O próximo ano não promete ser de grandes mudanças econômicas, mas terá pontos cruciais para garantir uma retomada mais acelerada dos principais países do mundo.
As perspectivas econômicas para os Estados Unidos, a Europa e a China para 2013 são melhores do que o desempenho em 2012, mas fatos cruciais podem por tudo a perder e retardar a retomada na economia das três regiões.
A lenta recuperação dos Estados Unidos neste ano mostra que o país ainda deverá enfrentar árduos problemas no próximo ano, principalmente por causa do fraco mercado de trabalho.
"Não é só dinheiro que resolve criação de emprego. O trabalho maior nos Estados Unidos é conseguir fazer com que a confiança dos empresários volte, para eles poderem investir. Consequentemente, a confiança do americano para consumir retorna", pondera Nastássia Romanó, economista da Omar Camargo.
Além disso, a questão fiscal continuará a pesar sobre o país. "Após o fator emergencial para evitar o 'abismo fiscal', o ponto vira estrutural, pois a economia americana vem causando muita desigualdade", estima a economista. Os Estados Unidos, portanto, terão o desafio em 2013 de não deixar aumentar a diferença social.
Outra questão em foco será o mercado imobiliário, que originou toda a crise americana. "O setor voltou a se recuperar, o que é muito positivo. Se a inflação continuar controlada, isso será um alento. Por outro lado, será o momento de observar como o consumo e o crédito estão voltando a caminhar juntos. As crises fazem algumas questões, que antes estavam em desequilíbrio, se reestruturarem", completa.
China
No mesmo sentido que os Estados Unidos, a China também enfrentará problemas mais críticos com o mercado imobiliário. O maior receio do gigante asiático é de formação de bolha, principalmente em Hong Kong.
Muitas medidas já foram tomadas, mas ainda o país quer controlar os preços para que não subam abruptamente ao ponto de impossibilitar a compra. Entre elas, o controle mais rígido na concessão de crédito, o que não aconteceu nos Estados Unidos no início da crise.
"A partir do momento que a pessoa vê o preço das residências como um investimento certo, começa a comprar imóveis sem parar. Os preços sobem e o produto fica alavancado", diz a economista.
Ainda por lá, para garantir o crescimento dos 8% previstos para o ano que vem, o governo da China vai precisar estimular o consumo doméstico. No dia 17 de dezembro, o governo disse que não está visando o crescimento acelerado, mas sim a qualidade do crescimento.
Europa
Se os Estados Unidos e a China possuem desafios importantes pela frente, a Europa tem desafios em dobro a serem decididos para não enfrentar uma crise pior do que a dos últimos anos.
"Achamos que os problemas europeus iriam demorar mais para se resolver, mas a união bancária é bem positiva para a região. No entanto, é necessário que não só a política monetária seja unificada, mas a fiscal também. Tudo isso deverá ser feito de forma lenta para não haver choques", exalta Nastássia.
Por outro lado, países como Espanha, Alemanha, Itália, França e Grécia vão continuar no foco. Em relação à Espanha e à Grécia, o importante será monitorar a taxa de desemprego. A economista aponta que se o Banco Central Europeu (BCE) continuar garantindo o leilão de títulos da Espanha, com o yield (retorno) abaixo dos 5%, o problema na região pode melhorar aos poucos.
Na Itália, a troca do primeiro-ministro Mario Monti ficará no centro das atenções. "O Monti foi muito bem recebido pelos investidores, pois o retorno dos títulos soberanos era muito bom. Agora, esse dinheiro precisa continuar voltando e é exatamente o que vamos observar o que vai acontecer com o novo governo", avulta.
Em relação à Alemanha, a cautela começa a pesar mais por conta de dados industriais mais fracos do que o esperado. O país é um grande exportador e se continuar a fraqueza na economia interna, a Alemanha pode perder a capacidade de financiar os outros países e assim entrar em recessão e a confiança no euro ficar abalada novamente. Além disso, 2013 também será um ano de troca de poder político.
E por último a França, que não se encontra entre os discursos mais pessimistas, mas tem mostrado resultado fraco em relação à competitividade, com algumas empresas cortando postos de trabalho. Este movimento está tornando a economia menos competitiva, num momento que o estímulo às importações e exportações são fundamentais para a continuidade econômica.
Fonte: Brasil Econômico
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