Economista afirma que o Brasil ainda tem que avançar muito na qualificação da mão de obra. Mas considera esse “um bom problema” diante do desemprego que se abate sobre os países mais ricos.
No governo Dilma Rousseff, o economista Aloizio Mercadante foi ministro da Ciência e Tecnologia e hoje está à frente do Ministério da Educação. Mas não consegue negar sua formação de origem.
Ao receber a equipe de Brasil Econômico para um almoço no restaurante Cantina da Massa, em Brasília, na última quarta-feira, antes mesmo de responder à primeira pergunta, pediu a palavra e fez uma breve, porém acurada introdução sobre a economia brasileira.
Para ele, o país avançou muitos nos últimos anos, graças às políticas de renda e à inclusão social. A evolução ganhou fôlego na atual gestão, com as medidas de renúncias fiscal, de desoneração de folha de pagamentos, e os pesados investimentos em infraestrutura.
Nesse sentido, ele relativiza os problemas com a qualificação de mão de obra, que se intensificam com a atividade econômica a pleno vapor, como em 2010. "Esse é um bom problema, diante da crise de desempregio no exterior", diz, lembrando que há um esforço maior hoje do governo e das empresas para treinar os profissionais. "O Brasil precisa aprender a fazer mais e melhor porque a crise exige mais educação", afirma.
Egresso da Unicamp, como a presidente da República e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, Mercadante diz que a presidente adaptou os conceitos do inglês John Maynard Keynes à realidade brasileira.
"Ela dá ênfase ao investimentos público, mas com forte participação do setor privado. Esse é o modo Dilma de ser Keynes", afirma o ministro.
A toda viagem para o exterior, a presidente tem Mercadante a seu lado. Os ministros mais íntimos de Dilma são Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, e Tereza Campello, do Desenvolvimento Social, mas, de forma gradual, Mercadante está ganhando o mesmo status.
Tanto assim que se comenta nos bastidores do Palácio do Planalto que, em breve, ele poderá assumir a chefia da Casa Civil no lugar de Gleisi Hoffmann, que deixaria o cargo para se dedicar à candidatura ao governo do Paraná. Perguntado a respeito, o ministro ficou com o garfo no ar, sorriu, descartou o novo posto e fez elogios à competência da colega.
Negou também que alimente o projeto político de se lançar ao governo de São Paulo em 2014. "Nessa etapa da minha vida pública há coisas que você não escolhe, é escolhido. Realmente não está na minha pauta hoje", disse.
"Se eu encerrar minha vida pública tendo feito uma boa gestão na educação no Brasil eu irei muito bem para casa", insistiu. Dentro dessa prioridade, o maior esforço do MEC se concentra na área de ciências exatas, como a engenharia e a matemática aplicada. Mercadante lembra que o Brasil até hoje não ganhou um Prêmio Nobel.
Isso vai mudar, promete o ministro, para quem a busca pela excelência nas universidades já teve início com o programa de reajustes concedidos aos professores seguindo o grau de titulação.
"Em um período de crise, de incerteza econômica em relação ao futuro, garantir que todos terão ganho real e especialmente os mais qualificados pelos próximos três anos é um passo muito importante".
Hoje, diz, há um foco nos programas voltados para ciências, tecnologia e inovação que terão um papel histórico para o desenvolvimento do Brasil. "Somos um país de capitalismo tardio. Tudo aqui acontece mais tarde, mas justamente por isso, acontece mais rápido."
Fonte: Brasil Econômico
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