Mantega afirma que cabe ao Estado puxar a economia com a política fiscal. O que está sendo feito com as medidas de renúncia fiscal, desoneração da folha, baixa dos juros e investimento em obras de infraestrutura.
Após cumprir uma nova agenda em Paris e Londres, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou ao país mais confiante do que nunca. Está convencido de que o Brasil é uma exceção diante do mau desempenho das economias da Europa e dos Estados Unidos e até mesmo dos países que formam os Brics.
Ele rejeita o excesso de otimismo e, com as estimativas de analistas de mercado para a expansão do PIB de 2013 em mãos, garante que o pior já passou."Eu não sou otimista, sou realista. Com meu realismo e da maioria dos analistas brasileiros tenho certeza que a economia está se aquecendo. Não de forma exagerada, mas gradual", diz o ministro. "Vamos ser pés no chão. Nós vamos crescer 4% e essa projeção é feita com a crise europeia continuando", afirma.
O cenário poderia ser ainda mais positivo, disse Mantega em entrevista ao Brasil Econômico, se os dirigentes dos Estados Unidos e da Europa adotassem uma certa dose keynesiana e atacassem a crise não só com golpes de política monetária.
"Quando se entra em uma crise financeira tem de fazer uma política monetária expansionista combinada com a fiscal. O Estado tem que puxar a economia", explica, certo de que seus colegas estrangeiros estão equivocados.
Apesar das dificuldades dos países desenvolvidos e da desaceleração da China, o ministro acredita que o Brasil tem plenas condições de continuar nadando contra a maré. Ressalta que o superávit comercial este ano será superior a US$ 18 bilhões.
Enquanto o mundo passa por esse momento de turbulência, o governo, explica, vai fortalecendo as bases de sustentação da economia com um conjunto de medidas, entre elas os programas de renúncia fiscal, a desoneração da folha de pagamentos, a redução das taxas de juros e o investimento em grandes obras de infraestrutura.
"Vai demorar mais uns dois ou três anos para a Europa se ajustar. Quando isso acontecer, o Brasil estará preparado para aproveitar esse cenário internacional. E vai crescer a uma taxa média de 4% a 5% ao ano".
Com relação ao esforço para reduzir o custo financeiro no país, afirma que as taxas cobradas pelos bancos ainda são muito altas e precisam cair mais. "Acho razoável ter o mesmo nível cobrado em países semelhantes ao Brasil, que têm a estabilidade que nós temos, com a solidez que nós temos. Porque juro expressa o risco".
Em relação ao próximo movimento na Selic, é taxativo: "Não sei o que o Copom vai fazer, nem quero saber. Esse é um assunto que o Banco Central tem total autonomia".
O ministro reage às afirmações de que o governo estaria abandonando o regime de meta de inflação e pondo em risco um dos principais fundamentos da economia. "O governo nunca foi e nunca estará conivente com a inflação. A inflação aqui no Brasil está controlada há muitos anos. Nos últimos três ou quatro anos está mais controlada, ainda mais na nossa gestão" diz, sem esconder que vive uma fase de ótimo humor.
O único motivo de desagrado é o tom cinzento do novo carpete de seu gabinete recém-reformado, que, para ele, não combina com os valiosos tapetes persas do ambiente.
Fonte: Brasil Econômico
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