Em lista de 82 países, Brasil só subiu duas posições em relação à última medição, prejudicado pelo custo da mão de obra e pela alta carga tributária.
SÃO PAULO - Um estudo da área de pesquisas da revista britânica ‘The Economist’ mostra que o Brasil não terá grande evolução no quesito competitividade nos próximos anos. No novo ranking elaborado pela Economist Intelligence Unit, válido para o período de 2012 a 2016, o País aparece na 37ª posição. No anterior, que considerava os anos de 2007 a 2011, o Brasil estava em 39º lugar.
A lista, que inclui 82 países e é liderada por Cingapura, Hong Kong e Suíça, mostra dois "velhos conhecidos" como os principais gargalos de competitividade brasileira: o custo da mão de obra e a carga tributária.
De acordo com Justine Thody, analista responsável pelo estudo, a dificuldade do Brasil de subir no ranking é reflexo de "amarras estruturais". "E o País está ficando sem tempo para fazer as mudanças, pois a idade média da população está subindo."
O estudo mostra que, mesmo em áreas onde o Brasil começa a sair da inércia, como a infraestrutura, o ritmo ainda não é suficiente para que o País se destaque perante outras nações. Em infraestrutura, o Brasil vai continuar em 52ª lugar entre os 82 países analisados. "Não é que o Brasil não esteja fazendo nada, mas outras nações também estão empenhadas em melhorar."
Se a questão da infraestrutura é preocupante, a do custo da mão de obra e da carga tributária são vistas como urgentes. A estrutura de impostos deixa o Brasil na 76ª colocação no subitem tributos. O problema não são só as altas alíquotas - que correspondem a 35% do PIB -, mas também a dificuldade de as empresas entenderem o sistema.
No quesito mão de obra, decisões como a desoneração da folha de pagamento para 24 setores da economia, terão efeito marginal no desempenho do País nesse quesito. De uma medição para a outra, o Brasil passará da 66ª para 59ª posição.
Evolução
Para Justine Thody, o Brasil avançou em áreas como educação e inclusão digital. O estudo cita o programa de bolsas de estudo em universidades privadas para jovens de baixa renda como exemplo positivo.
O economista Ernesto Lozardo, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), concorda que o Brasil caminho a percorrer no quesito competitividade, mas vê a situação de maneira mais positiva do que a Economist Intelligence Unit. Segundo ele, o assunto está na agenda do governo - algo raro para um País que tradicionalmente sempre se preocupou mais em apagar incêndios de crises políticas e econômicas do que em planejar o futuro.
Lozardo diz que instituições como o BNDES e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estão buscando soluções para tornar a economia mais inovadora. "Claro que estamos atrás. Iniciamos agora um processo pelo qual a Ásia passou há 30 anos."
Fonte: O Estado de São Paulo
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