Com sete novas plataformas em operação, Petrobras quer reverter três anos de queda
Rio de Janeiro - Com o início das operações de sete plataformas ao longo de 2014, a Petrobras espera reverter a curva de queda na produção nacional de petróleo, que perdura há três anos. Apenas no primeiro semestre, a expectativa da estatal é adicionar uma capacidade de 500 mil barris por dia, por meio de três novas unidades. No apagar das luzes de 2013, a companhia iniciou as atividades da P-55, no campo de Roncador, que também contribuirá como incremento da produção ao longo de 2014. Para analistas, o Brasil deve fechar o ano com alta no volume de petróleo produzido pela primeira vez desde 2011.
O setor teve peso significativo no resultado da balança comercial em 2013, contribuindo com um déficit de R$ 20,27 bilhões no ano, segundo dados divulgados na quinta-feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). O número é quatro vezes maior do que o déficit registrado pelo setor um ano antes e é explicado pela combinação de crescimento do consumo com a queda na produção provocada pelo atraso no início das operações de novas plataformas e por paradas para manutenção em unidades existentes.
"O ano de 2014 pode ser um ponto de inflexão. Se, por um lado, as paradas vão continuar, por outro, há a perspectiva de entrada de novas unidades. O saldo líquido deve ser positivo", diz o analista-chefe da Ativa Corretora, Marcelo Torto. A Petrobras não informou quanto espera produzir este ano, mas o Plano de Negócios e Gestão 2013-2017, divulgado no ano passado, aponta para algo em torno dos 2,3 milhões de barris por dia. Em novembro de 2013, último dado disponível, a empresa atingiu a marca de 1,957 milhão de barris por dia produzidos em suas operações no Brasil.
O Plano de Negócios e Gestão fala em fechar 2013 com um volume em torno dos 2 milhões de barris por dia, equivalente ao registrado no ano anterior. O volume final ainda não foi divulgado.
O primeiro reforço para a produção deste ano começou a operar no último dia de 2013. Com capacidade para produzir 180 mil barris por dia, a plataforma P-55 já está extraindo petróleo do campo de Roncador, hoje o maior produtor nacional. A unidade ainda está sendo interligada aos poços produtores e terá sua curva de produção ampliada nos próximos meses. Nos últimos dias, deixaram os estaleiros Brasfels e Atlântico Sul, rumo aos campos de Papa Terra e Roncador, as plataformas P-61 e P-62. A primeira vai operar em conjunto com a P-63 em um sistema capaz de produzir 140 mil barris por dia, com início de operações previsto para o segundo trimestre.
Com capacidade de 180 mil barris por dia, a P-62 deve começar a produzir também no segundo trimestre. Antes, no primeiro trimestre, a estatal inicia as operações da P-58, na província conhecida como Parque das Baleias, no Espírito Santo, que tem reservas do pré-sal. Para o final do ano, duas novas unidades serão instaladas no pré-sal, desta vez na Bacia de Santos: Cidade de Ilhabela e Cidade de Mangaratiba, nos campos de Sapinhoá Norte e Iracema Sul. Nos dois casos, o primeiro óleo está previsto para o quarto trimestre de 2014.
Três das unidades previstas para este ano deveriam ter iniciado as operações em 2013, segundo o Plano de Negócios e Gestão, mas sofreram atrasos. Dificuldades na conclusão das obras em plataformas têm sido uma das causas para o mau desempenho da produção nacional de petróleo, que chegou a superar o consumo em 2006, batendo a casa dos 2,1 milhões de barris por dia em 2011, mas vem caindo desde então, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A Petrobras é responsável por 91% do volume extraído no Brasil, incluindo os campos onde tem parceria com empresas privadas.
De acordo com as projeções da estatal, sua produção de petróleo começará a crescer em ritmo mais acelerado a partir de 2016, quando está prevista a entrada de sete plataformas do pré-sal da Bacia de Santos. A companhia espera chegar a 2020 com um volume de 4,2 milhões de barris por dia, dobrando a produção no período.
A dificuldade em ampliar a produção no curto prazo, aliada à defasagem nos preços internos dos combustíveis, é apontada por analistas como uma das principais razões para o mau desempenho da empresa em bolsa de valores nos últimos anos. Em 2013, foram poucas as vezes que as ações da Petrobras ultrapassaram a barreira dos R$ 20. No ano, os papéis acumularam queda de 9,68%.
Esforço para frear declínio do maior produtor
Maior produtor nacional de petróleo, com uma média de 289 mil barris por dia em outubro, o campo de Roncador, na Bacia de Campos, vai garantir a manutenção dos níveis de produção nacional enquanto o pré-sal não deslancha. A área recebe este ano duas novas plataformas - uma delas já instalada e outra a caminho, com capacidade de 180 mil barris por dia, cada.
Descoberto em 1996 e com início de operações em fase de piloto em 2001, Roncador substituiu o campo de Marlim, na mesma bacia, como principal supridor de petróleo do país. O campo já vem apresentando declínio - em 2010, chegou a produzir 360 mil barris por dia - mas deve recuperar maiores volumes com as duas novas unidades que serão instaladas este ano.
Fonte: Brasil Econômico
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