Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

HSBC monta portfólio de ações para dólar a R$ 2,30


Movimento esperado pela instituição financeira no câmbio doméstico deve beneficiar a Vale, e prejudicar a Petrobras.

A desvalorização de 10% do real esperada pelo HSBC no ano que vem está relacionada com uma perspectiva de crescimento mais fraco da economia, o que deve levar o governo a utilizar o câmbio como instrumento para auxiliar a competitividade da indústria nacional.

O movimento de fortalecimento do dólar, na avaliação do banco, será de maneira gradual, para evitar um repentino e significativo impacto na inflação.

Ao contrário de ocasiões anteriores, quando a moeda americana subia em função de um ambiente de recessão global, desta vez o fenômeno será acompanhado de uma recuperação da China, o que tende a favorecer os produtores de commodities.

Nesse contexto, a Vale deve aproveitar o cenário previsto pelo HSBC, uma vez que suas vendas, tanto nacional como internacionalmente, são precificadas de acordo com os preços das commodities, enquanto a maior parte dos custos são denominados em reais.

"A Vale tem uma quantidade significativa de dívida denominada em dólares, mas, como sua receita também é vinculada à moeda americana, essa situação não representa uma preocupação relevante em um cenário de desvalorização do real", afirmam Alexandre Gartner e Francisco Machado, analistas do banco, em relatório.

Por outro lado, para a Petrobras, a esperada apreciação do dólar deve ser prejudicial à companhia, uma vez que o preço da gasolina no Brasil está abaixo da paridade internacional, em 15% a 20%, e a empresa tem de importar o produto.

"Nesse processo, ela tem que pagar preços mais altos no mercado internacional do que recebe pela venda doméstica, gerando, portanto, prejuízo", ponderam os especialistas do HSBC.

Essa perspectiva da instituição financeira para o câmbio em 2013 a levou a reduzir a exposição de sua carteira à Petrobras, que foi de 22,4% para 16%, e a elevar na Vale, de 16% para 17,5%.

O banco também incluiu em sua carteira a SLC Agrícola, com peso de 3%, já que sua receita em dólares é maior do que os custos. Além disso, a expectativa pela estabilidade no preço das commodities também deve favorecer a SLC nos próximos meses.

Entre outras grandes companhias, a Gol deve continuar sofrendo por conta do real mais fraco, já que apenas 7% de sua receita é vinculada ao dólar, enquanto nos custos esse percentual é de 60%.

No caso da Brasil Foods, os benefícios devem continuar superando os prejuízos, uma vez que 40% de sua receita provém de exportações.

Os analistas do HSBC destacam também que a queda verificada nos estoques de aves nas principais praças está gerando uma alta dos preços, completando o benefício de desvalorização do real.

Já para o Pão de Açúcar, os especialistas entendem que a posição da companhia ao câmbio segue insignificante, com apenas 3% de seus produtos alimentícios importados.

"Quaisquer variações cambiais fortes seriam refletidas em reajustes nos preços, que acontecem a cada seis meses, em média", ponderam Gartner e Machado.

Fonte: Brasil Econômico

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