Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Com nova indicação da Selic em 7,5%, juros futuros recuam


Em seu relatório de inflação, Banco Central (BC) informou que trabalha com um cenário de referência no qual prevê a Selic nos atuais 7,5% ao ano até o segundo trimestre de 2013.

Após uma nova indicação no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central (BC) de que a taxa básica de juros seguirá em 7,5% não apenas até o final do ano, mas por um longo período do ano que vem, a curva de juros futuros da BM&FBovespa tem uma leve correção para baixo nos contratos mais longos.

Com giro de R$ 23,003 bilhões, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 recuava de 7,76% para 7,74%, enquanto o para janeiro de 2015 caía de 8,37% para 8,35%, com volume de R$ 2,376 bilhões.

"O relatório sugere a manutenção dos juros nesse patamar por um longo período, mas o mercado continua cético em relação a isso, não acredita que BC vai conseguir passar 2013 sem subir juros", diz Flávio Serrano, economista sênior do Espírito Santo Investment Bank.

"A movimentação da curva faz sentido, mas o mercado está respondendo marginalmente, é um ajuste muito modesto, uma vez que já se esperava que isso fosse acontecer", completa o especialista.

No RTI divulgado na manhã desta quinta-feira (27/9), a autoridade monetária divulgou sua projeção para a inflação, que passou de 4,7%, no relatório anterior, para 5,2% neste.

O BC explicou que sua projeção tem como base um cenário de referência que prevê a taxa de juros nos atuais 7,5% até o segundo trimestre de 2013.

"Uma primeira leitura do RTI sugere que o Copom parece confortável com a Selic a 7,5% ao ano - devendo, portanto, interromper o ciclo de afrouxamento monetário na sua reunião de 10 de outubro (tal como contemplamos em nosso cenário base)", diz a equipe da LCA, em relatório.

A consultoria nota ainda que as perspectivas anunciadas no relatório sugerem que o BC não terá necessidade de ajustar as condições monetárias no horizonte relevante, que vai até o terceiro trimestre de 2014, já que, nesse intervalo de tempo, as projeções de inflação permanecem dentro da zona de conforto próxima de 5% ao ano.

Para 2013, a previsão atual do BC é de inflação em 4,9%, e em 5,1% até o terceiro trimestre de 2014.

"Avaliamos, entretanto, que uma melhora mais consistente da atividade doméstica (já neste 2º semestre) e do ambiente externo (a partir de meados do ano que vem) - tal como contemplamos em nosso cenário base - acumulará pressões inflacionárias que exigirão um ajuste moderado das condições monetárias na virada de 2013 para 2014 (que virá, de resto, acompanhada por menor estímulo fiscal)", diz a LCA.

A consultoria projeta uma elevação da Selic de 7,5% para 9% entre o último trimestre de 2013 e o primeiro de 2014.

Para a elevação na estimativa de inflação do BC de 4,7% para 5,2%, foram apontados o comportamento de alta no preço das commodities, por conta do choque de oferta e dos programas de estímulo dos Estados Unidos e Europa.

"O RTI pondera, entretanto, que a desaceleração da economia chinesa e a perspectiva de continuidade da fragilidade econômica mundial tendem a conter a pressão de alta sobre as commodities a médio prazo", diz Flávio Combat, da Concórdia.

A ênfase do BC nos impactos defasados da política monetária sobre a atividade (reafirmada persistentemente nas atas do Copom e agora no RTI) é uma sinalização importante de que a redução da Selic já chegou ao fim, pontua o especialista.

"A perspectiva de que a Selic será mantida em 7,50% ao ano é reforçada pela maior preocupação do BC com a trajetória recente das commodities, sobretudo agrícolas, no mercado internacional", pondera Combat.

O analista da Concórdia também prevê a Selic inalterada até o fim deste ano.

Destoando de seus colegas de mercado, Adriano Lopes, do Itaú Unibanco, afirma que segue esperando por um corte adicional de 0,25 ponto percentual em outubro.

"O BC reduziu apenas levemente sua previsão de inflação [de 5% para 4,9% em 2013], o que reduziu marginalmente as chances de uma redução final da taxa em outubro", diz Lopes.

A divulgação do IGP-M feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV) também nesta manhã, apesar de ter desacelerado de 1,43% em agosto para 0,97% em setembro, permanece em patamar elevado, e não pode ser relacionada ao movimento de diluição dos prêmios, diz Serrano, do Espírito Santo.

Fonte: Brasil Econômico

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