Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Desemprego nos EUA aumenta chances de mais estímulo


Os empregadores dos Estados Unidos fizeram contratações em ritmo lento em agosto, o que eleva a probabilidade de que o Federal Reserve, o banco central do país, intervenha na economia para estimular crescimento quando se reunir esta semana — além de complicar a campanha de reeleição do presidente Barack Obama.

O relatório de emprego do Departamento de Trabalho, que passa a ser acompanhado mais de perto à medida que as eleições se aproximam, informou que os EUA adicionaram 96.000 novo empregos dessazonalizados no mês passado. É menos do que as 141.000 vagas preenchidas em julho e um volume muito pequeno para um país que tenta colocar 12,5 milhões de trabalhadores desempregados de volta ao mercado de trabalho.

A taxa de desemprego caiu de 8,3% em julho para 8,1%, mas por razões equivocadas. A taxa, com base numa pesquisa separada, caiu porque muitas pessoas desistiram de procurar emprego e deixaram a força de trabalho, não porque elas encontraram emprego.

"Cada um dos principais aspectos do relatório é negativo", disse Stephen Stanley, economista-chefe da corretora americana Pierpont Securities. "Na verdade, temos tido um crescimento medíocre nos últimos três anos. É como se estivéssemos a ponto de melhorar, mas logo voltamos a ter ganhos fracos novamente, e agora estamos de volta a uma daquelas fases em que claramente estamos vendo números abaixo da média."

Os decepcionantes números de emprego são um lembrete de como a fraqueza econômica permanece um tema central da eleição presidencial do país. Em um discurso eleitoral no Estado de New Hampshire, o presidente Obama disse: "Precisamos criar mais postos de trabalho mais rápido. Precisamos preencher o buraco deixado por esta recessão de forma mais rápida."

Os líderes do Partido Republicano, de oposição, apontam para o relatório como uma evidência de que uma mudança em Washington é necessária.


O relatório de desemprego da sexta-feira aumenta a probabilidade de que o Fed anuncie medidas para estimular a economia, incluindo um novo programa de compra de títulos de dívida, no fim de sua reunião de política monetária esta semana. Essa é uma razão pela qual os investidores — muitos deles ansiosos por uma ação do Fed — terem reagido com calma aos dados de emprego, que ficaram aquém das cerca de 125.000 vagas previstas por vários analistas. Na sexta-feira, a Média Industrial Dow Jones subiu 14,64 pontos, para 13.306,64.

Na semana passada, em uma reunião de economistas e banqueiros centrais em Jackson Hole, Estado de Wyoming, o presidente do Fed, Ben Bernanke, descreveu o fraco mercado de trabalho como um problema grave. Sua declaração é um forte sinal de que ele tomaria novas medidas para reforçar o crescimento econômico. Ele também disse que os benefícios econômicos de um programa de compra de títulos de dívida superam os custos.

O número de contratações menor que o esperado, somado a outros relatórios que indicam uma desaceleração na produção industrial, sugere que a recuperação da economia americana não está decolando e remove o último obstáculo no caminho do Fed para colocar em prática uma nova ação.

Funcionários do banco central têm pendido na direção de um programa ilimitado de compra de títulos de dívida pelo qual o Fed mantém a opção de comprar mais títulos depois de um lote inicial, se a economia não decolar. Eles também têm demonstrado preferência por uma mistura de títulos lastreados por hipotecas e notas do Tesouro.

O relatório do Departamento de Trabalho mostrou que a iniciativa privada adicionou um total de 103.000 postos de trabalho em agosto, enquanto a folha de pagamento do governo foi reduzida em 7.000 vagas. Estados e municípios eliminaram 10.000 postos de trabalho, enquanto que governo federal acrescentou 3.000.

Alguns setores que tinham mostrado força em meses anteriores, incluindo o manufatureiro e de serviços temporários, passaram por uma transição e, em vez de adicionar empregos, eliminaram vagas em agosto.

O setor de prestação de serviços — uma categoria abrangente que inclui trabalhos como os de advogados e consultores —, criou 28.000 vagas em agosto em comparação com um ganho de 47.000 empregos em julho.

A Appistry Inc. é uma das muitas empresas que recentemente desacelerou seu ritmo de contratação. A empresa do Estado de Missouri que vende software e hardware para a análise do código genético contratou cerca de 20 pessoas este ano, aumentando a folha para 50 funcionários.

Mas Kevin Haar, diretor-presidente da Appistry, disse que vem contratando com muito mais cuidado atualmente.

Ele tinha planos de contratar quatro pessoas no mês passado, mas contratou só uma. Ele pretende fazer o mesmo este mês. O motivo: seus clientes, cada vez mais cautelosos, começaram a cortar suas encomendas para a faixa de US$ 75.000 em vez dos grandes projetos que podem chegar US$ 200.000 ou mais de antes.

Além disso, como muitas instituições de pesquisa recebem dinheiro do governo federal, Haar não tem certeza exatamente como os cortes de gastos federais programados irão afetar seus clientes.

"Sentimos que temos que lidar com um nível de incerteza todos os dias", disse ele. "Nossa indústria é uma área de grande crescimento, mas há muita cautela e hesitação para gastar dinheiro."

Kimberly Fair, da Flórida, está entre os milhões de pessoas vasculhando sites de emprego e enviando centenas de currículos. Fair, de 33 anos, perdeu o emprego como secretária de escola em julho e vem procurando emprego no campo da educação.

Ela tem um diploma universitário e está fazendo pós-graduação, na esperança de se tornar orientadora do ensino médio.

Mas há poucos empregos, por isso é difícil encontrar até mesmo o lugar certo para se candidatar. "Eu vejo vagas para enfermeiros, operadores de empilhadeira — coisas que, obviamente, não estou qualificada para fazer —, mas de vez em quando acho vagas que eu penso: 'Eu poderia fazer isso'", diz Fair. "Talvez eu possa ser assistente administrativa por um tempo até terminar a pós-graduação e deslanchar minha carreira."

Fonte: The Wall Street Journal

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