelo subconsciente, com o objetivo de ampliar a percepção da realidade.
Fonte: Brasil Econômico
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