Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Administradoras de shoppings inovam para tentar conter desaceleração

RIO DE JANEIRO, 30 Set (Reuters) - Enfrentando os efeitos do menor crescimento econômico do país e a concorrência de centros comerciais menores e das vendas pela Internet, as administradoras de shopping centers estão ampliando empreendimentos atuais e estreando em regiões menos exploradas para manter o ritmo de crescimento dos últimos anos.

Uma das frentes em que as administradoras estão apostando é a otimização da atual rede, com expansão dos shoppings já existentes. Mais da metade do crescimento da área bruta locável (ABL) vem das expansões.

"As expansões têm menor risco e maior retorno", disse o superintendente de relações com investidores da administradora de shoppings Aliansce, Eduardo Prado. "Em todas as 11 expansões nos próximos dois anos, a gente não tem compra de terreno, o que reduz o investimento."

Outra frente é atração de novas marcas, especialmente as estrangeiras. Nomes como a rede de cosméticos Sephora e a varejista britânica Topshop já estão em alguns shoppings.

"A capacidade dos shoppings de conseguir novas marcas no mix de lojas deve ser uma vantagem significativa daqui para a frente", disse em relatório a analista do Credit Suisse, Nicole Hirakawa.

"A gente acredita que um conjunto de novidades e marcas fortes fazem parte da vida do shopping, do crescimento orgânico dele que a gente busca", disse à Reuters o diretor de desenvolvimento da maior administradora de shoppings do Brasil, BR Malls, Luiz Quinta.

O setor também vem se diversificando geograficamente, à medida que os mercados do Sul e Sudeste do país, especialmente nas grandes cidades, começam a ficar saturados.

Os mais de 450 shoppings brasileiros estão localizados em apenas 160 dos 5.500 municípios do país, mostrando que há espaço para novas fronteiras, disse Armando d'Almeida Neto, diretor vice-presidente e de relações com investidores da Multiplan, uma das maiores do país.

Segundo ele, o Brasil possui 68 metros quadrados de área bruta locável (ABL) por mil habitantes. No México, este número chega a 110, na França, a 220, e nos Estados Unidos supera os 2 mil metros quadrados por cada mil habitantes.

"Estamos longe de ser uma indústria consolidada (...). Vamos continuar crescendo", disse Neto.

Segundo a Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), o Brasil terá 42 novos centros em 2013, ante 27 em 2012. Metade das inaugurações serão em cidades do interior.

Para 2014, são esperados mais 39 shoppings, sendo 18 fora das capitais. Do total, 20 serão nas regiões Norte e Nordeste. Boa Vista (RO) será a última capital a receber um shopping.

"O cenário competitivo é muito melhor na região Norte, tendo cidades com baixa penetração", disse Máximo Lima, fundador da Hemisfério Sul Investimentos (HSI), responsável pelo projeto.

FATURAMENTO

As medidas vêm a reboque de crescimento menor do que o esperado pelo setor, refletindo a baixa atividade econômica e o os reflexos sobre o poder de compra das famílias. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda do trabalhador caiu por cinco meses seguidos até julho, voltando a crescer em agosto.

Com isso, no acumulado do ano até julho, o crescimento das vendas do setor foi de 8 por cento na comparação com o mesmo período de 2012, ante previsão inicial da Abrasce de alta de 12, número já revisado recentemente para 10 por cento. Em 2012, as vendas cresceram 10,65 por cento, abaixo da previsão de expansão de 12 por cento.

Além da fraqueza da economia, o setor enfrenta a concorrência do comércio eletrônico, cujas vendas no país subiram 24 por cento ante o mesmo período do ano passado, segundo dados da E-bit.

E ainda há a proliferação de centro comerciais de menor porte. O Pão de Açúcar anunciou recentemente que está investindo cerca de 500 milhões de dólares na construção de mini-shoppings em torno de seus supermercados.

Mesmo assim, representantes do setor de shoppings tentam manter o otimismo. "Há uma demanda maior da nova classe média, mais mulheres trabalhando e comendo fora de casa e demandando serviços", disse a superintendente da Abrasce, Adriana Colloca.

Fonte: Reuters Brasil

Há "bastante trabalho" a ser feito pela política monetária, diz diretor do BC

BRASÍLIA, 30 Set (Reuters) - O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, afirmou nesta segunda-feira que há muito a ser feito pela política monetária para controlar a alta dos preços.

"Acredito que há bastante trabalho a ser feito pela monetária monetária em termos de combate à inflação", afirmou Carlos Hamilton, em entrevista coletiva para comentar o Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta manhã.

Segundo ele, o BC está "desconfortável" com o nível elevado da inflação, que ainda apresenta riscos, como os vindos do câmbio, mas salientou que a "política monetária está sendo devidamente acionada".

O documento trouxe um cenário de inflação mais benigno para este ano, mas um pouco mais pressionado no ano que vem. A previsão é de o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subir 5,8 por cento, ante previsão de 6,0 por cento. Para o ano que vem, a perspectiva é de alta de 5,7 por cento, contra 5,4 por cento estimados em junho.

"Acredito que ainda há riscos para a inflação. O câmbio é um risco para a inflação", disse o diretor, acrescentando que "preços no atacado refletem repasses do câmbio, daqui a pouco aparece no varejo".

A moeda norte-americana subiu 10,23 por cento no acumulado do ano, até o fechamento de sexta-feira. o salto ocorreu a partir de maio, após o Federal Reserve sinalizar que irá reduzir o estímulo monetário ainda neste ano, isso fez a cotação bater 2,45 reais no fim de agosto. Para combater essa disparada, o Banco Central anunciou um programa de intervenções diárias.

Os comentários de Carlos Hamilton levaram os contratos de juros futuros ampliarem a alta que vinha sendo estimulada pelas informações do Relatório de Inflação.

O IPCA-15, prévia do índice oficial, acelerou a alta em setembro para 0,27 por cento, com os preços de Transportes voltando a terreno positivo, mas em 12 meses a inflação ficou abaixo de 6 por cento pela primeira vez neste ano..

Para combater a inflação alta, o BC iniciou um processo de aperto monetário que levou a Selic de 7,25 por cento ao ano, menor patamar histórico, para 9 por cento ao ano.

Agentes do mercado financeiro dão como certa uma nova alta na Selic em 0,5 ponto, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de outubro. Mas ainda há dúvidas sobre a intensidade e a duração dos próximos passos. Pesquisa Focus mostra que economistas consultados pelo BC veem a Selic a 9,75 por cento no fim deste ano.

Fonte: Reuters Brasil

BC: Não é preciso superávit primário de ampla magnitude

Segundo o BC, a situação atual é diferente de quando a solvência do setor público era motivo de preocupação.

O Banco Central (BC) considera que não se faz mais necessária geração de superávit primário, economia para pagamento de juros da dívida, de "ampla magnitude". A avaliação consta do Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta segunda-feira. Segundo o BC, a situação atual é diferente de quando a solvência do setor público era motivo de preocupação. E por isso, era necessário superávit primário maior.

Sobre a posição de analistas de que essa avaliação do BC foi chocante, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, disse que realmente "é chocante, mas o Brasil melhorou nos últimos 10, 15 anos."

Segundo o diretor, na primeira metade da década passada, era necessário melhorar "o balanço do setor público". Ele lembrou que naquela época era gerado superávit primário em torno de 4% a 5% do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país. "Acredito que não existe analista que defenda gerar o superávit de 4% ou 5% do PIB como anteriormente", acrescentou.

"Para o Comitê [de Política Monetária do BC], entretanto, superávits primários em patamares próximos aos que têm sido gerados recentemente são necessários para manter a dívida pública em trajetória sustentável", acrescenta, no relatório. Em 12 meses encerrados em julho, o superávit primário alcançou R$ 88,2 bilhões, o que representa 1,91% de tudo o que o país produz - Produto Interno Bruto (PIB). Houve redução de 0,09 ponto percentual em relação a junho. Hoje, à tarde, o BC divulga o resultado primário de agosto.

O BC reforçou que foram criadas condições para que "o balanço do setor público se desloque para a zona de neutralidade". Ou seja, deve sair da posição expansionista - com aumento de despesas e redução de impostos para estimular a economia - para a neutralidade. De acordo com o diretor, na zona de neutralidade, "não há impacto relevante sobre a demanda agregada".

Ele destacou que não houve mudança na comunicação sobre a política fiscal. Segundo ele, em documentos anteriores, o BC falava do passado ao dizer que a política fiscal estava em posição expansionista e agora está avaliando o futuro, prevendo a neutralidade. Essa expectativa de política fiscal neutra é até setembro de 2015, de acordo com o diretor.

Perguntado se houve questionamentos internos no governo sobre essa avaliação do BC de que a política fiscal é expansionista, Araújo disse que não há como mudar cálculos de indicador. "Não há como fazer o indicador ficar mais otimista ou pessimista. É um resultado de processo construído a partir de um conjunto de informações. Um indicador evolui de acordo com os dados que são fornecidos", destacou.

Fonte: Brasil Econômico

Inflação baixa e estável contribui para crescimento sustentável do país, destaca diretor do BC

Brasília - A inflação baixa e estável não é uma panaceia, mas contribui para o crescimento sustentável do país. A avaliação é do diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo. Para ele, a inflação baixa não resolve todos os males da economia, mas é uma pré-condição ao crescimento econômico sustentável.

Segundo Araújo, a inflação elevada causa baixa confiança na hora de investidores planejarem e aumentarem o prêmio de risco de investimentos. “A economia gera menos emprego, menos renda e menos consumo”, acrescentou. A inflação alta também provoca concentração de renda, menor crescimento e redução do bem-estar.

Por isso, em momentos como o atual, com inflação em alta, o Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por definir a taxa básica de juros, a Selic, deve se manter especialmente vigilante, de acordo com o diretor. A finalidade é reduzir os riscos de que “níveis elevados de inflação como observado nos últimos 12 meses persistam no horizonte relevante para a política monetária”.

Com a alta da inflação no país, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC aumentou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, em abril, e em 0,5 ponto percentual, em maio, julho e agosto. A próxima reunião do Copom este ano será nos dias 8 e 9 de outubro.

Hoje, o BC informou que a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve ficar em 5,8%, este ano. Essa estimativa é do Relatório Trimestral de Inflação. A projeção ficou 0,2 ponto percentual abaixo da previsão divulgada em junho (6%).

Para 2014, a estimativa é que a inflação fique em 5,7%, ante 5,4% previstos anteriormente. As estimativas para a inflação estão acima do centro da meta que é 4,5% e tem margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Cabe ao BC perseguir a meta de inflação.

Fonte: Agência Brasil

Exportações brasileiras são mais sensíveis à demanda global do que à taxa de câmbio, diz diretor do BC

Brasília - As exportações brasileiras não são muito afetadas pela taxa de câmbio real, entretanto são mais sensíveis à demanda global. A conclusão está em um estudo incluído no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado hoje (30) pelo Banco Central (BC).

A taxa de câmbio real (descontada a inflação) efetiva é baseada em índices de preços ao consumidor e valor da cesta de moedas dos principais parceiros comerciais.

“Mudança no câmbio alcança primeiro as importações. As exportações são mais sensibilizadas pela demanda global”, disse o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo.

Segundo o estudo, essa avaliação se apoia na estimativa de baixa variação da demanda, mesmo com mudanças em preços por produtos de maior peso na pauta de exportações brasileira, notadamente, commodities (produtos primários, com cotação internacional).

De acordo com o relatório, somente as exportações de manufaturados têm maior sensibilidade ao câmbio.

Fonte: Agência Brasil

Economistas elevam ligeiramente projeção de IPCA para 2013 e 2014

SÃO PAULO, 30 Set (Reuters) - Economistas de instituições financeiras fizeram um leve ajuste na projeção de inflação deste ano, elevando para 5,82 por cento, ante 5,81 por cento na semana anterior, de acordo com a pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda-feira.

Para 2014, a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou para 5,97 por cento, ante 5,96 por cento, na leitura anterior.

Os economistas reduziram a perspectiva para o câmbio. A estimativa para o dólar no final deste ano passou a 2,30 reais, ante 2,33 reais. A moeda norte-americana perdeu fôlego em relação ao real depois de ter atingido 2,45 reais no fim de agosto, grande parte pela forte atuação do BC nos mercados, com leilões diários de swap cambial e semanais de leilões de linha, venda de dólares com compromisso de recompra.

Por sua vez, ainda segundo o Focus, a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano foi mantida em 2,40 por cento. Também foi mantida a estimativa para a Selic em 9,75 por cento para este e para o próximo ano.

Com a inflação alta, chegando a afetar a confiança de consumidores e empresários, o BC passou em abril a apertar a política monetária, tendo já elevado a taxa básica de juros a 9,0 por cento ao ano.

Na pesquisa Focus, a mediana das projeções dos analistas consultados mostra que a expectativa para a Selic é de nova alta de 0,5 ponto percentual na reunião de outubro do Comitê de Política Monetária (Copom), inalterado ante a última pesquisa. A última reunião deste ano ocorre em novembro.

Já o Top 5, instituições que mais acertam as projeções no médio prazo, aponta na mediana a expectativa de maior aperto monetário. A projeção para este ano e para 2014 é que a Selic fique em 10 por cento, inalterado ante a pesquisa anterior.

Fonte: Reuters Brasil

Fraca demanda doméstica da China afeta resultado final de PMI do HSBC de setembro

30 Set (Reuters) - A indústria da China cresceu apenas levemente em setembro, resultado da hesitante demanda doméstica, mostrou uma pesquisa do setor privado nesta segunda-feira, um dado que mostra que a recuperação da economia do país asiático continua indefinida.

A leitura final do Índice de Gerentes de Compra (PMI, na sigla em inglês) do HSBC subiu para 50,2 ante 50,1 em agosto.

Apesar de o setor industrial ainda registrar cinco meses seguidos de alta, a pesquisa decepcionou investidores, uma vez que ficou bem abaixo da leitura preliminar da semana passada de 51,2, com a demanda interna mais fraca do que as estimativas preliminares sugeriram.

As novas encomendas de exportação subiram para 50,7 ante 47,2 em agosto, ficando acima da marca de 50 pontos que separa expansão de contração. Após ajustes sazonais, no entanto, a expansão foi leve, informou o HSBC.

"A leitura final foi mais fraca do que a preliminar e mostrou que a atividade se enfraqueceu nos últimos 10 dias", disse o economista do UBS em Hong Kong Wang Tao.

Na terça-feira, o governo chinês divulga seu PMI oficial, que leva em conta grandes empresas estatais e geralmente pinta um quadro mais otimista do que a pesquisa privada, que se concentra mais em empresas pequenas e do setor privado.

Fonte: Reuters Brasil

Roberto Frenkel diz que real precisa da desvalorização

Para um dos mais respeitados economistas da América Latina, o crescimento do país depende da moeda ser desvalorizada

Aos 70 anos, o argentino Roberto Frenkel é um dos mais respeitados economistas da América Latina. Diretor da pós-graduação em Mercado de Capitais da Universidade de Buenos Aires e do Cedes (Centro de Estudos do Estado e da Sociedade), sempre teve uma postura independente e se dedicou mais à vida acadêmica. Mas, pelo notório saber, assessorou o Ministério da Economia de seu país e prestou consultoria a governos de Colômbia, Uruguai, Bolívia e Venezuela.

Na semana passada, Frenkel esteve no Rio para participar de um seminário sobre a governança financeira, um dos temas de sua especialidade, e recebeu o Brasil Econômico. Na entrevista advertiu: "Com a moeda apreciada, a indústria brasileira continuará a enfrentar dificuldades para exportar e a sofrer com a concorrência dos importados".

Como o sr. vê a situação dos emergentes? Falava-se maravilhas dos Brics, agora se olha para esses países com uma visão bastante crítica. O que mudou?

Houve um vento a favor na década passada para uma parte desses países. Mas alguns países da América Central para o Norte nada têm a ver com isso. A melhora dos termos de troca que, para uns, foi vento a favor, para eles foi negativo. A América Central e o México estão ligados à economia norte-americana e também têm que tirar fora os países bálticos e a Turquia, que têm a ver com o desenvolvimento na zona europeia. O restante se beneficiou com melhores termos de troca - os preços de exportação são basicamente a causa do rápido crescimento de China e Índia - e taxas de juros muito baixas.

Depois da crise, os bancos centrais do mundo desenvolvido deixaram os juros muito baixos, principalmente nos EUA. Isso está mudando e tem que mudar. Já teve uma queda dos preços de exportação, particularmente metais e minérios, e uma queda mais leve nos alimentos. Houve uma reação de curto prazo porque os mercados financeiros tinham a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) iria começar a endurecer a política monetária, o que não aconteceu.

Mas os mercados acusaram o golpe, de qualquer forma...

É verdade. Houve um aumento da taxa de juros e saída de capitais dos países antes favorecidos, que seriam prejudicados. Houve impacto de curto prazo, que vai se reverter em parte. E fica claro que isso vai acontecer. A retirada dos estímulos não ocorreu agora, pode ser em 2014. O que tem aí é mais incerteza do que outra coisa, porque o que se espera é o crescimento mais lento dos investimentos e isso fará com que os preços dos metais, por exemplo, não recuperem os níveis de 2006, 2007 ou 2008. Mas esse movimento foi muito especulativo: os capitais saíam do mercado financeiro e passavam para o mercado futuro de commodities.

Também havia uma demanda muito forte da China por essas commodities, não?

Agora a situação é outra. Espera-se que o investimento da China cresça menos. Mas não é certo que os preços dos alimentos vão continuar a cair. Se é verdade que o consumo interno vai se expandir mais rápido na China, isso fará com que os preços dos alimentos continuem demandados. No geral, há um princípio de ajuste nos países emergentes. Refiro-me à América do Sul, especificamente, porque é exportadora de produtos minerais e agrícolas, como os países do Pacífico, o Brasil e a Argentina.

Já é possível prever qual será o tamanho desse ajuste?

Trabalhei muito tempo no estudo das crises e concluí que não vai ter crise. Os países têm dívida externa muito baixa. Como tiveram superávit em conta corrente durante cinco, seis anos, isso reduziu significativamente a dívida externa em relação às exportações e ao PIB. Agora, há déficit de conta corrente em quase todos os países da região. Até 2008, eram todos superavitários, exceto a Colômbia, que nunca teve superávit de conta corrente. Na Argentina, já não é um problema de mercado, pois há controle de importações. Não sabemos como seria se deixassem o mercado operar com o câmbio. Do lado positivo, a dívida é muito baixa. O efeito é muito menor do que no final dos anos 90, porque o déficit em conta corrente atual é diferente e os juros são muito inferiores. Os juros da dívida são pagos cash através dos bancos internacionais. A componente principal é em pagamento de serviços das empresas estrangeiras, consequência do investimento externo que a região teve nos anos 2000 e antes. Isso dá mais flexibilidade no curto prazo. Se há problemas de liquidez internacional, há mais margem de manobra. Esse déficit em conta corrente tem sido financiado não com dívida, mas com investimento estrangeiro direto, o que não vai mudar.

Quando o Fed anunciou que em algum momento haverá a retirada dos estímulos à economia dos EUA, viu-se um impacto imediato no câmbio...

Quando os Estados Unidos adotaram o Quantitative Easing, o ministro Guido Mantega cunhou uma frase muito famosa ("Temos que evitar a guerra cambial"). Após dois anos falando em guerra cambial, não dá para se mostrar preocupado com saída de capital e desvalorização cambial. Ele deve se decidir: ou você se queixa da pressão vendedora no mercado cambial e diz que isso é um problema por causa da política monetária norte-americana; ou, quando essa política muda, afirma que há um problema. As duas coisas juntas são contraditórias.

O Brasil não deveria se preocupar tanto com o câmbio?

Nesse grupo dos países da América do Sul há uma grande apreciação cambial, o que foi reconhecido pela funcionária do Ministério do Planejamento nos debates do seminário. Ela disse que todos, e o Brasil também, temos muita apreciação cambial, somos muito caros em dólar, perdemos muito em competitividade. Em 2002 e 2003, os países da América do Sul tiveram o câmbio real mais alto desde os anos 90. Temos um câmbio sustentado no fluxo de capitais e no superávit de conta corrente, agora menor. É uma situação diferente, antes do anos 90 tínhamos regimes cambiais muito rígidos, o real tinha um câmbio quase fixado. A Argentina tinha a conversibilidade, a Colômbia tinha regras, o Peru estava com câmbio mais flexível desde 1992. Após a crise asiática de 1998, todos adotaram o câmbio flexível, com intervenção discricional dos bancos centrais. Todos os países fazem isso, as únicas exceções são os ingleses, a zona do euro e os EUA. O Japão intervém, a Suíça também. De alguma forma, os países fazem isso, mas têm um grau de liberdade que não existia e quase todos acumularam reservas.

O quadro mais confortável permite uma política mais flexível?

Sem dúvida, a situação externa é bastante robusta, não me lembro de outro período com essa robustez. Os países têm reservas suficientes para intervir. Particularmente, o Brasil conta com US$ 370 bilhões. É possível, porém, acomodar uma desvalorização. Na verdade, tem que fazer a desvalorização. Gera inflação, mas basta que o governo tome medidas para contê-la.

O BC do Brasil tem um calendário de leilões para manter esse câmbio. O senhor concorda com essa apreciação cambial?

Não concordo. Se Guido Mantega se queixava que, por causa da guerra cambial, o real estava se apreciando excessivamente, devia aproveitar que o mercado está jogando para o outro lado para desvalorizar a moeda. Era o que se estava pedindo.

Seria bom para as exportações?

Tem que fazer um ajuste do setor externo. Se vai ter menos entrada de capital, como vai financiar? Consumindo reservas? Vai continuar com baixa competitividade? Os países resistem e não é só o Brasil. Na Argentina, é caricatural, tem um mercado cambial reprimido, controlado. O paralelo tem uma diferença de 65% sobre o comercial. Claro que tem um problema, mas não faz sentido você se queixar da parte boa do problema anterior. Havia muito ingresso de capital e, agora, um choque externo negativo. Por enquanto, o Fed continua comprando US$ 85 bilhões ao mês. Mas os governos não querem desvalorizar porque o povo não gosta disso. Quem gosta de desvalorização? Desvalorizar é sempre má notícia. É boa para o crescimento, mas é má notícia no curto prazo.

A moeda forte sempre foi bem-vinda...

Todo mundo adora apreciação cambial. Os salários reais sobem, os preços dos comercializáveis caem em relação aos serviços e aos salários, os produtos industriais ficam mais baratos e há perda de competitividade. As pessoas têm mais poder aquisitivo para comprar bens industriais, a classe média viaja ao exterior, compra barato em Miami e em Paris e a inflação baixa. O principal mecanismo da queda de inflação no Brasil, no Chile e no Peru foi a apreciação cambial, isso está estudado econometricamente. O próprio Nelson Barbosa (ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda) fez um estudo que mostra que a principal explicação para a queda da inflação no Brasil foi a apreciação cambial.

Qual o benefício da desvalorização?

A economia vai crescer mais rápido e vai ter maior expansão do emprego e mais proteção às importações. No Brasil, isso é muito importante porque o país era um grande exportador de produtos industriais.

Qual é o efeito sobre o emprego?

Está comprovado em muitos países que o câmbio alto aumenta a relação emprego/PIB. O custo da mão de obra em dólar cai e a indústria tende a incorporar uma tecnologia mais intensiva em mão de obra.

Em sua opinião, então, para o Brasil ter uma taxa de crescimento maior, a desvalorização do real é necessária?

A taxa de crescimento baixa está muito ligada à questão cambial, à apreciação cambial. Se não existe demanda para a indústria é porque a demanda interna está canalizada para as importações, com produtos mais baratos e melhores. A indústria, nesse ambiente, não tem expectativa de crescimento do mercado e não vai investir.

Mas como fica a questão da inflação com a desvalorização?

Tem impacto na inflação, nos custos. Mas basta fazer política para enfrentar isso. Obviamente, não é uma boa notícia no curto prazo. O impacto do câmbio mais alto leva um tempo para acelerar o crescimento, enquanto o impacto inflacionário é imediato. Por isso os governos não gostam da desvalorização. Teria de fazer política fiscal, é mais complicado que a mera ortodoxia dos bancos centrais.

O Banco Central aumentou a taxa de juros para combater a inflação, mas os preços subiram por causa dos alimentos. Seria um erro do BC?

É importante saber de qual inflação se trata para fazer a política monetária. Tem que levar em conta os salários e a produtividade. Se o salário sobe mais do que a produtividade, temos inflação. E isso não está expresso aqui no Brasil. Nos países da Europa, sim. Lá, como o salário sobe acima da produtividade, provoca inflação do euro. É preciso adotar política fiscal, o que é complicado porque há muita alocação orçamentária fixa. O grau de liberdade federal é reduzido, mas isso não quer dizer que não se possa fazer. A mudança internacional vai acontecer e os países terão de se acomodar a ela. A Argentina tem 25% de inflação agora e terá de desvalorizar significativamente o peso. O Brasil parte de 6% de inflação, não é o Chile, que, com menos de 2%, tem um ponto de partida muito bom para desvalorização. Inflação de 6% é mais alta, mas também não são os 25% da inflação argentina. O Brasil pode usar suas reservas, pode se endividar no exterior, mas não é recomendável crescer pouco com endividamento externo.

O governo está apostando muito no projeto de concessões de infraestrutura. Esse investimento pode ser uma alavanca do crescimento além do câmbio? Aplica-se, no caso, a visão keynesiana?

Acontece que keynesianismo nos trópicos ou nos pampas não é keynesianismo num país com emissão de moeda própria. Nos EUA é uma coisa, aqui é diferente. Quando o pessoal fica desconfiado da situação do sistema financeiro, o que faz? Compra títulos do sistema financeiro, como nos EUA, ou compra dólar? Compra dólar. Isso é completamente diferente, esse tema faz com que as economias do ponto de vista macroeconômico sejam muito diferentes. Nos EUA, quando o setor público gasta, não piora a situação do endividamento do setor privado. Aqui, sim, porque tem que colocar a dívida no mercado doméstico. Mais dívida pública faz subir a taxa de juros e tem o efeito de reduzir o investimento privado.

Mas é oportuno um grande plano de investimentos agora?

Seria bom que fosse acompanhado da desvalorização, mas aí teremos um problema: o aumento do gasto público quando se precisa controlar o gasto para impedir a aceleração da inflação. São decisões que o governo tem que tomar. Investimento em infraestrutura é uma política de longo prazo, leva anos e tem que ter continuidade. Não se faz uma represa ou se explora o pré-sal porque é preciso aumentar os gastos este ano. Não tem muito a ver com política macroeconômica de curto prazo. Com isso, deve-se ter outras políticas mais contracionistas em outras áreas. Gastar é popular, seja em investimentos, seja em subsídios. Mas contrair o gasto para compensar o efeito inflacionário da desvalorização não é popular.

Os governos estão tentando adiar e não dar más notícias. Usa reservas, no caso brasileiro, e espera que Deus ajude, no caso argentino. Os países que mais cresceram são aqueles que adotaram câmbio competitivo, não conheço experiência de país que se desenvolveu com câmbio apreciado. A discussão poderia ser se o câmbio depreciado é suficiente, mas não se é necessário. Às vezes, o câmbio está apreciado e não tem como combater. Pode subsidiar com o BNDES, mas nada compensa um câmbio tão apreciado. Não se pode subsidiar a indústria o tempo todo, não há dinheiro.

Mesmo com a desvalorização, tudo indica que a China continuará uma ameaça à indústria nacional.

Mas a China está fazendo uma mudança que é conveniente para nossos países, está se voltando mais para o mercado interno e vai elevar o salário real. Portanto, nossas condições de competitividade estão melhorando. Argentina e Brasil não têm problema só com a China, também têm com o México. Não conseguimos sequer manter as importações de carro do México, nem competir com outros países da região. E o México não está superdesvalorizado, mas o Brasil, sim. A Argentina conseguia manter a competitividade porque o Brasil e o Chile estavam com a moeda apreciada. Mas o câmbio nominal caiu, sob a responsabilidade do BC, num contexto de inflação acelerando. Tentar desvalorizar era complicado, então decidiram ancorar a inflação. Na Argentina, em 2010 e em 2011, os preços subiram 54% em dois anos, os salários mais de 60% e o câmbio, 12%. E depois desses dois anos, 54% votaram na Cristina Kirchner para presidente de novo. Todo mundo adora populismo cambial!

Agora, será mais difícil manter essa política por causa da tendência de os investimentos irem para EUA, Europa e o Japão?

Mas não estávamos pedindo isso? O ministro não dizia que o Quantitative Easing prejudicava o real? Seria bom para a gente se os EUA se recuperassem, porque vai incrementar a demanda externa de importações. Se você tem grande parte do mercado mundial, como os EUA e a Europa, estancado ou crescendo muito pouco, as possibilidades de exportação são muito limitadas. E a possibilidade de defender o mercado interno também, porque eles vão vender a preços de liquidação aqui. As empresas europeias vão tentar exportar o máximo possível, por não ter demanda doméstica. É isso que os alemães estão fazendo agora.

Mas o investimento direto nos emergentes pode cair?

Temos muitas empresas estrangeiras e, se a economia cresce, esses lucros são reinvestidos na própria expansão das empresas. Se a economia está crescendo, parte desses lucros é reinvestida localmente. Essa empresa que teve lucros decidiu fazer uma nova planta, mas não houve movimentos pelo mercado cambial, só o registro contábil. Boa parte da entrada de capitais é em reinvestimento de lucros. Isso é bom, é uma situação externa menos frágil que antes.

Muitos criticam a ênfase que o Brasil dá ao Mercosul... O Mercosul atrapalha o Cone Sul?

Eu sou argentino, tenho que defender a Argentina. O Mercosul nunca foi o eixo da política econômica nem no Brasil, nem na Argentina. Ninguém tomou seriamente o cuidado de fazer a política macroeconômica que pressupõe um acordo de integração. Por exemplo, no começo da década de 2000, os dois países tinham câmbio real alto, com crescimento em aceleração. Não seria o momento de coordenar a política cambial? Uma política de integração industrial, energética, econômica? Tudo que se fala, não se faz. Naquele momento, fiz a proposta de não comprometer câmbios nominais, mas pelo menos acordar que os dois países se comprometessem a manter o câmbio real. O que importa em termos de comércio entre os dois países é o câmbio real, não o nominal.

O sr. acha que o Brasil perdeu excelente oportunidade de fortalecer a economia, como disse a revista "The Economist"?

Não foi só o Brasil, foi a região toda. A coisa é mais discutível na área do Pacífico. A economia chillena, por exemplo, se concentrou na exportação de cobre. O preço caiu e acabou com a indústria. O Chile fez substituição de importações de manufaturados, com câmbio alto, nos anos 80, e acabou com tudo isso. Agora, vai ter que ajustar, mas não tem indústria para reagir. Pelo menos, eles têm inflação muito baixa e cresceram rápido. No Brasil e na Argentina, tivemos um boom com uma renda extraordinária. E distribuímos essa renda no consumo - não na produção, nem em infraestrutura.

Mas agora a prioridade é exatamente para a infraestrutura.

É. E temos uma vantagem. Pelo menos, não geramos dívida externa como no passado, é mais fácil de ajustar. Na verdade, Brasil e Argentina são parecidos, embora muito diferentes na forma. A situação da inflação no Brasil é mais favorável, mas, por outro lado, tem mais dívida pública interna que a Argentina. Pelo lado da fragilidade financeira, é um exagero falar de possibilidade de crise. O FMI errou profundamente na previsão da crise financeira dos EUA. O Fundo tinha economistas que alertavam, mas não fez nada. E agora está obsessivo com a crise financeira. Olha para nossa região e diz: "Cuidado, crise financeira!". Aqui, as crises sempre tiveram ligação com crises externas. E o boom de crédito tem a ver com financiamento de capitais e financiamento dos bancos. E os bancos centrais adotaram regulação prudencial e os sistemas financeiros aqui estão mais robustos. E o país tem US$ 370 bilhões de reservas. Não vejo risco de crise.

Fonte: Brasil Econômico

BC reduz previsão de crescimento do PIB para 2,5%

O PIB - soma de todos os bens e serviços produzidos no país - totalizou R$ 1,2 trilhão no período de abril a junho.

O Banco Central (BC) reduziu a projeção de crescimento da economia, este ano, de 2,7% para 2,5%. A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, foi divulgada nesta segunda-feira pelo Banco Central, no Relatório Trimestral de Inflação.

O BC também divulgou a projeção para o crescimento do PIB em quatro trimestres encerrados em junho de 2014 (2,5%).

De acordo com os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que calcula o PIB, a economia brasileira cresceu 1,5% no segundo trimestre deste ano, em relação ao trimestre anterior.

O PIB - soma de todos os bens e serviços produzidos no país - totalizou R$ 1,2 trilhão no período de abril a junho. No acumulado do ano, a expansão foi 2,6% e, em 12 meses encerrados em junho, 1,9%.

Inflação

A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve ficar em 5,8%, este ano. A projeção ficou 0,2 ponto percentual abaixo da previsão divulgada em junho (6%).

Para 2014, a probabilidade é que a inflação fique em 5,7%, ante 5,4% previstos anteriormente. No caso da inflação acumulada em 12 meses no final do terceiro trimestre de 2015, a estimativa é que caia para 5,5%.

Essas projeções são do cenário de referência, com base na taxa básica de juros, a Selic, no atual patamar (9% ao ano) e o dólar a R$ 2,35.

O BC também divulga estimativas do cenário de mercado, em que são usadas projeções de analistas de instituições financeiras para a taxa Selic e câmbio. Nesse caso, a inflação, este ano, deve alcançar 5,8%, a mesma do relatório de junho.

Para o próximo ano, a inflação deve ficar em 5,7%, ante 5,2% previstos anteriormente. A projeção para a inflação acumulada em 12 meses no final do terceiro trimestre de 2015 é 5,4%.

Todas as estimativas para a inflação estão acima do centro da meta que é 4,5% e têm margem de dois pontos percentuais. Cabe ao BC perseguir a meta de inflação. O principal instrumento que influencia a atividade econômica e, por consequência, a inflação, é a taxa Selic. Com a alta da inflação no país, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC aumentou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, em abril, e em 0,5 ponto percentual, em maio, julho e agosto. A próxima reunião do Copom este ano será nos dias 8 e 9 de outubro.

No cenário de referência, a probabilidade de a inflação ultrapassar o limite superior da meta (6,5%) ficou em aproximadamente 17%, este ano, e em 29% para 2014. No cenário de mercado, essas projeções são, respectivamente, 14% e 31%.

Fonte: Brasil Econômico

EUA debatem mitos sobre a energia renovável

As velhas ideias são duras de matar. Os Estados Unidos vêm debatendo a energia renovável há décadas — até que ponto devem apoiá-la, qual o lugar que ela deve ocupar na política energética, qual o seu verdadeiro impacto. No entanto, muitas coisas que acreditamos saber sobre a energia renovável remontam aos primeiros argumentos. Muitos pontos no debate que ouvimos hoje se baseiam em fatos desatualizados e suposições que não se sustentam mais. Assim, decidimos examinar alguns mitos ou convicções persistentes, tanto dos defensores como dos críticos das energias renováveis. Nosso foco principal é a energia eólica e solar, por terem mostrado crescimento explosivo nos últimos anos, e também porque estão no centro dos debates políticos sobre energia.

1. As renováveis são uma fonte insignificante de energia

Uma das críticas mais persistentes às energias renováveis nos EUA é que elas respondem só por uma fração do sistema de eletricidade do país — apesar de anos de subsídios federais e um crescimento vertiginoso.

Examinando as energias renováveis "mais recentes", como a eólica e solar, isso é, em grande parte, verdade. O vento representa cerca de 5% da capacidade de geração e um pouco mais de 4% da produção de eletricidade nos EUA, ou seja, cerca de um décimo da fornecida pelo carvão.

Mas a crítica deixa passar um ponto importante: a energia hidrelétrica convencional também é uma energia renovável. Tomadas em conjunto, a energia hidrelétrica e de outras fontes — biomassa, geotérmica, solar e eólica — representaram 12% da produção de eletricidade nos EUA em 2012, e perto de 14% neste ano até agora. As usinas nucleares, em conjunto, fornecem uns 19%.
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Também é importante lembrar a escala dos esforços renováveis do país. Os EUA têm o segundo maior sistema de energia elétrica mundial, representando uns 20% da capacidade de geração do mundo inteiro. Assim, os 5% de energia eólica nesse total equivalem a um grande volume. Os mais de 60 gigawatts de potência eólica instalada no país representam uma capacidade de geração de eletricidade maior do que em toda a Austrália ou Arábia Saudita igual à capacidade total do México. É ainda cerca da metade da energia gerada pelo Brasil ou pela França.

2. As renováveis podem substituir os combustíveis fósseis

O lado oposto das críticas à energia renovável é o excesso de otimismo. Um punhado de defensores fala num futuro onde 100% das necessidades energéticas poderão ser atendidas de forma econômica e confiável pelas fontes renováveis.
Os pesquisadores do Laboratório Nacional de Energia Renovável dos EUA abordaram especificamente esta questão no que diz respeito à eletricidade. Eles concluíram que, tecnicamente, até 2050 os EUA poderiam obter 80% da sua eletricidade das energias renováveis.

Talvez. Mas chegar lá será uma longa e dura caminhada. O estudo concluiu que os EUA teriam que instalar cerca de 20.000 megawatts por ano de capacidade de geração renovável durante duas décadas, aumentando gradualmente para até uns 40.000 megawatts por ano. O estudo não encontrou nenhuma razão para duvidar que a indústria mundial de energia renovável possa atingir, futuramente, esse nível de produção. O que pode ser mais complicado, segundo o estudo, é encontrar um lugar para colocar todos esses parques eólicos, painéis solares e usinas hidrelétricas. Administrar os grandes investimentos iniciais de capital para a energia eólica e solar seria outro obstáculo.

Em outras palavras, não há nenhuma razão técnica que impeça a energia renovável de fornecer 80% da energia total dos EUA até meados do século. Mas há numerosos desafios que teriam de ser vencidos primeiro.

3. As renováveis são caras

Esqueça os problemas que surgirão no futuro. Outra crítica às energias renováveis é relativa ao aqui e agora: são maneiras caras de gerar eletricidade.

Uma nova comparação global dos preços da eletricidade por atacado, na publicação "Journal of Environmental Studies and Sciences", conclui que a energia a carvão custa US$ 0,03 por quilowatt-hora; a produzida pelas novas usinas a gás, US$ 0,062; já a energia eólica custa US$ 0,08 e a solar fotovoltaica, US$ 0,133.

Mas há duas grandes questões a considerar. Primeiro, os custos estão caindo depressa, graças principalmente aos avanços tecnológicos, tais como turbinas eólicas maiores e componentes mais baratos para as matrizes de energia solar. Assim, em alguns lugares, a energia solar e a eólica podem custar até menos.

Há também os custos ocultos. A eletricidade gerada a carvão, por exemplo, tem efeitos colaterais negativos como poluição do ar, impactos na saúde e emissões de dióxido de carbono que contribuem para o aquecimento global. Se o carvão e os outros combustíveis fósseis incluíssem nos cálculos o custo total que o seu uso impõe à sociedade, o carvão não seria a fonte mais barata de eletricidade, e as fontes renováveis não pareceriam tão caras.

4. A variabilidade condena a energia renovável ao fracasso

Como o sol nem sempre brilha e o vento nem sempre sopra, os parques eólicos e os painéis solares geralmente geram menos que o seu pleno potencial. Um parque eólico de 100 megawatts vai gerar, em média, o equivalente a 34 megawatts de potência disponível permanentemente.

Essa variabilidade tem um custo, exige certo nível de reservas energéticas para compensar as perdas e pode até levar ao desperdício da energia renovável, observam os pesquisadores do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley.

Mesmo assim, as coisas estão melhorando rapidamente, como no caso da energia eólica. As perdas têm caído regularmente nos últimos anos, já que as operadoras estão melhorando suas previsões e a integração da energia eólica às suas redes. O investimento em novas linhas de transmissão também acelerou, permitindo que parques eólicos em locais isolados ofereçam energia mais facilmente e a áreas maiores.

5. O gás natural barato é o inimigo da energia renovável

Com a alta na produção de gás natural nos EUA, muitos concluíram que as energias renováveis seriam vencidas por uma fonte de combustível relativamente limpa e barata. Embora o gás natural tenha transformado o setor de eletricidade, o gás e as energias renováveis são, na verdade, fontes complementares e não rivais.

Um exame das tendências no país deixa claro que as duas fontes de energia podem crescer juntas. A geração a gás natural cresceu 34% entre 2009 e 2012. A eólica aumentou 92% no mesmo período, e a solar quase quadruplicou, embora o crescimento das renováveis tenha sido a partir de uma base muito menor.

Fonte: The Wall Street Journal

China vai usar nova zona de comércio como 'laboratório' de reformas

O governo chinês anunciou que vai transformar uma nova zona de livre comércio nesta cidade num laboratório para reformar o setor financeiro do país. Mas mudanças de grande porte, se é que virão, ainda podem levar anos, até que os reguladores decidam quanto controle ceder às forças do mercado.
O projeto, que foi inaugurado oficialmente ontem e entra em operação amanhã, vem sendo muito promovido pelo primeiro-ministro Li Keqiang como símbolo do compromisso da China com as mudanças econômicas.

Antes do fim da semana, o Conselho de Estado, principal órgão governamental de formulação de políticas, divulgou as regras que governarão a Zona Piloto de Livre Comércio da China, um conglomerado de quase 29 quilômetros quadrados de docas, hangares e armazéns no distrito de Pudong, em Xangai.

Reformular o setor financeiro para que as pessoas possam obter melhores rendimentos nos bancos e investir no exterior, e para que as firmas chinesas menores, sobretudo de serviços e alta tecnologia, tenham mais acesso ao crédito, é considerado crucial para manter o robusto crescimento do país.

Os reguladores também pretendem promover o desenvolvimento de um mercado de negociação de futuros de petróleo, atualmente inexistente na China.

Mudanças no setor financeiro estão no cerne do experimento da zona livre: deixar que o mercado, e não os reguladores, defina as taxas de juros, e permitir que as empresas possam converter mais livremente os yuans em moeda estrangeira e transferir o dinheiro para o exterior.

O governo se comprometeu a abrir outros setores, como transporte marítimo, comércio e os serviços especializados, incluindo jurídicos, de turismo e de colocação de executivos.

A zona livre pode, assim, gerar uma grande transformação da China — ou uma grande decepção.

Os céticos dizem que testar essas mudanças a nível local só serve para retardar o processo, tornando menos provável que possam ser implementadas a nível nacional em tempo hábil — antes que a economia entre em apuros.

"Reformar é algo mais fácil de dizer do que de fazer", disse Wang Tao, economista do banco UBS UBSN.VX -1.44% . "Qual é o político, por mais forte que seja o mandato que receba, capaz de realmente implementar reformas sérias [rapidamente]?"

A zona de livre comércio vai entrar em operação cerca de um mês antes de uma assembleia do Partido Comunista que deve apresentar uma estratégia para mudar a economia chinesa, para que esta dependa mais da demanda interna e da inovação e menos das exportações e do investimento em infraestrutura.

Mas nas regras divulgadas sexta-feira as autoridades indicaram que vão avançar com cautela.

As experiências financeiras vão prosseguir "à medida que as condições permitirem", disse o comunicado do Conselho de Estado, e "os riscos serão controlados". As regras serão aplicadas durante um período de três anos, segundo o comunicado, sem mencionar prioridades.

Executivos de alguns dos maiores bancos chineses disseram que o fato de as diretrizes serem vagas sugere que os próprios reguladores ainda não decidiram como proceder nem até que ponto estão dispostos a abrir mão do poder.

Alguns potenciais investidores na zona livre supõem que as autoridades levarão de cinco a sete anos para chegar a uma conclusão.

Ilustrando a falta de clareza, algumas publicações estrangeiras informaram na semana passada que a zona de Xangai, ou outra zona da província de Shenzhen, chamada Qianhai, teriam acesso mais livre à internet. O comunicado do Conselho de Estado não abordou esse ponto, mas fixou um plano para permitir que empresas estrangeiras sediadas na área ofereçam alguns serviços de internet no país.

As empresas estrangeiras que operarem dentro da nova zona livre também poderão vender consoles de videogame, proibidos há mais de dez anos, em toda a China, dependendo da aprovação de cada modelo pelo Ministério da Cultura.

Quanto à Zona Econômica de Qianhai, em Shenzhen, um porta-voz, Wang Jinhai, disse que as mudanças no acesso à internet podem vir daqui a cinco ou seis anos para atender "às necessidades das modernas comunicações financeiras internacionais".

Até agora, a única coisa que mudou na zona de livre comércio de Xangai são os sinais de trânsito anunciando o novo nome da área. Mesmo assim, as ações de empresas que fazem negócios na área subiram.

Os maiores bancos da China e também dois bancos estrangeiros, Citicorp e o Banco de Desenvolvimento de Cingapura, já receberam aprovação para abrir filiais na zona livre, disseram executivos na inauguração de ontem, durante uma entrevista coletiva.

Para algumas empresas com grandes operações em Xangai, abrir uma filial na zona de livre comércio pode exigir apenas um investimento pequeno. As firmas estrangeiras esperam que o relaxamento das normas possa aumentar suas operações cambiais e lhes dar uma fatia maior do mercado doméstico de títulos de dívida.

Para os bancos chineses, disse um executivo, a zona será uma oportunidade de se expandir no exterior e experimentar taxas de remuneração de depósitos definidas pelo mercado, em vez das ditadas pelo banco central, o que pode gerar mais concorrência.

Fonte: The Wall Street Journal

sábado, 28 de setembro de 2013

Investimentos federais podem fechar ano com crescimento menor que gastos de custeio

Brasília – Depois de assegurar, nos últimos meses, que os investimentos federais fechariam o ano com crescimento maior que os gastos de custeio (manutenção da máquina pública), o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, admitiu que os gastos com obras e compra de equipamentos podem subir menos que o inicialmente previsto pelo governo. Segundo ele, os investimentos vão crescer em relação aos do ano passado, mas ainda não dá para saber a intensidade da expansão.

“Certamente, os investimentos vão aumentar mais que o PIB [Produto Interno Bruto] nominal, mas ainda precisamos ver se o crescimento será suficiente para se igualar aos gastos de custeio”, disse o secretário.

De acordo com números divulgados ontem (27) pelo Tesouro Nacional, as despesas de custeio cresceram 21,8%, em valores nominais, de janeiro a agosto em relação ao mesmo período do ano passado. Os investimentos, no entanto, desaceleraram pelo quarto mês consecutivo e acumulam queda de 0,8% em 2013 (R$ 42,1 bilhões) na comparação com os oito primeiros meses de 2012 (R$ 42,5 bilhões).

Para Augustin, a queda dos investimentos é pontual e deve-se a fatores como atrasos no cronograma de obras e à greve no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Ele disse que os gastos com obras públicas avançaram em setembro. “Nos últimos meses do ano, os investimentos subirão bastante”, assegurou o secretário.

A diminuição dos investimentos e o aumento das despesas de custeio significam piora na qualidade dos gastos públicos. O secretário do Tesouro, no entanto, disse que a evolução dos gastos com custeio é estratégica e não está relacionada aos gastos administrativos. “O crescimento do custeio concentra-se em áreas com impacto econômico positivo, no médio e longo prazos, como a educação e a saúde”, argumentou Augustin.

Fonte: Agência Brasil

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

IGP-M acelera alta para 1,50% em setembro por atacado

SÃO PAULO, 27 Set (Reuters) - O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) subiu 1,50 por cento em setembro, ante elevação de 0,15 por cento em agosto, com forte aceleração dos preços no atacado, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta sexta-feira.

O resultado ficou pouco acima da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 1,44 por cento, de acordo com a mediana de 27 projeções que variaram de 1,02 a 1,54 por cento.

Em 12 meses o IGP-M acumula alta de 4,40 por cento. Em relação à segunda prévia de setembro houve aceleração, após alta de 1,36 por cento no período.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede a variação dos preços no atacado e responde por 60 por cento do índice geral, teve alta de 2,11 por cento em setembro, ante avanço de 0,14 por cento em agosto.

Já o Índice de Preços ao Consumidor, com peso de 30 por cento no índice geral, acelerou a alta para 0,27 por cento, contra 0,09 por cento visto no mês anterior.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), por sua vez, registrou elevação de 0,43 por cento, acelerando ante alta de 0,31 por cento na apuração de agosto. O INCC responde por 10 por cento do IGP.

O resultado do IGP-M de setembro mostra que a alta dos preços no atacado continua acelerando, em meio à recente valorização do dólar ante o real, o que aumenta as perspectivas de impacto maior sobre os preços no varejo.

O IGP-M é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de energia elétrica e aluguel. Ele calcula as variações de preços no período entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência.

Fonte: Reuters Brasil

Para Nelson Barbosa, Brasil deveria manter cotação do dólar acima de R$2,20

RIO DE JANEIRO, 27 Set (Reuters) - O Brasil não pode mais contar com ganhos cambiais para controlar a inflação e o governo deveria manter a cotação do dólar acima de 2,20 reais para impulsionar a indústria doméstica, afirmou na quinta-feira o ex-secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa.

Em seu primeiro discurso público no Brasil depois de deixar o cargo em junho, Barbosa pareceu mais sincero sobre os desafios que o governo da presidente Dilma Rousseff enfrenta, num momento em que tenta melhorar o crescimento econômico ao mesmo tempo em que combate a inflação.

Ele afirmou que o real se valorizou excessivamente em termos reais nos últimos anos, tanto que "a gente não tem mais o espaço para apreciação cambial que tinha 10 anos atrás para ajudar o controle da inflação. O mecanismo de transmissão cambial hoje continua existindo mas é num volume muito menor do que no passado".

"Agora, eu acho que o câmbio ir muito abaixo de 2,20 (reais por dólar) neste momento não é muito recomendado. Como também ele ficar a 2,50 seria muito excessivo comparado com o que você viu em outros países", disse ele a jornalistas após uma conferência econômica.

O dólar, que estava em torno de 1,55 real em meados de 2011, quando o real estava fortemente valorizado, chegou a subir para 2,45 reais no final do mês passado em meio às perspectivas de menos estímulo dos Estados Unidos e à deterioração dos fundamentos econômicos do Brasil, o que afetou o apetite dos investidores por risco.

Barbosa afirmou que Dilma está tentando impulsionar a competitividade industrial através da promoção do investimento em infraestrutura e educação, mas reconheceu que tal estratégia só renderá frutos no médio a longo prazo.

No curto prazo, disse ele, o governo só tem duas opções para reduzir os crescentes custos trabalhistas do Brasil: ou eleva o desemprego e sacrifica o crescimento econômico como a Europa está fazendo; ou enfraquece o real para reduzir os salários reais em moeda estrangeira.

"O Brasil escolheu a alternativa do crescimento", disse Barbosa na conferência econômica. "Qual o problema com essa estratégia? Leva algum tempo para funcionar. Pode não ser rápido o suficiente para ajustar os custos trabalhistas no ritmo que o balanço de pagamentos precisa."

Embora reconheça que um real mais fraco é necessário para sustentar a economia, Barbosa disse que o governo deveria manter seu regime de câmbio flutuante, evitando uma forte alta do dólar que alimentaria a inflação, mas também "resistindo à tentação" de fortalecer demais o real para cumprir a meta de inflação do país.

Fonte: Reuters Brasil

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Em NY, investidores mostram dúvidas sobre solidez de projetos de infraestrutura

A presença de cerca de 300 investidores internacionais em um seminário sobre projetos de infraestrutura no Brasil realizado nesta quarta-feira, em Nova York, demonstrou não apenas o grande interesse despertado pelas oportunidades de investimento no país, mas também as dúvidas que ainda pairam entre os estrangeiros.
Entre investidores americanos, canadenses e europeus que lotaram o centro de conferências do banco Goldman Sachs para ouvir o que as autoridades brasileiras tinham a dizer no seminário "Oportunidades em Infraestrutura no Brasil", houve muitas perguntas sobre os possíveis riscos de se investir em infraestrutura, sobre regulação, definição das regras, a situação geral da economia no país e até o futuro do grupo OGX, petrolífera do empresário Eike Batista.
Em resposta, a presidente Dilma Rousseff – que encerrou o evento –, os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e os presidentes do Banco Central, Alexandre Tombini, e do BNDES, Luciano Coutinho, repetiram que o programa de concessões tem regras claras e bem definidas e que o Brasil tem tradição de cumprir contratos.

"Oportunidade"
Mantega, que já havia se encontrado com investidores no dia anterior, repetiu que o Brasil representa uma das únicas oportunidades no mundo de investimento "sólido e rentável".
Questionado por jornalistas sobre o aparente clima de incerteza entre os investidores, apesar do interesse demonstrado em relação ao Brasil, Mantega disse que as preocupações não são específicas sobre o país.
"Há um clima de incerteza sobre a economia mundial. Isso coloca os investidores em alerta", disse o ministro.
"Claro que querem ter certeza de que as regras não serão mudadas", afirmou.
Os esforços das autoridades brasileiras para atrair investidores estrangeiros ocorrem dias após confirmada a procura abaixo do previsto de interessados em participar de leilões de concessão de rodovias e do pré-sal.
No caso das rodovias, não houve interessados pelo trecho da BR-262 entre Viana (ES) e João Monlevade (MG). No caso do pré-sal, grandes empresas do setor, como a Exxon Mobil e a BP, decidiram não participar do leilão do campo de Libra, que será realizado no mês que vem.
Segundo Mantega, No caso das rodovias, não se trata de um problema no modelo, e sim na escolha da via.
O ministro reafirmou que já no próximo mês uma nova rodovia será oferecida e que haverá "melhoria de atratividade" nos próximos leilões.

Relações bilaterais
Um dia após o discurso duro da presidente na Assembleia Geral da ONU, condenando as ações de espionagem dos EUA no Brasil, Mantega disse que o atual momento de tensão entre os dois países não prejudica as relações comerciais e financeiras.
"Estas vão muito bem", disse. "A presença financeira e econômica dos EUA (no Brasil) só tende a aumentar."
Os leilões de concessão de rodovias integram o Programa de Investimentos em Logística, que pretende dar fôlego à economia brasileira ao atrair R$ 240 bilhões para a construção de estradas, ferrovias, portos e aeroportos no Brasil.
As autoridades brasileiras reforçaram que o Brasil não possuiu recursos financeiros suficientes para dar conta de todos os projetos.
"Estamos contando com os bancos privados, sejam nacionais ou estrangeiros, para participar do financiamento desses projetos", disse Mantega.

Locomotiva
Durante o seminário em Nova York, promovido pelo Goldman Sachs, pelo jornal Metro e pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, os brasileiros se empenharam também em demonstrar a solidez da economia brasileira.
Mantega disse que o Brasil chegará a 2014 com bom crescimento econômico.
"Este ano, o que esta determinando o crescimento da economia é o investimento. E será importante que todas essas concessões venham reforçar este investimento que já esta ocorrendo, de modo que o investimento seja a locomotiva do crescimento brasileiro nos próximos anos", disse.
Segundo o ministro da Fazenda, embora Brasil tenha sido afetado pela turbulência internacional, tem situação mais resiliente do que outros emergentes.
A avaliação parece ser compartilhada por investidores.
Um relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Bank of America e pelo banco de investimentos Merrill Lynch afirma há uma mudança de humor entre investidores europeus em relação ao Brasil.
Segundo a análise do banco, feita após visitas a investidores na Europa na semana passada, a expectativa de um cenário de baixo crescimento para o país nos próximos anos já foi "digerida".
Há ainda a percepção de que as condições em outros mercados emergentes sofreram deterioração mais forte do que no Brasil.

Fonte: BBC Brasil