Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Fed surpreende e mantém ritmo de estímulo por preocupação com crescimento

WASHINGTON, 18 Set (Reuters) - O Federal Reserve disse nesta quarta-feira que continuará comprando títulos ao ritmo de 85 bilhões de dólares por mês por enquanto, expressando preocupação de que um forte aumento nos custos de empréstimos nos últimos meses possa pesar sobre a economia.

A decisão surpreendeu os mercados financeiros, que esperavam uma redução no estímulo econômico do banco central dos Estados Unidos. Além disso, o chairman do Fed, Ben Bernanke, não quis se comprometer com a redução das compras de títulos mais tarde neste ano, como tinha sugerido previamente.

"Não há um calendário fixo. Eu realmente tenho que enfatizar isso", disse ele em uma coletiva de imprensa. "Se os dados confirmam nossa visão básica, se nós tivermos mais confiança na perspectiva... então poderemos mudar ainda este ano."

As ações nos EUA subiram após a decisão do Fed, com o índice S&P 500 atingindo novo recorde de alta. O dólar caiu ao nível mais baixo em sete meses contra o euro, enquanto os preços dos títulos do Tesouro norte-americano subiram fortemente. O preço do ouro, tradicional hedge para inflação, também disparou.

No Brasil, o dólar caiu quase 3 por cento, fechando a 2,1942 reais, e o Ibovespa, principal índice da bolsa, subiu 2,64 por cento.

"O Federal Reserve continua bastante preocupado com a lentidão geral da economia, preferindo correr o risco de ser demasiado frouxo por muito tempo em vez de apertar prematuramente", disse Mohamed El-Eriandiretor, co-chefe de investimentos da Pimco, que gerencia o maior fundo de investimento do mundo.

Nas suas novas projeções trimestrais, o Fed reduziu sua previsão de crescimento econômico para 2013 para o intervalo de 2 a 2,3 por cento, ante estimativa de junho de crescimento entre 2,3 e 2,6 por cento. A redução das projeções foi mais acentuada para o próximo ano.

O Fed citou apertos na economia provenientes da política fiscal restritiva e taxas de juros de hipotecas mais altas para justificar a decisão de manter o ritmo das compras de títulos.

"O aperto das condições financeiras observado nos últimos meses, se sustentado, poderia desacelerar o ritmo de melhora na economia e no mercado de trabalho", disse o Fed em comunicado explicando sua decisão.

PROGREDINDO LENTAMENTE

De qualquer forma, o Fed disse que a economia ainda está realizando progressos, mesmo frente aos aumentos dos impostos e cortes de orçamento em Washington.

"Levando em consideração a amplitude da redução de despesas fiscais federais, o comitê vê a melhora na atividade econômica e nas condições do mercado de trabalho desde que iniciou o programa de compras de ativos há um ano como consistente com um fortalecimento crescente na economia como um todo", disse o Fed.

E as autoridades deixaram claro que ainda estão avaliando exatamente quando começar a reduzir o estímulo de compra de títulos.

"O comitê decidiu aguardar mais evidências de que o progresso será sustentado antes de ajustar o ritmo de suas compras", disse.

Bernanke declarou em junho que as autoridades monetárias esperavam começar a reduzir o ritmo de compras mais tarde neste ano e terminar o programa em meados de 2014, altura em que o Fed esperava que a taxa de desemprego estivesse ao redor de 7 por cento.

Em uma declaração menos comprometedora nesta quarta-feira, Bernanke disse que uma taxa de desemprego de 7 por cento não é um "número mágico" que os políticos estariam mirando para descobrir quando suspender as compras.

"Podemos começar ainda este ano. Mas, mesmo se fizermos isso, as etapas subsequentes dependerão do progresso contínuo na economia", disse Bernanke. "Nós não temos um calendário fixo. Mas nós temos a mesma estrutura básica que eu descrevi em junho."

A decisão teve apenas um dissidente, a presidente do Fed de Kansas City, Esther George, que novamente votou contra seus colegas, afirmando estar preocupada com as bolhas financeiras devido à política de baixas taxas de juros do Fed.

O Fed tem mantido as taxas de juros próximas de zero desde o fim de 2008 e mais que triplicou suas contas para mais de 3,6 trilhões de dólares após três rodadas de compras de títulos.

O Fed reiterou ainda que não começará a elevar os juros pelo menos até que o desemprego caia para 6,5 por cento, desde que a inflação não ameace ir acima de 2,5 por cento. A taxa de desemprego nos EUA estava em 7,3 por cento em agosto.

A maioria das autoridades, 12 de 17, também projetou que a primeira alta da taxa de juros overnight não acontecerá antes de 2015, embora as estimativas sugiram que o patamar para avaliar um aumento da taxa deve ser atingido já no próximo ano.

Fonte: Reuters Brasil

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