Preocupação está no mercado de trabalho, que afeta diretamente o consumo dos americanos.
Apesar do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos ter sido revisado de 1,7% para 1,3% no segundo trimestre, o dado não foi mal recebido pelo mercado, nem por especialistas.
Na opinião de Márcio Sette Fortes, professor do Ibmec, não dá para levar em conta apenas o desempenho da economia, uma vez que o PIB foi afetado também por questões ambientais.
Os Estados Unidos estão passando pela pior seca em 50 anos, afetando a produção agrícola. Apenas no segundo trimestre, os estoques no setor recuaram em US$ 5,3 bilhões.
No entanto, ele destaca que os gastos dos consumidores, apesar de terem melhorado, ainda continuam retraídos. "O desemprego está muito alto e está afetando as vendas de bens duráveis que, na minha opinião, devem estar começando a ficar congeladas. Sem emprego ou com medo de perdê-lo, as pessoas não vão se endividar", destaca o professor.
Por outro lado, Fortes aposta na melhora da economia americana diante da medida de flexibilização monetária (QE3) no país. "Injetar dinheiro na economia significa apostar que ela irá melhorar, pois esse dinheiro vai custar menos - por ter em excesso - e as empresas e os consumidores vão poder pegar emprestado com juros menores, aumentando os investimentos e as contratações", pontua.
Nos outros anos, quando as duas injeções de liquidez foram anunciadas, o capital, depois de um tempo, foi parar em países que possuíam altas taxas de juros, como o Brasil, para que o dinheiro pudesse render melhor.
Neste caso, com os países em situação desfavorável economicamente, tendo que baixar os juros, boa parte desse dinheiro pode não sair dos Estados Unidos, contribuindo para a melhora interna.
Para Luiz Augusto Monteiro, sócio do Grupo Queluz, a notícia não influenciou tanto por já fazer parte do passado. "Apesar dos indicadores ruins, o dado é de três meses atrás. De lá para cá, muita coisa mudou", diz o sócio.
Além disso, o mercado se animou com os novos pedidos de seguro-desemprego, que caíram em 26 mil na última semana, registrando 359 mil novas solicitações, contra estimativas de 379 mil.
Para ele, a melhora da economia pode vir com as exportações, uma vez que o dólar está desvalorizado por causa da enxurrada da moeda americana. "Isso é muito bom para os Estados Unidos, mas depende muito da situação da Europa e da China, que estão em desaceleração. Portanto, é algo difícil de mensurar", avulta Monteiro.
Em relatório, André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, diz que a situação externa é delicada, no qual a recuperação econômica nas economias maduras não mostra sinais relevantes de melhora e se destaca a elevada taxa de desemprego.
"Mesmo o QE3 não deve trazer alívio, mas sim uma elevação de preço dos ativos com destaque para as agrícolas", diz o economista sobre o afrouxamento monetário.
Fonte: Brasil Econômico
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