Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Brasil pode ser o próximo a sair do trilho, diz banco


Opinião do economista do Natixis é rebatida por professor da Fundação Dom Cabral: país tem problemas estruturais, mas está muito menos vulnerável hoje do que no passado.

"Os investidores devem se preocupar com países que não asseguram sua solvência externa". Com essa afirmação, o economista Patrick Artus, do banco francês Natixis, conclui um estudo que aponta o Brasil entre os países que podem experimentar uma crise no futuro.

O economista examinou a situação da Austrália, do Brasil, do Canadá, da Finlândia, da Turquia e da Índia, procurando responder se esses países têm "déficit externo e risco de insolvência externa porque o déficit não tem investimento eficiente como contrapartida".

Artus avaliou seis variáveis que indicariam uma situação potencialmente ruim e concluiu que o Brasil possui quatro delas: dívida externa líquida, alto endividamento do setor privado, bolha imobiliária e estagnação da produção industrial. Os dois outros pontos, que não são características do Brasil, são déficit fiscal e queda na taxa de investimento.

"Crises financeiras afetam países que não asseguram sua solvência externa", explica Artus. Além de Espanha, Grécia, Portugal, França e Reino Unido, que já estão nessa situação, o economista indica que "esta configuração potencialmente prejudicial está presente em outros países, como Índia, Brasil e Finlândia".

Opiniões divergentes

Para o professor de Economia e Finanças da Fundação Dom Cabral, Rodrigo Zeidan, os pontos levantados por Artus são importantes. "A vulnerabilidade externa sempre foi um problema no Brasil e sempre será. Não há perspectivas de mudanças", afirma o professor.

O Brasil tem um alto déficit na balança de serviços e renda, que acumularam um saldo negativo de R$ 40,8 bilhões entre janeiro e julho deste ano, conforme dados do Banco Central (BC). Porém, essa posição normalmente é financiada pela entrada de capital estrangeiro, seja pelo resultado das exportações, seja por investimento estrangeiro direto.

Com isso, sempre existe a possibilidade de uma crise. Porém, Zeidan acredita que o Brasil esteja atualmente muito menos vulnerável do que no passado. "O país contorna o problema com uma economia exportadora e com reservas internacionais amplas", diz. Para ele, o que aconteceu no passado, com o dólar a R$ 4, não deve acontecer de novo.

Assim como a vulnerabilidade externa, a estagnação da produção industrial também é, de fato, uma preocupação.

Porém, os demais indicadores citados por Artus são rebatidos pelo professor. Segundo ele, a percepção de que há uma bolha imobiliária no Brasil é errônea. "O economista está avaliando apenas o aumento real dos preços dos imóveis. E esses valores realmente aumentaram, mas porque estavam deprimidos havia muito tempo", explica.

Além disso, ele confirma que o setor privado de fato se endividou nos últimos cinco anos. Contudo, o nível da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) ainda não está em níveis preocupantes.

"Não estou dizendo que o Brasil não tem problemas. Há uma série de questões estruturais que precisam ser resolvidas para que o país possa crescer no longo prazo. Mas não concordo que exista um grande risco de crise financeira", conclui Zeidan.

Outros países em risco

Em sua análise, Patrick Artus notou que a Índia possui cinco dos seis sinais de uma situação de risco: dívida externa líquida, alto déficit fiscal, queda na taxa de investimento, bolha imobiliária e estagnação da produção industrial.

Já a Finlândia possui quatro variáveis preocupantes: queda da taxa de investimento, bolha imobiliária, estagnação da produção industrial e déficit externo.

Fonte: Brasil Econômico

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