Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Apesar do PIB, investimento estrangeiro continua em alta


Mercado interno forte, pacotes de infraestrutura e recursos naturais atraem investidores para o Brasil.

Apesar dos corriqueiros comentários de que a percepção do Brasil no cenário internacional azedou, economistas garantem que em diversas áreas o país ainda é competitivo e continuará a atrair investimentos.

Na visão dos estrangeiros, o mercado interno forte - impulsionado pelo aumento da renda -, os pacotes de infraestrutura e os recursos naturais colocam o país em situação mais atraente que outras economias emergentes.

Apesar de novos países entrarem no radar das multinacionais, como os latino-americanos Peru e Colômbia, eles ainda não passaram pela explosão de renda que o Brasil passou na última década.

Com isso, o setor de serviços brasileiro ainda é mais pujante. "Mesmo com as mudanças de regras e alguma insegurança que os estrangeiros têm temido, o setor de serviços no Brasil ainda atrai muitas atenções", afirma Antônio Madeira, economista da LCA.

Para ele, a falta de concorrência externa e uma inflação que cresce mais do que a do país são fatores de peso para a atração de capital.

A compra da Amil pela americana UnitedHealth, em outubro, confirma a confiança internacional neste setor, indica Madeira. "Foram quase R$ 7 bilhões por 70% da companhia. Isso mostra como o setor ainda está muito forte", destaca.

Saúde, educação e transportes, diz Madeira, são os segmentos mais pujantes do setor que representa mais de dois terços do Produto Interno Bruto brasileiro. "É o que tem dado alguma dinâmica à economia", conclui.

Luciano Rostagno, economista do WestLB, diz que as perspectivas de crescimento nos países desenvolvidos ainda são piores que a do Brasil, o que eleva seu potencial de investimentos.

"Até pela demora do país em se consolidar nas áreas prioritárias, principalmente na infraestrutura, a relação entre risco e retorno é atraente."

A percepção de Rostagno se reflete no ingresso líquido de investimentos estrangeiros diretos. Apesar da crise insistente há pelo menos dois anos, o saldo continua vigoroso.

Nos últimos meses, a saída de investimentos diminuiu, indicando uma tendência contrária às críticas feitas ao país. Não há interrupção de investimentos iniciados. Apenas atrasos, como diz Celso Grisi, diretor do Instituto Fractal.

"Os investimentos diretos têm desempenho positivo por causa da natureza do investimento. São projetos de longo prazo, que comprometem grandes montantes. Não é da noite para o dia que se abandona um projeto", diz.

João Medeiros, diretor da Pioneer Corretora, está mais azedo que seus colegas. Segundo ele, o governo mudou as regras do jogo à força, o que afugentou até clientes seus. "Eles foram convidados para um jantar e foram recebidos a vassouradas", reclama.

O principal fator que desestimulou os investimentos, diz ele, foi a exigência de manter capital no país por no mínimo cinco anos para não ser sobretaxado. "Isso matou os investimentos na agroindústria. Em diversas áreas não é preciso ficar ‘montado' em real por cinco anos."

Um efeito colateral da medida é a restrição para conseguir empréstimos estrangeiros. "Eles precisam trabalhar com os juros do Brasil, o que inviabiliza qualquer negócio."
Apesar de tudo, é um otimista.

"Depois das críticas, imagino que o governo irá rever algumas medidas. Precisamos voltar ao centro global", afirma Medeiros.

Fonte: Brasil Econômico

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