Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

OIC diz que decisão do Brasil de aumentar estoques de café é correta

BELO HORIZONTE, 12 Set (Reuters) - A decisão do Brasil de aumentar os estoques públicos de café em resposta à queda dos preços mundiais para o produto está correta, disse nesta quinta-feira o diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), o brasileiro Robério Oliveira Silva.

No entanto, ele alertou em uma carta publicada ao final da conferência anual da OIC, em Belo Horizonte, que não devem ser repetidos os erros do passado que conduziram a um excesso de oferta e a distorções do mercado.

Os preços de referência do café arábica caíram 30 por cento no último ano e estão em cerca de metade dos registrados em 2011, quando superaram 3 dólares por libra-peso.

Em agosto, o governo brasileiro anunciou um programa de construção de estoques de café --contratos de opção de venda-- para ajudar a sustentar os preços, algo semelhante ao feito em 2009, quando as cotações caíram drasticamente.

O governo se ofereceu para comprar 3 milhões de sacas de café em três leilões diferentes --a primeira parte do programa, para 1 milhão de sacas, será realizada na sexta-feira.

Atualmente, o Brasil tem estoques públicos de cerca de 1,6 milhão de sacas de café, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

"Eu acho que o governo brasileiro está fazendo a coisa certa na construção de ações para regular o fluxo de colheita", disse Silva.

Alguns analistas e autoridades do setor cafeeiro questionam a eficácia de tais medidas. Analistas dizem que, ao proteger cafeicultores no maior produtor mundial de café, o governo faz com que a oferta não se alinhe à demanda, e um excedente é criado.

Em 2001, os preços do café caíram para 44 centavos de dólar por libra-peso na bolsa de Nova York, depois que os países produtores decidiram acabar com um acordo internacional para manter o café, limitando as exportações para sustentar os preços.

Na época o Brasil tinha acumulado grandes estoques de café, superiores a 17 milhões de sacas. O chamado plano de retenção só empurrou os preços para baixo, dizem muitos analistas.

"Hoje enfrentamos desafios igualmente assustadores que devem ser abordados... Nós não olhamos para o nosso passado com nostalgia, para uma era com cotas de exportação e de intervenção no mercado", disse Silva em comunicado.

PRODUÇÃO MAIOR

Pelas estimativas da OIC, o mundo vai produzir 144,4 milhões de sacas de café este ano, um aumento de 7,6 por cento ante a última temporada. Isso supera em muito o crescimento da demanda de pouco mais de 2 por cento ao ano, segundo estimativas da organização.

Quando perguntado se a OIC acreditava que o mundo estava produzindo café em níveis além da demanda e, assim correr o risco da geração de um excedente, o chefe de operações da organização, Mauricio Galindo, disse que "o mercado estava se adaptando aos novos fundamentos de oferta e demanda".

"Podemos esperar que os fluxos de exportação sejam um desafio (para os preços), mas nós estamos olhando para a demanda no futuro. O mercado emergente cresceu e representa mais de 50 por cento do consumo global de café, e o crescimento da economia dos EUA vai começar a voltar", disse ele.

O consumo de café dos EUA expandiu 1 por cento este ano e consumo europeu em 0,6 por cento, em comparação com o consumo dos mercados emergentes, que cresce 4,7 por cento.

"O consumo de café no mercado emergente vai colocar pressão sobre o abastecimento do robusta, devido à demanda por café instantâneo", disse Galindo.

Fonte: Reuters Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário