Dinâmica de preços limita atuação do BC, com expectativa da Selic em 7,5% no final do ano ganhando força no mercado.
O choque de ofertas dos produtos agrícolas, decorrente da forte seca que atingiu os Estados Unidos, deve bater com mais força no mercado brasileiro nas próximas aferições do IPCA, o que fará o índice acelerar em relação ao fechamento de agosto, de acordo com a previsão dos analistas.
"O grupo Alimentação e Bebidas certamente continuará pressionado, pois esperamos que os efeitos indiretos das altas de milho e soja sobre as proteínas (por encarecerem as rações) se intensificarão a partir de setembro", diz a equipe da LCA, em relatório.
Após registrar taxa de 0,91% em julho, o grupo de alimentos teve desaceleração no mês passado, mas ainda assim seguiu em nível elevado, com uma alta de 0,88%. O grupo teve uma contribuição de 0,21 pontos percentuais no índice fechado do mês passado.
O grupo habitação, por sua vez, que recuou de 0,54% em julho para 0,22% em agosto, deve voltar a acelerar em setembro, prevê a consultoria, por conta de reajustes previstos no setor de energia elétrica residencial.
Além disso, transportes, que passou de uma deflação de 0,03% para uma inflação de 0,06%, deve manter a trajetória ascendente na próxima medição, com o avanço previsto pela LCA nos preços do etanol e da passagem área.
"Entendemos que o IPCA mostrará comportamento mais pressionado neste segundo semestre em relação aos meses anteriores, a despeito de alguns alívios pontuais, como em recreação", reforça o Bradesco.
O item recreação, que teve alta de 0,97% em julho, registrou deflação de 0,54% em agosto, o que levou a inflação do grupo despesas pessoais a recuar de 0,91% para 0,42%.
Por mais que a acomodação nos níveis da atividade econômica ajude a manter a inflação de serviços controlada, o repasse da alta do preço internacional de grãos para a inflação doméstica ao consumidor deve se intensificar, prevê também a instituição financeira.
A ainda desafiante dinâmica inflacionária, com a recente deterioração nas expectativas do mercado, evidenciada no boletim Focus do Banco Central (BC), que tem taxas crescentes na projeção do IPCA há oito semanas seguidas, limita o espaço da autoridade monetária para estender seu ciclo de flexibilização, observa Alberto Ramos, do Goldman Sachs.
Pela previsão dos economistas consultados para o Focus, o IPCA irá terminar o ano em 5,20%. Em agosto, o índice de preços ficou em 5,24%, ante 5,20% em julho. Para 2013, o prognóstico é por um IPCA de 5,51%.
"No máximo, o BC irá promover mais um corte de 0,25 ponto percentual em outubro, dependendo dos dados de atividade a serem divulgados", pondera o especialista da instituição financeira americana.
Caso os aguardados pacotes de estímulo dos governos americano e europeu sejam efetivamente confirmados, a liquidez abundante decorrente dessas operações tende a forçar ainda mais a alta nos preços, ressalta Pedro Paulo Silveira, da Tov.
O anúncio do governo federal, de elevar o imposto de importação de 100 produtos, também é um fator adicional a causar pressão sobre os preços durante o segundo semestre, destaca Silveira.
"Ainda que o BC não suba a taxa básica, é pouco provável que ele insista no ciclo de queda. Aumenta a probabilidade de ficarmos com os juros básicos parados onde estão, aos 7,5%", afirma o economista da Tov.
Por ter se aproximado das estimativas do mercado, e sinalizar a aproximação do fim do ciclo de corte nos juros, confirmando a expectativa de uma ala do mercado, os reflexos do IPCA de agosto foram limitados sobre o movimento da curva de juros futuros da BM&FBovespa nesta quarta-feira (5/9), que opera sem tendência definida.
Mais negociado, com giro de R$ 67,032 bilhões, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2013 recuava de 7,28% para 7,26%, enquanto o para julho do mesmo ano subia de 7,34% para 7,36%, com volume de R$ 7,546 bilhões.
Fonte: Brasil Econômico
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