A autoridade monetária se comprometeu a adquirir US$ 45 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA, além dos US$ 40 bilhões em ativos hipotecários que começou a comprar em setembro.
O Federal Reserve (Fed, banco central americano) ampliou suas medidas de estímulo à economia nesta quarta-feira (12/12), expressando decepção com o ritmo da recuperação no emprego enquanto controversas negociações orçamentárias nos Estados Unidos elevam a incerteza sobre as perspectivas.
A autoridade monetária substituiu um programa de estímulo mais modesto que vence no final do ano por uma nova rodada de compra de Treasuries que vai aumentar seu portfólio de ativos. O Fed se comprometeu a adquirir US$ 45 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA, além dos US$ 40 bilhões em ativos hipotecários que começou a comprar em setembro.
Em uma decisão surpreendente, o Fed também estabeleceu bandas numéricas como guias para sua política monetária, em uma medida que não era esperada antes do início do próximo ano.
O Fed disse ainda que deverá manter os juros oficiais quase zerados enquanto o desemprego permanecer acima de 6,5%, as projeções de inflação entre um e dois anos forem menores do que 2,5% e as expectativas de inflação no longo prazo permanecerem contidas.
A autoridade monetária americana notou que o desemprego se mantém elevado e que a inflação está abaixo do objetivo de 2%.
"O comitê ainda teme que, sem afrouxamento suficiente, o crescimento econômico pode não ser forte o bastante para gerar melhora sustentável nas condições do mercado de trabalho", afirmou o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed em comunicado.
Autoridades também repetiram uma promessa de continuar a comprar bônus até que as perspectivas para o mercado de trabalho melhorem significativamente. Uma queda na taxa de desemprego para 7,7% em novembro, frente aos 7,9% registrados em outubro, foi gerada sobretudo por trabalhadores que deixaram a força de trabalho, e, portanto, não chegou perto de satisfazer essa condição.
Sob o programa "Operação Twist", que expira no final deste mês, o Fed estava comprando US$ 45 bilhões em Treasuries com prazo mais longo com os recursos captados na venda de dívida com prazos mais curtos.
A nova rodada de compra de ativos pelo governo anunciada nesta quarta-feira será financiada essencialmente por meio da criação de mais dinheiro, expandindo o portfólio de US$ 2,8 trilhões do Fed.
O chairman da instituição monetária, Ben Bernanke, discutirá a mais recente decisão da autoridade monetária em coletiva de imprensa às 17h15 (horário de Brasília).
Mirando a recuperação
O Fed praticamente zerou as taxas de juro em dezembro de 2008 e comprou cerca de US$ 2,4 trilhões em bônus em esforços para reduzir os custos de financiamento e desencadear uma recuperação mais forte da economia dos EUA.
Apesar dessas tentativas agressivas e não convencionais, o crescimento econômico americano segue morno. O Produto Interno Bruto (PIB) avançou a uma taxa anualizada de 2,7% no terceiro trimestre, mas parece agora estar desacelerando de forma acentuada.
Segundo levantamento da Reuters divulgado nesta quarta-feira, economistas esperam que a economia registre expansão de apenas 1,2% no último trimestre do ano.
O setor corporativo adotou uma postura defensiva, temendo um arrocho na política fiscal à medida que políticos em Washington debatem possíveis soluções para evitar uma combinação de US$ 600 bilhões em aumentos de impostos e cortes de gastos que passam a valer automaticamente no início de 2013.
Bernanke alertou que essa combinação, conhecida como abismo fiscal, levaria a economia a uma nova recessão.
Membros do Fed vão divulgar uma nova série trimestral de projeções econômicas e de juros às 17h (horário de Brasília) desta quarta-feira, podendo indicar mais uma rodada de revisões para baixo nas perspectivas de crescimento.
Em setembro, o Fed estimou que a economia americana cresceria de 2,5% a 3% em 2013, mas mesmo esse ritmo modesto começa a parecer otimista. Pesquisa da Reuters mostrou uma estimativa de crescimento de 2,1% no ano que vem.
Fonte: Brasil Econômico
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