Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Banco Central atua no câmbio, de olho na inflação em 2013


Mercado espera aceleração do IPCA-15 no mês de dezembro, mas não vê alterações significativas no discurso da autoridade monetária em seu Relatório de Inflação.

As diversas medidas anunciadas recentemente pelo Banco Central (BC) para evitar uma valorização excessiva do dólar refletem a preocupação da autoridade também com o cenário para a inflação em 2013, uma vez que a taxa mais alta na cotação da moeda americana é sentida pelos importadores, que repassam esse efeito para os consumidores.

"Com os anúncios, o BC está tirando os entraves para ter uma menor pressão cambial, mas que tem como pano de fundo a pressão inflacionária", afirma Flávio Serrano, economista sênior do Espírito Santo Investment Bank.

Representantes da autoridade monetária recorrentemente vem a público pontuar que o regime de metas é e continuará sendo perseguido de maneira firme, e que a inflação irá convergir para o centro da meta, ainda que de maneira não linear.

No entanto, pelas projeções do boletim Focus, o mercado mostra que não comprou essa ideia do BC, já que o prognóstico para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2013 está em 5,42%, frente aos 4,5% estipulados como centro da meta.

Nesta quarta-feira (19/12) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará o IPCA-15, que o Espírito Santo Investment Bank espera que acelere para 0,68% em dezembro, contra os 0,54% de novembro.

No Relatório de Inflação, a ser divulgado na quinta-feira (20/12), Serrano acredita que o BC não deve trazer grandes alterações em seu atual discurso, ainda que espere por mudanças nas projeções da autoridade para o IPCA de 2012.

No último relatório, a estimativa da autoridade era que o índice encerraria este ano em 5,2%, que deve subir para algo acima dos 5,5%, na avaliação do especialista.

Mesmo com o decreto publicado esta manhã pela autoridade, o dólar não chegou a recuar frente ao real, e ficou oscilando próximo da estabilidade.

No entanto, durante a tarde, a moeda americana passou a desvalorizar - recuava 0,28% há pouco -, segundo Daniel Moreli, superintendente de tesouraria do BI&P - Banco Indusval & Partners, por conta de rumores que tomaram conta do mercado, de que o governo poderia tomar outra medida no sentido de combater a alta do dólar.

A próxima intervenção cambial seria no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 1% incidente sobre os derivativos, em posições acima de US$ 10 milhões, e que se ventila a possibilidade de ter o limite ampliado pelas autoridades.

Assim como seu colega de mercado, Moreli também não acredita na convergência da inflação para a meta em 2013. Pelos cálculos do Indusval, o IPCA chegará a dezembro do ano que vem próximo dos 6%.

Para o IPCA-15 de amanhã, a expectativa do superintendente também é bem parecida com a do Espírito Santo: de 0,67%.

"Acho difícil encontrar algum economista que tenha a projeção de inflação convergindo para os 4,5% no final do ano que vem", comenta esse especialista. "Se existe algum risco, é de a inflação ir para o teto, e não para o centro da meta".

Mesmo com essa descrença do mercado sobre o cenário com o qual trabalha o BC, Moreli não espera por alterações radicais no discurso da autoridade em seu Relatório de Inflação, principalmente pelas últimas sinalizações vindas de dentro do governo.

Para o superintendente do Indusval, se a autoridade tiver de promover alguma mudança na taxa de juros, essa mudança deve ocorrer para cima, e não para baixo como chegou a se especular.

Isso por conta da persistentemente elevada inflação. Os alimentos, um dos vilões este ano, devem perder força, mas seguir em níveis preocupantes nos próximos períodos.

O grupo deve encerrar 2012 em 9,8%, e passar para 6,5% em 2013, segundo as projeções do Indusval. Moreli destaca que o mercado de milho nos Estados Unidos iniciará o ano que vem com o menor nível de estoque desde 1974.

"Existe um risco de alta nos preços das commodities por conta dos estoques muito baixos de grãos, e existe sim o risco de um novo repique da inflação de alimentos", pondera o especialista.

Fonte: Brasil Econômico

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