Indefinição deve pairar sobre bolsas globais até que negociações sejam encerradas; especialista acredita que decisão pode ser postergada, o que geraria pessimismo.
Mesmo fechando a semana com desempenho na contramão do cenário internacional, o Ibovespa deve ter o seu ritmo guiado pelo desfecho das negociações para evitar o abismo fiscal nos Estados Unidos durante os primeiros pregões de 2013.
A decisão de Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, e do Congresso americano será o principal ingrediente das três próximas sessões do índice doméstico.
Para Mitsuko Kaduoka, diretora de análise de investimento da BI&P - Indusval & Partners Corretora, a votação sobre o abismo fiscal ainda pode trazer surpresas.
"Não será novidade se houver um acordo para tentar amarrar um pouco mais esse assunto. Se isso acontecer, e o acordo for postergado, a bolsa sofreria um pouco, mas não teria quedas acentuadas".
A especialista alerta que uma votação postergada agregaria nervosismo, tensão e indefinição a todos os mercados globais. "Se o acordo não for estabelecido, mas Obama sinalizar que está fechado, não haverá problema, porque o mercado vai sofrer, mas depois voltará a subir. Vale lembrar que o desfecho será assimilado apenas na quarta-feira (2/1), quando as bolsas voltam a abrir", explica Mitsuko.
Além disso, a agenda da semana será movimentada e pode trazer outros elementos para mexer com o humor dos investidores. Mesmo com o Ibovespa sem operar na segunda-feira (31/12), a divulgação da sondagem industrial na China deve impactar no desempenho da bolsa doméstica durante a semana. Também do gigante asiático, a sondagem de serviços foi destacada por Mitsuko.
"Se os dados da China referentes a dezembro trouxerem números positivos, poderá ser vista uma valorização no mercado brasileiro. Caso os resultados vierem em linha com o esperado, a informação não deve causar impactos contundentes".
No continente europeu, os holofotes também ficarão centralizados na divulgação dos indicadores que medem o nível da atividade industrial e do setor de serviços.
"No momento, os indicadores industriais da Europa são secundários. A atenção do investidor brasileiro está muito concentrada na China e nos Estados Unidos. Caso os resultados sejam expressivos, tanto para cima quanto para baixo, eles podem causar consequências mais avassaladoras", observa Mitsuko.
Após uma semana como protagonista intocável, os Estados Unidos devem se manter entre os principais fatores determinantes para o comportamento dos agentes.
Por lá, a atividade manufatureira, dados do mercado de trabalho e a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), devem ficar no radar dos investidores mundiais.
"Os indicadores de emprego dos Estados Unidos podem mexer com o humor dos investidores. Caso tragam números muito abaixo do esperado, o Ibovespa deve apresentar perdas consideráveis".
Mitsuko avalia que a interpretação da ata do Fomc deve ser mais cautelosa.
No panorama doméstico, a especialista da Indusval & Partners Corretora avalia que o principal indicador será o dado que mede a atividade industrial. "É importante para projetarmos possibilidades para o crescimento da economia".
Para ela, o foco do investidor brasileiro na próxima semana deve começar com a questão fiscal dos Estados Unidos. "Isso vai balizar o ritmo dos mercados. Se o acordo for fechado, os investidores do mercado devem respirar aliviados", conclui Mitsuko.
Visão técnica
Depois que ultrapassou a resistência dos 61.000 pontos, o principal índice da bolsa doméstica não se sustentou neste patamar, em função dos impasses nas negociações do acordo orçamentário americano.
"Ainda assim, o índice permaneceu acima dos 60.000 pontos, que era a barreira a ser ultrapassada anteriormente", afirma Alan Soares, analista técnico da Trader Corretora.
O desfecho das negociações do abismo fiscal determinará a tendência apresentada pelo Ibovespa na próxima semana. Com suporte em 60.000 pontos e resistência em 61.400 pontos, o Ibovespa, segundo analista gráfico, deve iniciar um rali de alta que pode se perpetuar caso Obama consiga fechar acordo que evite o abismo fiscal e uma posterior recessão econômica do país.
"Se conseguir superar o abismo fiscal, o Ibovespa deve ultrapassar novamente os 61.000 pontos e baterá a barreira dos 63.000 pontos", pontua Soares, explicando que 63.000 será o objetivo do índice caso o desfecho no cenário americano seja positivo.
Por outro lado, Soares avalia que se Obama e o Congresso americano não conseguirem evitar o abismo fiscal ou postergarem a decisão, o índice doméstico deve entrar em uma tendência de retrocesso e o objetivo estará em 58.000 pontos.
Fonte: Brasil Econômico
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