Cinco dos nove ouvidos pelo Brasil Econômico na sexta-feira apostam que haverá corte de 0,25 ponto percentual na reunião desta semana, enquanto quatro acreditam em manutenção da Selic.
Que o ciclo de ajuste na taxa de juros está chegando ao fim todo mundo concorda, mas se o último corte ocorrerá na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira (10/10) vem a dúvida.
Para quatro dos nove economistas consultados pelo Brasil Econômico, a autoridade monetária encerrou o processo de redução nos juros em agosto, o que significa que terminaríamos 2012 com a Selic no atual patamar de 7,5% ao ano.
No entanto, há um grupo de cinco que acredita que a "máxima parcimônia", termo adotado pelo Comitê no último comunicado e pelo Banco Central no relatório trimestral de inflação, se traduz em mais um corte de 0,25 ponto percentual, levando os juros a 7,25%.
Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco WestLB do Brasil, diz que a projeção de que a taxa Selic seja reduzida em 0,25 p.p. segue as próprias indicações da autoridade monetária de que o balanço de riscos continua pendendo para a atividade econômica.
"Já a redução no ritmo de corte dos juros advém da sinalização oferecida na ata do Copom e no relatório de inflação de que, havendo espaço, qualquer movimento adicional de ajuste nas condições monetárias será "conduzido com máxima parcimônia", afirma Rostagno em relatório.
Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, apesar da deterioração observada nas expectativas para inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) não ameaça o teto da meta de 6,50%, tanto para 2012 como para 2013. "Preservando o espaço para nova redução da taxa Selic, como foi em agosto de 2011".
Em um relatório bem humorado, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, diz exatamente o contrário, que a aceleração de 0,57% do IPCA em agosto torna praticamente impossível ver a convergência à meta este ano. "Os números do IPCA foram o prego no caixão de algum corte na Selic semana que vem (esta semana)", brinca o economista.
Antonio Madeira, economista da LCA Consultores também concorda com Perfeito e aposta em manutenção na Selic a 7,5% ao ano inclusive até o final de 2013.
O que respalda essa visão, segundo o economista, são alguns sinais de retomada, como o dado bom da indústria - a produção industrial brasileira subiu 1,5% em agosto frente ao mês anterior, segundo dados divulgados na semana passada.
"Além disso, prevemos um PIB forte de 1,4% neste terceiro trimestre e, no quarto, um número bem próximo disso o que deve levar o produto a atingir mais de 5% ao ano na margem", afirma Madeira.
A respeito da inflação, o economista da LCA acredita que tenha sido apenas um choque.
Agostini, da Austin, acredita que o Banco Central deve manter os juros em 7,5% até meados de 2013, porque o governo deve ficar um tempo observando os efeitos das medidas de estímulo adotadas.
"Pode voltar a subir os juros após julho do ano que vem, algo em torno de 8,5% ou 8,75% ao ano, mas o da Selic nos dois dígitos, ou seja em 10%, não deve ocorrer nos próximos dois anos", acredita o economista, para quem a atividade econômica brasileira deve continuar fraca, e o PIB deve chegar a 3,7% em 2013 "mas fraco em relação ao potencial do país."
Sobre o uso de outros mecanismos de política monetária, além dos juros, Agostini aposta na volta das medidas macroprudenciais e acrescenta que é um desejo do governo de que os juros permaneça baixo, já que um terço da dívida pública brasileira é atrelada à taxa de juros. "Caso o cenário de inflação permita, pode manter esta postura."
Enquanto os economistas se dividem sobre os novos passos do BC, os investidores passaram a apostar em corte de 0,25 p.p.depois de amanhã. Os juros futuros despencaram no pregão de sexta-feira, após declarações do diretor de assuntos internacionais do Banco Central (BC), Luiz Pereira Awazu, na véspera. O discurso foi interpretado como um sinal de que haverá um corte adicional taxa básica de juros.
O diretor afirmou que o cenário externo continua fragilizado, e que o BC deve seguir calibrando sua política monetária para compensar essa influência negativa do ambiente internacional no crescimento do nível da atividade doméstica. Na sexta, os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro recuaram a 7,10%.
Fonte: Brasil Econômico
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