O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, recebeu na última sexta-feira (5) a ministra da Educação e Pesquisa da Alemanha, Annette Schavan. Durante encontro, ela sinalizou positivamente sobre a ampliação da parceria entre os dois países.
“Acredito que estamos num bom caminho conjunto”, disse a ministra, na reunião no MCTI. “Minha visita ao Brasil certamente demonstra a firme decisão dos nossos governos, de avançarmos na cooperação científica entre pesquisadores e intercâmbio de universitários.”
A cooperação bilateral tem como base o Acordo Geral de Cooperação nos Setores de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, assinado em 1969. Entre as iniciativas abrangidas estão o programa Ciência sem Fronteiras (CsF), a Torre Alta da Amazônia (Otaa), e o Centro de Projetos de Inovação em Alimentos e Recursos Renováveis.
“Uma ótima oportunidade para apresentarmos esses projetos certamente será o Ano da Alemanha no Brasil, comemorado em 2013-2014. A ocasião serviria também para aprofundarmos a cooperação em ciência e tecnologia, que com certeza é um dos pilares da parceria entre os governos”, mencionou a Annette. “Nós concordamos que é essa a negociação que temos que fazer, em nível governamental. Assim atingiremos objetivos maiores”, ratificou Raupp.
O ministro enfatizou que uma de suas missões à frente do ministério é avançar essa colaboração. “Nós temos uma responsabilidade grande nos tempos atuais, que é manter viva e alargar cada vez mais a cooperação tão antiga e fraterna que temos com a Alemanha. Eu considero como minha meta pessoal manter a frequência de reuniões para que deixemos viva esta chama”, disse. “Dentro dessa ideia de revisão do status de vários projetos, nós selecionamos alguns para reportar.”
Inovação
Segundo Raupp, caberá à Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) tratar de todas as ações que envolvam a Sociedade Fraunhofer. “Na nossa compreensão, um interlocutor único facilitaria todas as negociações com a instituição e intermediaria relações com outras organizações brasileiras. É a nossa estratégia para que essa interlocução seja a mais plena possível” O ministro manifestou a intenção de contar com a contribuição da instituição para a execução de políticas governamentais. “O impacto da parceria seria muito maior e mais abrangente”, avaliou.
A sociedade é apontada como a maior organização de pesquisa aplicada da Europa e tem memorando de entendimento assinado com o MCTI e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) com foco na Embrapii.
O presidente da Fraunhofer, Hans-Jörg Bullinger, também manifestou interesse em aprofundar as atividades com organizações brasileiras e destacou o número de iniciativas conjuntas. “Estamos muito felizes por poder atuar neste país. Nossa filosofia se estende também para a economia, além da pesquisa”, comentou. “Sempre fez parte da vontade brasileira que atuássemos mais aqui, inclusive poderíamos avaliar a abertura de uma unidade regional. Atualmente, temos 28 projetos em andamento.”
O Ciência sem Fronteiras foi destacado como outro instrumento de convergência. “O programa tem na Alemanha um de seus principais parceiros. Estamos chegando ao mês de outubro com 1.130 estudantes em seu país. Nossos estudantes têm se interessado por essa oportunidade”, destacou o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), Glaucius Oliva. Ele acrescentou que uma nova chamada levará mais 113 estudantes ao país europeu nos próximos meses.
Oliva lembrou outras iniciativas formalizadas com organizações alemãs, como chamadas conjuntas para projetos de pesquisa, como mostra de que o interesse brasileiro vai além do treinamento de pessoal.
Mudanças climáticas
A diretora de Políticas e Programas Temáticos do MCTI, Mercedes Bustamante, fez um relato sobre o estágio atual da implantação da Torre Alta da Amazônia, para observação e monitoramento de componentes da atmosfera relevantes às mudanças do clima. “O projeto está em operação desde janeiro de 2012 e o trabalho de pesquisa já vem sendo realizado com o auxílio dos novos instrumentos. Entre todas as torres previstas, duas de 80 metros já estão em funcionamento”.
Mercedes informou que a primeira parcela dos recursos destinados ao projeto por parte da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI) foi liberada em junho e a segunda se encontra disponível. “Agora, a última etapa para instalação da torre alta depende de uma autorização do governo do Amazonas”, comentou. “Nossa previsão é que essa etapa seja cumprida rapidamente e que seja possível a instalação até novembro de 2013, completando, então, a parte básica do projeto”.
O representante do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), Luiz Madi, relembrou o início da parceria com a Fraunhofer, iniciada em 1983, com o projeto de criação do Centro de Embalagem no Ital. A instituição é vinculado à Agência Paulista dos Agronegócios (Apta) e à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
A iniciativa foi retomada com uma série de seminários em 2010 e será ampliada com intercâmbio de pessoal e apoio financeiro. “Cerca de dez dos nossos pesquisadores estão trabalhando em seu país e 15 estão no caminho inverso. Com isso nós elaboramos um convênio e um plano de trabalho com a participação do MCTI, para criação do Centro de Projetos de Inovação em Alimentos e Recursos Renováveis. O projeto já foi aprovado e envolve um recurso de € 2 milhões, para cada uma das partes.” Segundo Raupp, a proposta está em análise em duas agências do ministério, CNPq e Finep.
No encontro foi mencionado ainda que nos dias 26 e 27 de novembro será realizado em São Paulo um workshop sobre bioeconomia. Por último, a professora Maria do Carmo Sobral, coordenadora do Projeto Innovate, da Universidade Federal de Pernambuco, fez uma apresentação sobre a iniciativa, que usa lodo do reservatório de Itaparica e de tanques de piscicultura em Itacuruba na recuperação de solos degradados do Sertão, na região do Submédio São Francisco.
Participantes
Estiveram presentes na reunião também, pela delegação alemã, o embaixador em Brasília, Wilfried Grolig, o vice-presidente do Parlamento, Philipp Murmann, os parlamentares Krista Sager e Klaus-Peter Willsch, o chefe de relações internacionais do Ministério da Educação da Alemanha, Lothar Mennicken, e o presidente do Instituto Federal de Formação Profissional (Bibb), Friedrich Hubert Esser.
Do lado brasileiro participaram, pelo MCTI, o secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social, Eliezer Pacheco, o secretário adjunto de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, Adalberto Fazzio, a embaixadora Carmen Moura (chefe da Assessoria Internacional) e o diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Carlos Aragão, além do embaixador Benedicto Fonseca, diretor de Temas Científicos e Tecnológicos do Ministério das Relações Exteriores.
Fonte: MCTI
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