Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Dirigente da CBIC descarta crise imobiliária no Brasil igual a americana

O dirigente desenhou um cenário positivo para a indústria da construção para os próximos anos, destacando os resultados do programa habitacional Minha Casa Minha Vida.

O vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, rechaçou a possibilidade de o Brasil passar por crise imobiliária semelhante à que atingiu os Estados Unidos em 2008. Palestrante da reunião-almoço de ontem da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul, ele assegurou que entre a situação atual do Brasil e americana de cinco anos atrás existem duas diferenças básicas.

A primeira é sobre a forma de concessão do crédito imobiliário. Nos Estados Unidos, era feita pelo corretor, que analisava as condições do comprador. O título da dívida era, posteriormente, revendido para terceiros. No Brasil, segundo ele, o título fica em poder da instituição financeira responsável pela liberação dos recursos para a compra. “Aqui o processo é mais criterioso”, observou. A segunda diferença apontada por Martins é o fato de, nos Estados Unidos, o imóvel ter servido como componente para auferir resultados imediatos pelo comprador. “Se comprava e vendia com muita facilidade, sempre com elevação do valor do imóvel. Chegou o momento em que todos quiseram vender e não encontraram mais comprador. No Brasil, esta prática é pouco comum. A maioria compra para ficar com o imóvel, e não para revender e gerar lucro.”
O dirigente desenhou um cenário positivo para a indústria da construção para os próximos anos, destacando os resultados do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, no qual foram contratadas 2,6 milhões de unidades habitacionais nos últimos três anos, e os futuros projetos de concessão, que deverão somar R$ 200 bilhões de investimentos privados em rodovias, ferrovias, aeroportos e portos. Na avaliação de Martins, o crescimento do Brasil terá de ser sustentado por política de investimentos públicos e privados em infraestrutura e expansão da produção, pois o desenvolvimento por meio do consumo das famílias se exauriu. “As empresas não têm mais capacidade para atender a demanda e, por isso, os preços subiram. A saída é investir para ampliar a oferta.”

O vice-presidente da entidade, porém, argumentou que a sociedade brasileira, em especial o empresariado, não pode mais ficar passiva diante da demora com que a atividade pública se dá no País. Citou, como exemplo, as obras de duplicação da BR-101 em Santa Catarina, que são periodicamente paralisadas por uma razão ou outra. “Não dá mais para aceitar a demora na liberação de licenciamentos de qualquer natureza, resultado da ineficiência do serviço público. É preciso criar mecanismo que dê andamento às obras, enquanto se apura problemas existentes. Paradas é que não podem ficar. Quem mais sofre com esta situação é o contribuinte”, alertou.

Para Martins, um dos grandes desafios da indústria da construção é a gestão do negócio. Ele destacou que o empresário precisa mudar conceitos, como os relacionados a novas tecnologias e capacitação, para se tornar mais produtivo. “Sem gestão não se cumpre prazos, nem se entrega produto de qualidade. E isto o consumidor não aceita mais.” O dirigente observou ainda que o setor precisa continuar empenhado no processo de formalização, pois ainda hoje 60% das empresas trabalham na informalidade. “Em passado recente, era 72%. Com o programa Minha Casa Minha Vida houve esta redução, mas ainda precisamos avançar muito,” ressaltou.

Fonte: Correio Braziliense

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