Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Draghi é mais enfático que o usual ao dizer que BCE vai agir se necessário

O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, usou uma linguagem surpreendentemente forte para frisar que a instituição vai manter uma política de afrouxamento pelo tempo que for necessário. Ontem, o BCE manteve inalterada a sua taxa básica de juros, que está no nível mais baixo da história.

Draghi disse que o BCE está pronto para tomar novas medidas para evitar que uma inflação demasiadamente baixa tire dos trilhos a frágil recuperação econômica da Europa.

"Continuamos determinados a manter um alto nível de acomodação monetária e a adotar novas medidas decisivas caso necessário", disse Draghi na sua entrevista coletiva mensal, embora tenha acrescentado que, por hora, o conselho do BCE não vê necessidade de uma ação imediata.

Draghi disse que "os riscos de inflação estão bastante equilibrados no médio prazo". "Não vemos deflação", acrescentou. "Nós não estamos num cenário japonês."
Draghi afirmou em termos claros que um agravamento do cenário de médio prazo para a inflação ou um aperto não justificado nas taxas do mercado monetário, ou nas taxas de empréstimos interbancários, poderia levar o BCE a agir.

"Todos os instrumentos permitidos pelo tratado seriam elegíveis. Deixe-me deixar este ponto bem claro", acrescentou.

O euro se desvalorizou em relação a algumas das principais moedas depois que Draghi prometeu uma "ação decisiva". A moeda europeia caiu 0,6% ante o dólar, para o menor valor dos últimos 30 dias, US$ 1,3548, e também deslizou para o menor patamar dos últimos 12 meses em relação à libra, 0,8232 libra.

Na entrevista coletiva, Draghi enumerou uma série de melhoras nos mercados financeiros nas últimas semanas, incluindo melhoras em pesquisas e indicadores de confiança em dezembro, que reforçam a afirmação do BCE de que a economia da zona do euro está se recuperando gradualmente.

Ele também reiterou "firmemente" o "direcionamento futuro" do BCE de manutenção das taxas de juros nos níveis atuais ou mais baixos por "um longo período de tempo".

"O conselho enfatiza fortemente que vai manter uma postura acomodatícia de política monetária pelo tempo que for necessário, a qual vai ajudar a recuperação econômica na zona do euro", disse Draghi, adotando uma linguagem mais forte que a usual.

O banco central manteve sua taxa básica de juros, que é usada nos seus empréstimos regulares aos bancos comerciais, em 0,25% ao ano, como esperavam os analistas. Ele também manteve nula a taxa com que remunera os depósitos overnight dos bancos.

O Banco da Inglaterra também manteve suas taxas no mesmo nível ontem, em 0,5% ao ano.

A inflação anual na zona do euro atingiu 0,8% em dezembro, bem menor que a meta do BCE de pouco abaixo de 2%, mas maior que a de outubro, que ficou em 0,7% e acabou incentivando o BCE a cortar os juros em novembro. Enquanto isso, o crescimento anualizado do produto interno bruto da zona do euro foi de apenas 0,4% no terceiro trimestre do ano passado e a taxa de desemprego está perto de seu nível máximo desde a criação do euro, em 12,1%.

Relatórios econômicos recentes têm, de fato, aliviado a pressão para que o BCE tome alguma ação imediata. A produção industrial na Alemanha, a maior economia do bloco, saltou 1,9% em novembro, compensando uma queda de 1,2% em outubro, informou ontem o Ministério da Economia do país.

As vendas no varejo da zona do euro também cresceram 1,4% em novembro comparado com outubro, enquanto em dezembro o sentimento econômico em toda a região atingiu o maior nível em dois anos, com todos os setores apresentando melhoras, segundo dados publicados ontem pela Comissão Europeia. Os dados indicam que o PIB cresceu no quarto trimestre, embora a um ritmo lento, reforçando a estimativa do BCE de uma melhora econômica gradual.

Além disso, o euro perdeu terreno em relação ao dólar nas últimas semanas, após a decisão do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, de começar a reduzir seu programa de compras mensais de ativos, concebido para estimular a economia. Isso deve empurrar as exportações da zona do euro e os preços ao consumidor nos próximos meses.

O BCE espera que a inflação na zona do euro seja de 1,1% neste ano e de 1,3% em 2015. A meta da instituição no médio prazo é de uma inflação pouco abaixo de 2%. As previsões para 2015 indicam que um "longo período" de juros ultrabaixos — que não foram especificados — deve continuar pelo menos até 2015. Já o crescimento econômico deve acelerar gradualmente e alcançar 1,5% no ano que vem, segundo o BCE.

Fonte: The Wall Street Journal

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