Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Inflação deve voltar com força total em 2013, diz BNP Paribas


Caso este cenário de concretize, o Banco Central pode elevar a taxa básica de juros "a partir do segundo trimestre de 2013. Durante o ano, a alta deve chegar a 1,5 ponto percentual".

A forte retomada da economia brasileira no segundo semestre pode penalizar a inflação no ano que vem, gerando preocupação para o governo.

"A economia brasileira começou o ano em marcha lenta e vai terminar em marcha acelerada. A projeção de crescimento para este ano é de algo em torno de 2%, mas para 2013, a expectativa é de alta de 5,5%", aponta Marcelo Carvalho, economista-chefe para a América Latina do banco francês BNP Paribas.

Entre os vilões da alta nos preços, o economista destaca a injeção de liquidez feita pelos principais bancos centrais do mundo. Com parte dos investimentos sendo alocado nas commodities globais, o preço sobe e influencia no valor dos insumos negociados em real, uma vez que, com a guerra cambial, o câmbio ficará entre R$ 2 e 2,10 durante um tempo.

Caso este cenário de concretize, o Banco Central pode elevar a taxa básica de juros (Selic) "a partir do segundo trimestre de 2013. Durante o ano, a alta deve chegar a 1,5 ponto percentual", destaca Carvalho.

Além disso, ele aponta para os diversos estímulos que o governo liberou neste ano. Entre eles, o corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a desoneração da folha de pagamentos de alguns setores da indústria. Para a inflação não se tornar mais forte, alguns dos estímulos podem ser interrompidos.

"O próprio consenso não acredita mais na meta da inflação em 4,5%. Até 2016, o valor está acima de 4,5%", diz o economista.

A retomada da economia chinesa também é outro ponto. Apesar da projeção do crescimento para este ano, alta de 7,5%, ser menor do que o de 2011, a perspectiva para 2013 é de avanço de 8%.

Ele explica que as reformas econômicas que estão sendo feitas na China são delicadas, pois mexe muito no contexto político. Além disso, o país teme passar pelos problemas que tiveram com a crise de 2008, quando vários estímulos foram realizados, o que acabou elevando a inflação em patamares além do desejado e gerando bolha no mercado imobiliário.

"Se a China continuasse a crescer 10% em 10 anos, ela não caberia no mundo. É natural essa desaceleração. O crescimento na próxima década deverá ficar entre 5% e 6%", pontua Carvalho.

O ambiente interno também se mostrará aquecido e poderá elevar a inflação em 2013. A recuperação industrial observada já no segundo semestre deverá aumentar. Ao mesmo tempo, a confiança dos consumidores e dos empresários tem se mostrado cada vez maior. "O ponto de partida da inflação já será ruim. Hoje, o acumulado de um ano já está em 5,3%".

Mesmo com a melhora da confiança dos consumidores, a inadimplência, que tanto preocupou neste ano, tende a diminuir com o avanço na economia. Para Marcelo Carvalho, ainda há espaço para o crédito no Brasil, em relação aos padrões internacionais, principalmente no mercado imobiliário, que hoje responde por 5% do Produto Interno Bruto (PIB).

Cenário Externo

Apesar da melhora no Brasil, a situação não é a mesma para a economia global. Segundo Carvalho, a perspectiva de crescimento global para 2012 está menor do que o que se imaginava há três meses, passando de 3,2% para 3,1%.

No entanto, ele destaca que não existe mais risco de um colapso na Zona do Euro, pelo menos no curto prazo.

Nos Estados Unidos, o cenário não é tão ruim quanto na Europa, uma vez que a projeção do PIB gira em torno dos 2%, e o mercado de trabalho ainda deverá continuar fraco por um longo tempo.

Na região do euro, a previsão é de recessão na economia, com queda de 0,4% em 2012 e ligeira alta de 0,2% em 2013.

Já no Japão, após baixa de 0,8% no PIB ano passado causada pelo tsunami, a recuperação deste ano deverá atingir alta de 2,2%, se estabilizar e crescer 0,6% no ano que vem.

Fonte: Brasil Econômico

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