Presidente disse, durante coletiva, que o crédito para a produção não pode vir só das instituições públicas.
"A infraestrutura tem de virar uma obsessão do país". A frase, dita ontem pela presidente Dilma Rousseff, embute duas questões: o governo tem consciência de que o nível de investimentos fecha 2012 muito aquém do desejado - não passará de 19% do Produto Interno Bruto (PIB) - e que a oferta de financiamentos de longo prazo ainda é muito baixa para fazer frente à prateleira de projetos que foram anunciados durante o ano.
E, mais uma vez, os maiores bancos no Brasil estão sendo chamados a participar. "Nós precisamos que nossos bancos privados participem dos projetos de financiamento de longo prazo, e, não, apenas o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)", disse a presidente ontem, durante café da manhã com jornalistas.
Quase ao mesmo tempo e a 1,3 quilômetro do Palácio do Planalto onde ela estava, seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, já conversava com os principais banqueiros e executivos do sistema financeiro pedindo que o crédito, principalmente do financiamento à produção, deslanchasse em 2013.
Ele deixou claro que o governo não é contra o lucro dos bancos. No entanto, é imprescindível que esse retorno venha de empréstimos e não mais dos ganhos com operações de tesouraria - aplicação que as instituições sempre fizeram em títulos públicos com rentabilidade garantida.
O BNDES tem se mostrado muito adequado para esse tipo de financiamento, segundo Dilma. No entanto, frisou, é necessário uma presença maior do setor privado para dar musculatura, sustentabilidade ao processo. "E também porque é sempre bom, em qualquer área, que vários participem para criar a chamada competição virtuosa. Vai ser mais ágil".
Aliado a isso, o governo quer impulsionar outros instrumentos de financiamento, como fundos de investimento e debêntures conversíveis em ações. A equipe de Mantega vem estudando isenção de Imposto de Renda para Fundos de Investimento Creditório (Fdic) nos mesmos moldes das debêntures para infraestrutura.
De acordo com a presidente, a redução da taxa básica de juros dá atualmente condições para seguir nessa direção. Antes, lembrou que a criação da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), a que chamou de "jabuticaba", foi um reconhecimento de que o juro praticado no curto prazo era inviável para o longo prazo.
"Enquanto não tiver estabilidade nesse mercado de longo prazo não tem financiamento nem que a vaca tussa", afirmou.
Para ela, não há dúvidas que os projetos brasileiros vão brilhar aos olhos dos investidores internacionais dado o ambiente externo com retornos neutros e até mesmo negativos. Além disso, o governo está garantindo que ao menos 80% do projeto seja financiado a taxas atrativas, o que eleva o retorno.
Participaram da reunião com Mantega os presidentes do Itaú, Roberto Setúbal, do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda. E executivos de alto escalão do Banco do Brasil, Santander, Safra, HSBC e Citibank.
Fonte: Brasil Econômico
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